10 mudanças que acontecem na sua vagina quando você passa dos 30 anos
Marcelo Testoni
Colaboração para VivaBem
11/10/2023 04h05
A partir dos 30 anos, a vagina começa a envelhecer e esse processo é gradual, em decorrência de uma série de mudanças no organismo, incluindo hormonais. Depois, dos 40 aos 50 anos e em diante, essas e outras mudanças se intensificam, como reduções de colágeno e lubrificação, perda de tônus dos tecidos, maior ocorrência de infecções geniturinárias e frequência urinária.
Daí a importância de toda mulher, mesmo passada a menopausa, visitar, pelo menos uma vez ao ano, seu médico, que pode lhe ajudar com orientações, indicação de exames preventivos, tratamentos de doenças e das muitas condições que afetam a vagina listadas a seguir:
1. Aumento de ressecamento
Próximo dos 45 anos vem a menopausa, que, entre muitas mudanças, causa diminuição da lubrificação da vagina. Isso tem a ver com a redução da concentração de hormônios, sendo o principal o estrogênio, responsável por manter as mucosas do canal íntimo umidificados. Como consequência, fazer sexo, bem como alguns exames ginecológicos, pode incomodar bastante.
Como lidar: Não é preciso parar com sexo e exames. Para reduzir atritos, use lubrificante, que ajuda a manter a umidade local. Veja ainda com o médico se vale fazer reposição hormonal.
2. Embranquecimento dos pelos
Chamado canície, esse processo, que também atinge os cabelos e outros pelos do corpo, tende a se manifestar na meia e na terceira idades, mas, em alguns casos, ainda precocemente, por entre os 20 e 35 anos. Quando relacionado ao envelhecimento, é explicado pela degeneração e perda dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção do pigmento melanina.
Como lidar: A região pubiana é muito sensível a irritações, portanto cuidado com depilação e tintura, que também não deve ser a mesma usada no cabelo. Para tentar frear os fios brancos, controle estresse, cigarro, repense a alimentação e hábitos de vida e visite um dermatologista.
3. Frouxidão dos grandes lábios
A partir dos 30 anos, o corpo começa a perder elastina e colágeno, proteínas responsáveis pela elasticidade e firmeza dos tecidos. Na vagina, a repercussão disso é maior nos grandes lábios (dobras de pele existentes na vulva, a parte externa do aparelho genital feminino), que podem ficar mais flácidos, e à medida que a mulher envelhece, tem filhos, a frouxidão aumenta mais.
Como lidar: A flacidez não é tão evidente quando se está de peças íntimas ou de banho, mas se incomoda, afeta autoestima, existem procedimentos estéticos para reduzi-la e firmar os lábios.
4. Escurecimento dos pequenos lábios
Outra mudança comum das alterações hormonais e do envelhecimento é o escurecimento, às vezes associado a um aumento de tamanho, dos pequenos lábios, que ficam na parte interna da vulva, onde protegem a abertura da vagina e uretra. Mas é preciso observar. Outras causas incluem atrito entre a região genital e calcinhas e absorventes, dermatite de contato e fungos.
Como lidar: Existem cremes e medicamentos que ajudam a clarear um pouco os pequenos lábios. Mas, para resultados efetivos, são indicados tratamentos com laser ou cirurgia redutora.
5. Redução do número de pelos
Os pelos, que na juventude cresciam com facilidade e eram espessos, com os anos, além de perderem a cor, também afinam e passam a ocupar bem menos a região pubiana e genital. O que está por trás desse fenômeno é o aumento da testosterona (hormônio sexual também presente na mulher e que predispõe queda de cabelo), em razão da diminuição do estrogênio.
Como lidar: Se a redução e queda dos pelos incluir ainda os do couro cabeludo, pode se recorrer à reposição hormonal ou a tratamentos para reduzir, ou retardar esse processo.
6. Diminuição da elasticidade
Dos 40 aos 50 anos em diante, a baixa acentuada nos níveis de estrogênio, em decorrência da pré e da pós-menopausa, ainda predispõe perda da elasticidade dos tecidos vulvar e vaginal, dificultando o sexo e gerando inflamações locais, além de sintomas incômodos, que vão desde dor gênito-pélvica durante a penetração a coceira, ressecamento e diminuição de espessura.
Como lidar: Mantendo-se sexualmente ativa (seja com a penetração peniana ou do vibrador), porque o sexo aumenta a circulação na vagina e estimula sua umidade; praticando exercícios pélvicos; usando lubrificadores e dilatadores intravaginais; ou ainda recorrendo a tratamentos.
7. Atrofia dos tecidos íntimos
Com a perda de elasticidade do tecido vaginal, ainda ocorre nele uma atrofia. Ou seja, os tecidos íntimos ficam mais finos e frágeis. Aproximadamente 40% das mulheres na pós-menopausa apresentam essa condição, que facilita fissuras e, assim, acaba influenciada pela formação de cicatrizes na vulva e na entrada da vagina, reduzindo o diâmetro de suas paredes.
Como lidar: Quanto mais precocemente for detectada a atrofia vaginal, melhor, pela chance de sucesso dos tratamentos. São alguns deles: medicação hormonal oral, ou local; hidratantes, lubrificantes; laser vaginal —similar aos que são usados para rejuvenescimento facial e corporal.
8. Flacidez da musculatura
O parto pode causar modificações profundas na musculatura vaginal, entretanto essa mudança vai depender da quantidade de filhos e das condições físicas de cada mulher. De qualquer maneira, o processo natural de envelhecimento é responsável por um afrouxamento nessa musculatura, o que pode ainda levar à perda de urina involuntária (incontinência urinária).
Como lidar: Exercícios específicos ajudam a reforçar a musculatura do assoalho pélvico e a evitar a incontinência urinária, que ainda pode ser tratada com fisioterapia e medicamentos.
9. Alterações na sensibilidade
Com a transição hormonal e a diminuição dos níveis de estrogênio no organismo, a sensibilidade e a vascularização da vagina também podem ser afetadas, resultando em orgasmos mais intensos para algumas, enquanto para outras uma redução na sua intensidade. Dores, com ou sem prazer, durante o sexo também costumam ser queixas corriqueiras.
Como lidar: Fisioterapia do assoalho pélvico, com exercícios de relaxamento da musculatura com biofeedback, combinada com psicoterapia e, havendo indicação, reposição hormonal.
10. Maior recorrência de infecções
O afinamento e a atrofia da barreira tecidual protetora da vagina somados a outra alteração decorrente do envelhecimento, a do pH da região íntima, que se torna mais ácido, aumenta a incidência de infecções genitais e urinárias, pois ocorre um boom na multiplicação de bactérias ruins e fungos. Isso faz com que a mulher sinta dor e vontade urgente e frequente de urinar.
Como cuidar: A terapia com estrogênio vaginal pode aumentar as bactérias úteis e reduzir o número de infecções de repetição na menopausa, além de melhorar a secura vaginal.
Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, médico associado à Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); Natan?Chehter, geriatra membro da?SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e do Hospital Estadual Mário Covas (SP); e Simone Carvalho, coordenadora de ginecologia e obstetrícia do Hospital Esperança, no Recife.