Inflar demais o pulmão é perigoso? 5 mitos e verdades sobre a respiração
A respiração é um movimento tão natural que a gente nem percebe que está fazendo. Mas você sabia que existe um jeito de inspirar e expirar que é considerado mais correto e eficiente do que outros?
O segredo de uma boa respiração está em usar principalmente o diafragma e o abdome, ao invés do peito. "O grande ponto da história é começar a prestar atenção na nossa respiração e fazer com que o ar não saia mais do tórax, mas, sim, do abdome", resumiu o psiquiatra Luiz Carlos Sampaio, no terceiro episódio da 9ª temporada do Conexão VivaBem.
De acordo com Sampaio, a maioria dos adultos respira de forma superficial, usando principalmente o peito, ao contrário do que fazem os bebês.
Se você reparar em um bebê respirando, vai ver que a barriguinha dele sobe e desce, numa respiração profunda. Esse é o jeito certo de respirar: aquele em que você respira com o seu abdome. Luiz Carlos Sampaio, psiquiatra.
Mas será que inflar demais o pulmão pode ser perigoso? E é verdade que respirar bem ajuda a dormir melhor? Veja abaixo as respostas para cinco dúvidas comuns sobre a respiração.
1. Respiração curta e rápida é prejudicial para nossa saúde?
"Sim, pode ser", afirmou Sampaio.
Segundo o psiquiatra, respirar de forma superficial pode ter impactos diretos na saúde física e mental, como já mostraram vários estudos.
Isso pode resultar em sensação de cansaço, dificuldade de concentração e um aumento nos níveis de estresse e ansiedade, por exemplo. Já quando respiramos com o diafragma —um músculo localizado horizontalmente entre o tórax e o abdome—, em vez de movimentar o peito, mais oxigênio entra em nosso corpo.
O resultado, entre outros, é que isso envia mensagens ao cérebro que ajudam a nos manter em um estado mais relaxado, o que pode diminuir os níveis de ansiedade, explicou Sampaio.
A respiração diafragmática é o contrário do que estamos acostumados a fazer. Perceba que, quando você inspira (puxa o ar), o abdome geralmente desce e, quando expira (solta o ar), ele sobe.
No movimento correto, porém, o ar entra nos pulmões, o peito não sobe e a barriga se expande durante a inspiração. O médico explica como ela deve ser:
Inspire lentamente pelo nariz, sinta o ar encher o pulmão e empurre o abdome para fora, como se estivesse enchendo uma bexiga que está dentro de sua barriga;
Em seguida, segure a respiração por alguns segundos e expire lentamente. Enquanto esvazia o pulmão, você vai perceber seu abdome baixando.
"Todo o trabalho é feito com a musculatura do abdome, que é melhor do que a musculatura torácica", explicou Sampaio.
2. Respiração saudável é sempre silenciosa?
Não necessariamente. É verdade que a respiração barulhenta pode ser indício de algumas doenças, como a bissinose e a laringomalácia, mas esses problemas geralmente também são acompanhados de outros sintomas respiratórios.
Nem todo ruído ao respirar é um mau sinal. "A respiração de quem pratica artes marciais, por exemplo, é bem ruidosa, você solta o ar a todo vapor, ela é ruidosa", exemplificou Sampaio.
3. Boa respiração ajuda a dormir melhor?
Sim. "Até porque tem gente que sofre com apneia do sono, com problemas na respiração, e usa aparelhos como cpap e consegue dormir melhor", comentou a apresentadora Mariana Ferrão.
Uma pesquisa mostrou que participantes que conseguiram reduzir seu ritmo de respiração caíram no sono em média 20 minutos mais cedo e dormiram melhor, acordando menos durante a noite.
Isso porque a respiração lenta muda a química do cérebro, acalma o corpo e até diminui os batimentos cardíacos.
4. Respirar corretamente traz benefícios para o sistema digestório?
Sim. Sampaio explicou que a respiração abdominal é como se fosse uma "massagem interna" no sistema digestório.
"Com isso, você consegue melhorar todo o funcionamento do seu intestino e aumenta os movimentos peristálticos do intestino".
5. Inflar demais ou pulmão na respiração pode ser perigoso?
Mito. No entanto, o médico destacou que a nossa capacidade respiratória é controlada tanto pela expansão como pelo ritmo. Por isso, é importante manter um bom ritmo respiratório, assim como esvaziar o pulmão, "jogando fora" o ar residual.
"Se esse ar residual for ficando lá, ele vai minando os seus alvéolos pulmonares [estruturas responsáveis pelo fluxo de ar nos pulmões]", disse Sampaio. Segundo o médico, os espaços criados pelo ar residual podem se tornar um "ninho" para o crescimento de bactérias, aumentando o risco de infecções a longo prazo.
"Tirar o ar velho é tão importante quando colocar ar novo", afirmou o médico.
O especialista sugere que o tempo de inspiração seja a metade do tempo dedicado a expirar o ar. "Se você inspira em dois tempos, tem que expirar em quatro tempos, por exemplo".
"A expiração tem que ser mais longa para você esvaziar o seu pulmão, se não a respiração vai ficando superficial e, quanto mais ar residual fica lá dentro, mais dificuldade você vai ter de receber mais ar".
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