'Senti uma peruca cair do meu cabelo', diz Claudia Raia sobre pós-parto
Do VivaBem, em São Paulo
17/10/2023 17h00
Quando o bebê Luca agarra os cabelos de Claudia Raia, ela brinca dizendo a ele: "meu filho, pelo amor de Deus, deixe os fios que ainda estão aí". A atriz de 56 anos perdeu tufos de cabelo depois do nascimento do caçula de sete meses, uma situação comum em mulheres no pós-parto e que pode ter sido mais intensa em seu caso devido aos efeitos da menopausa que ela já vivia antes da gravidez.
"Depois de três meses que o Luca tinha nascido, comecei a sentir uma peruca caindo do meu cabelo a cada vez que eu escovava ou lavava os fios", contou Claudia à apresentadora Mariana Ferrão, no terceiro episódio da 9ª temporada do Conexão VivaBem.
A perda de fios após o nascimento de um bebê é chamada de eflúvio telógeno e costuma ser intensa, mas a boa notícia é que a condição não dura para sempre e tem tratamento.
É um tema que ninguém fala muito. Às vezes até por falta de informação, as mulheres começam a sentir a queda de cabelo e não percebem que é por causa do pós-parto e que isso faz parte e que tem tratamento. Você tem que procurar um dermatologista pra te ajudar nessa fase, porque isso é muito comum. Claudia Raia
'É muito louco o meu protocolo'
Claudia Raia ficou grávida pela terceira vez aos 55 anos, durante a menopausa, de forma natural e depois de um tratamento com hormônios. Um caso raro, segundo médicos. A mudança dos cabelos foi uma das transformações que ela já tinha percebido quando parou de menstruar.
"Mais do que queda, eu já tinha percebido o afinamento do fio, principalmente nas pontas, então era uma coisa que eu já estava cuidando", contou ela.
Mas a atriz disse que, durante a gravidez de Luca, o cenário se inverteu: seus fios ganharam volume e mais brilho. A queda de cabelo começou por volta dos três meses depois do nascimento do bebê.
"Os antigos dizem que a queda começa quando a criança passa a olhar pra mãe. Claro que é uma simpatia e tal, mas a queda coincide justamente com o período em que a criança passa a enxergar na sua totalidade, não totalmente, mas muito mais do que ela via nos três primeiros meses", brincou.
De acordo com a dermatologista Cristine Carvalho, que também participou do programa, o mito popular não está completamente errado.
De fato, a perda dos fios acontece, em média, três meses após o nascimento do bebê. Mas o motivo é outro: a queda brusca dos hormônios da gravidez, principalmente a progesterona e o estrogênio —os mesmos que mantinham os cabelos grossos e saudáveis durante a gestação.
"A gente vive num equilíbrio hormonal e o nosso cabelo está acostumado com esse equilíbrio hormonal", explicou a médica. "Quando acontece esse desequilíbrio [no pós-parto], o ciclo capilar muda e há uma queda acelerada dos fios".
Segundo Carvalho, todas as mulheres passam por isso no puerpério, mas a percepção da perda dos cabelos pode variar. Condições como a deficiência de ferritina, alterações na tireoide e hormônios como insulina e cortisol também podem piorar a queda dos fios.
Para a médica, o caso de Claudia pode ter sido mais intenso porque seus hormônios femininos já estavam mais baixos antes da gravidez, devido à menopausa. A atriz concorda e brinca: "Por isso eu devo ter percebido [a queda de cabelo] muito menos nas outras gravidezes, porque eu não tinha esse 'a mais' que é a menopausa".
É muito louco o meu protocolo. O meu protocolo é desconhecido ainda. Eu estava na menopausa, engravidei, dei uma pausa na menopausa, vivi tudo isso com os hormônios que nem eram meus mais, meu corpo nem fabricava mais e de repente eu volto pra menopausa. Claudia Raia
"Eu pergunto às vezes para as minhas médicas 'gente, como será que eu vou voltar pra menopausa?'. E elas dizem 'nós não temos nada pra te dizer, porque não temos protocolo disso'".
O que é eflúvio telógeno
É um distúrbio do couro cabeludo caracterizado pela queda intensa do cabelo em vários pontos da cabeça. Pós-parto, estresse, cirurgia, dietas rígidas e até gripe podem ser gatilhos para a condição, que geralmente é temporária.
O que causa o eflúvio telógeno no pós-parto
Mudanças hormonais rápidas após o parto;
Perdas de nutrientes;
Sangramentos;
Estresse emocional.
"O parto é um gatilho na sua totalidade, a gente está falando de um estresse cirúrgico para o corpo e de um estresse mental que pode estimular a queda de cabelo, além da alteração hormonal". Cristine Carvalho, dermatologista.
Como é o tratamento?
Na maioria dos casos, a queda é autolimitada e dura, em geral, de seis até nove meses depois do nascimento do bebê.
Porém, se a situação persistir, é importante procurar um dermatologista para entender o que está acontecendo e, se necessário, começar o tratamento, que pode incluir o uso de medicamentos orais e tópicos.
Claudia Raia diz que sua dermatologista indicou o uso de um xampu para queda, o consumo de algumas vitaminais via oral e o uso de tônicos, além de procedimentos realizados em consultório, incluindo um tratamento com células-tronco.