Aos 82 anos, Pio foi 'campeão' nos 42 km e quer chegar aos 100 correndo
Longe de pensar em aposentadoria e descansar, o contador Pio Espedito de Castro, 82 anos, quer viver até os 100 fazendo o que mais gosta: correr. Esse ano, ele completou uma maratona (42 km) e foi o campeão entre os atletas 80+, mas era o único correndo em sua categoria: "Fico chateado porque cada vez mais é difícil encontrar pessoas da minha idade fazendo alguma atividade física e competindo". A seguir, conheça a história de Pio:
"Comecei a correr aos 16 anos por incentivo de um padre italiano que era professor de educação física na escola em que estudava. Ele era maratonista na Itália e me ensinou as primeiras técnicas da modalidade. Desde então, sempre pratiquei esporte durante a minha vida. No início corria só por hobby, fiz equitação e joguei futebol de campo e de salão por quase três décadas.
Aos 56, abandonei o futebol após quebrar o pé direito e decidi correr com o intuito de competir, estabeleci como primeira meta disputar a São Silvestre de 1997. Minha iniciativa gerou desconfiança e críticas de alguns colegas que disseram: "Vai começar a correr com essa idade?", "Você está velho para correr", "Você não vai conseguir".
Apoio e dicas de amigos
Não dei importância a esses comentários, sabia da minha capacidade e me apoiei em quem acreditava em mim. Peguei dicas com alguns amigos que já corriam, fiz a São Silvestre e dali nasceu a vontade de fazer mais provas e de levar a corrida como um estilo de vida.
No ano seguinte me preparei para correr 42 km. Comprei a revista Contra Relógio, eles tinham uma planilha de treinamento para a Maratona de São Paulo, a qual segui por alguns meses. No dia 4 de abril de 1998, aos 57, fiz a minha primeira maratona em 4 horas e 4 minutos e fiquei em 15º lugar.
Contratei uma assessoria esportiva, passei a ter uma rotina de exercícios e melhorei meu desempenho. Sou competitivo, nunca entro numa corrida apenas para participar, mas sempre para ganhar. Ao total, já corri 42 maratonas, 10 ultramaratonas, fiz 8 provas de corridas com duração de 24 horas, diversas meias-maratonas e ganhei vários troféus.
Único participante 80+
Na última maratona, fui o único participante da minha categoria (80 anos) e competi comigo mesmo. Fico chateado porque cada vez mais é difícil encontrar pessoas da minha idade fazendo alguma atividade física e competindo.
Acredito que existem dois fatores que contribuem para isso. O primeiro é que se o idoso não tem sonhos, objetivos, não faz algo que o motive e o desafie, a tendência é ele ficar desanimado, pensando em doença e desistir das coisas.
O outro ponto é a falta de apoio que muitas vezes vem da própria família que não quer que o idoso se exercite com medo de que ele se machuque, mas dependendo das condições de saúde dele e com orientação profissional é possível.
Nesse sentido, o papel de cônjuges, filhos, netos e amigos é importante para incentivar o idoso a fazer algum esporte que ele se identifique. Aliás, o esporte é fundamental e benéfico para a saúde física e mental de qualquer pessoa, de qualquer idade.
Corrida, musculação e trabalhando
Diariamente acordo 5h, faço 15 minutos de alongamento na cama. Treino das 6h às 7h30, de 4 a 6 dias por semana - em épocas de provas treino em média 4h. Faço musculação na academia do prédio 3 vezes por semana. Às 9h começo a trabalhar no meu escritório de contabilidade.
Procuro manter hábitos saudáveis, não bebo e não fumo mais, durmo de 5 a 6 horas por noite e sigo uma dieta que uma das minhas netas, que é nutricionista, montou para mim. Faço acompanhamento com geriatra e cardiologista e check-up duas vezes por ano. Não tenho nenhum problema de saúde e não tomo remédio.
Aos 82 anos, minha motivação é chegar aos 100 correndo. Atualmente sou o único maratonista do ranking Contra Relógio na categoria masculino 80 anos ou mais. A corrida me traz muitos benefícios, me ajuda a gastar energia, melhora meu raciocínio, me dá tranquilidade e me conecta com outras pessoas. Quando corro me dedico a mim e ao meu bem-estar".
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