Lipoaspiração UGraft injeta gordura para deixar abdome definido; há riscos?

Com a evolução da tecnologia, sempre surgem novidades no universo das cirurgias plásticas. A lipoaspiração UGraft é uma delas. A técnica, que tem cerca de três anos, faz uso do ultrassom para injetar gordura dentro do músculo abdominal, tornando-o mais torneado e definido.

Eslovênia, ex-BBB, se rendeu a esse modelo de lipo e o TikTok está cheio de cirurgiões falando sobre ela. Mas será que vale a pena?

"A técnica se tornou possível por causa do uso do ultrassom, por isso o 'U' em seu nome", explica o cirurgião plástico Leandro Faustino. O procedimento inteiro pode levar até seis horas —o dobro do tempo de uma lipoaspiração tradicional.

Para fazê-lo, o médico precisa:

Retirar a gordura do corpo: isso pode ser feito nas partes onde a paciente está mais incomodada, como abdome, cintura, costas ou braços;

Tratar a gordura: o que for retirado precisa ser processado para entrar no corpo novamente de forma mais pura. O médico tem, no máximo, 30 minutos para finalizar o tratamento e fazer a inserção de gordura no corpo com segurança;

Usar o ultrassom: com a ajuda do aparelho, o cirurgião analisa qual o melhor lugar para essa gordura ser reaplicada no corpo do paciente, para tornar os músculos mais torneados.

Segundo Faustino, o uso de gordura para definição muscular é feito desde 2007, com a tradicional lipo HD.

A diferença é que, além dessa técnica ser desenvolvida especificamente para os músculos abdominais, ela usa o ultrassom para achar o local ideal de aplicação da gordura.

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"Isso é algo que está se expandindo e tem benefício estético", diz Faustino. Mas ele alerta que há, sim, riscos. "No início, o principal risco que se temia era que a gordura migrasse do músculo e causasse uma embolia. Mas isso está sendo estudado para que aumente a segurança e não ocorra."

O cirurgião plástico Alexandre Kataoka, coordenador da Câmara Técnica do CRM -SP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e perito do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo, enxerga muito mais riscos do que benefícios na técnica.

"Não há evidências de segurança. Em 2016, a Sociedade Americana de Cirurgia Plástica lançou um alerta mundial sobre os riscos de injeção de gordura intramuscular, devido a riscos de problemas tromboembólicos", ressalta Kataoka. Segundo ele, esse alerta aconteceu devido à quantidade de mortes entre 2015 e 2016 decorrentes de cirurgias de enxertia de gordura nos glúteos.

O que pode acontecer é que pequenos pedaços de gordura podem se desprender do vaso sanguíneo e atingir outros órgãos, como o pulmão ou o cérebro, causando uma obstrução do fluxo do sangue. Isso pode levar a problemas de trombose, embolia pulmonar e AVC.

Kataoka afirma que não se sente confortável em realizar a técnica UGraft devido a essa falta de segurança. "Os médicos que a fazem não estão agindo errado, mas estão assumindo um risco. A parede abdominal é fina. Quem garante que a gordura não vai migrar para os órgãos? Existem riscos grandes", alerta.

O tipo certo para você

Apesar da grande oferta de opções nas redes sociais, escolher o tipo de cirurgia ideal para você vai muito além de uma vontade própria. É preciso que um médico entenda suas necessidades.

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"O paciente precisa estar ciente daquilo que o incomoda e do que ele espera da cirurgia. E passar por várias consultas e profissionais, até descobrir aquele que passa mais confiança", diz Faustino.

Já Kataoka reforça a importância de não se deixar influenciar sobre a capacidade do profissional por publicações encontradas online. "O paciente deve escolher seu médico após muita pesquisa. E, se possível, conhecer pacientes reais desse profissional. Nunca somente por fotos ou publicações de redes sociais. Isso é furada", diz.

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