Alergia a esperma não é ficção! Saiba como é essa hipersensibilidade

Quem pensa que alergia a esperma é mito ou mera piada de mau gosto, engana-se redondamente: apesar de pouco frequente, ela existe. Infelizmente, justamente na hora do sexo - ainda que soe exótico a princípio, para os alérgicos não é nada engraçado.

Embora a maioria das alérgicas seja mulheres, homens também desenvolvem alergia a sêmen. Nessas pessoas, o contato do líquido com a pele provoca inflamação, vermelhidão, urticária e erupções cutâneas por todo o corpo, podendo até evoluir para diarreia e vômito.

Contudo, assim como na alergia a vespas e abelhas, há risco de vida se as vias respiratórias se inflamam, impedindo o fluxo de ar. O sistema cardiovascular reage, resultando em dispneia e desmaio, e os casos mais extremos podem redundar até mesmo num choque anafilático fatal. No fundo, trata-se de sintomas relativamente típicos de alergia.

Mudar de parceiro não adianta

Os pacientes não reagem ao esperma em si, mas ao líquido que contém os espermatozoides, o assim chamado plasma seminal. Em princípio, seu sistema imunológico se comporta como no caso da febre do feno: ele detecta como patógeno uma substância na verdade inofensiva, desencadeando uma violenta hiperreação.

Na febre do feno, as responsáveis são determinadas proteínas do pólen. Já no caso da alergia a esperma, durante muito tempo o agente desencadeador permaneceu não identificado. Só alguns anos atrás o dermatologista e alergista Johannes Ring. Ring e sua equipe identificaram a proteína responsável: o antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês), produzido pela próstata.

Como o PSA está presente no esperma de todo homem, trocar de parceiro sexual não é solução: a alergia não é específica de determinados indivíduos. Por outro lado, aparentemente trata-se de uma reação imunológica muito rara, só tendo sido documentados cem casos em todo o mundo, desde 1958.

Conceito impreciso, mas problema é contornável

Cerca de metade dos casos também envolve outras alergias. Além disso, existe um grande número de casos não registrados, pois muitas pessoas acham constrangedor sequer mencionar o problema. Ainda assim, desde 2005 os registros se acumulam, e há dados indicando que só nos Estados Unidos haveria entre 20 mil e 40 mil portadores da alergia ao esperma.

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Uma forma segura de contornar o problema é o uso de preservativos durante a relação sexual. A coisa complica, porém, se há vontade de ter filhos. Mas, se os sintomas forem leves, basta a ingestão de medicamentos antialérgicos antes do sexo. Outra possibilidade é uma terapia de hipossensibilização, que torna o corpo tolerante ao alergênico.

Como as mulheres alérgicas ao sêmen não são estéreis, a inseminação artificial com espermatozoides "lavados" também é uma opção. Mas, no fim das contas, o tema ainda necessita muita pesquisa.

Fontes:

  • Jean-Pierre Allam, alergista e andrologista da clínica da Universidade de Bonn
  • Johannes Ring. Coceira, dermatologista e alergista

*Com matéria publicada em 01/08/2016

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