Colágeno para pele, articulação e ossos: conheça os tipos e como funcionam

Encontrado em tecidos como pele, cartilagem, músculos e ossos, o colágeno representa cerca de 30% das proteínas do organismo humano e atua nele como uma "cola", mantendo sua elasticidade, resistência e ajudando em processos de cicatrização, regeneração e hidratação.

São dezenas de tipos diferentes, com funções para cada parte do corpo. Os mais comuns são:

Colágeno tipo 1: encontrado em ossos, tendões, na pele e até mesmo na córnea dos olhos. É indicado para redução de linhas de expressão e rugas, além de cuidados com cabelos e unhas.

Colágeno tipo 2: encontrado nas articulações e cartilagens, áreas do corpo onde há maiores pressões, como também discos intervertebrais. Portanto, serviria para proteger tais estruturas.

Colágeno tipo 3: encontrado principalmente no tecido conjuntivo frouxo, que é delicado, flexível e pouco resistente à tração, presente em artérias, órgãos (intestino, pulmões) e nervos.

Colágeno tipo 4: encontrado principalmente nos rins, na cápsula do cristalino ocular e na lâmina basal (estrutura responsável por envolver tecidos diferentes e na seleção do trânsito de moléculas e células no meio extracelular). Tem como principal função a sustentação e a filtração.

Quando não produzido adequadamente pelas células, que tiram proveito da interação entre vitaminas, nutrientes e aminoácidos, o colágeno pode ser suplementado. A partir do colágeno extraído principalmente de subprodutos da indústria da carne e processado, é possível obter:

Colágeno hidrolisado: corresponde à proteína quebrada em várias partículas (peptídeos), facilitando a absorção pelo organismo e permitindo que seus benefícios sejam sentidos mais rapidamente, influenciando a atividade das células de diversas formas (bioativos).

Colágeno parcialmente hidrolisado (gelatina): com partículas parcialmente quebradas e que por reter muita água pode ser usado para melhorar a elasticidade e viscosidade de produtos.

Continua após a publicidade

Colágeno não hidrolisado: não restitui o colágeno perdido, sua absorção é bem mais limitada e visa reduzir a resposta inflamatória e a destruição do colágeno tipo 2 na cartilagem.

Como se perde e quando suplementar?

Imagem
Imagem: iStock/Getty

A partir dos 30 anos e ainda mais após os 50 anos, a produção de colágeno pelo organismo começa a diminuir gradativamente. Cerca de 1% a cada ano.

A perda acaba cursando com aparecimento de rugas, flacidez da pele, desgaste de cartilagens e dor nas articulações.

Paralelamente, é válido ressaltar que outros fatores contribuem para o envelhecimento e a perda de colágeno, como má alimentação, sedentarismo, exposição sem proteção à radiação solar ultravioleta, tabagismo, excesso de álcool e estresse.

Continua após a publicidade

Sem cuidados, praticantes de esportes de alta intensidade e impacto também estão vulneráveis à redução de cartilagem.

Em farmácias e lojas de suplementos existem diversos tipos de colágeno, podendo ser encontrados em cápsulas, gomas ou em pó. Entretanto, a dose e a necessidade do produto devem ser avaliadas e indicadas individualmente por profissionais de saúde, sendo que não há consenso médico a respeito de todos os benefícios divulgados.

Muitas das pesquisas a respeito permanecem inconclusivas, com achados demonstrando boa eficácia para alguns e outros sem demonstrarem tantas diferenças em relação ao uso de placebos. Mas uma coisa é certa, embora possam ser indicados, os colágenos devem ser usados sempre como parte de tratamentos mais amplos.

Colágeno hidrolisado x colágeno não hidrolisado

De acordo com alguns estudos recentes, nacionais e internacionais, a suplementação com colágeno hidrolisado —em que a proteína é quebrada em pequenos pedaços para facilitar sua absorção e a formação de colágenos específicos para cada parte do organismo— pode cursar com melhoras da firmeza, elasticidade, hidratação e cicatrização da pele e na recuperação de cartilagem e de cirurgias ortopédicas.

Já foi constatado ser mais eficaz do que o sulfato de glucosamina, substância utilizada para combater desgastes articulares, em mais de mil mulheres que tinham artrose de joelho. Os bons resultados podem ser obtidos com doses altas, entre 2,5 g e 10 g de colágeno todos os dias, mas aí entra outra questão: sem a devida prescrição, excessos podem causar sobrecargas.

Continua após a publicidade

Agora, o colágeno não hidrolisado, tipo 2, agiria diferente. Não como repositor, mas inibidor de uma enzima pró-inflamação de articulações. Geralmente é utilizado como comprimido de 40 mg e atua junto ao sistema imunológico, protegendo o colágeno presente em cartilagens e articulações acometidas por, por exemplo, artrose, artrite reumatoide e outras doenças.

Mas, de novo, não há consenso científico a respeito e o uso preventivo é bastante questionável. A própria SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia) já publicou, em 2016, que não havia, até então, comprovação científica dos benefícios do colágeno para as articulações.

Estimulando o colágeno no dia a dia

Imagem
Imagem: Getty Images/iStockphoto

De modo geral, o colágeno, para além dos suplementos industrializados, também pode ser encontrado em dermocosméticos tópicos (que contenham ativos como retinol e alfa-hidroxiácidos) e estimulado no organismo por meio de uma alimentação nutritiva, rica em vitamina C, minerais como zinco, ferro e silício, selênio e aliada a outros hábitos saudáveis.

São alimentos que, quando balanceados, estimulam a produção de colágeno:

Continua após a publicidade
  • Grãos, cereais, sementes (quinoa, chia, aveia, soja, ervilha, feijão, grão de bico, lentilha)
  • Carnes e peixes (boi, frango, porco, salmão)
  • Frutas (abacate, laranja, melão, morango, amora, kiwi, mamão, melancia, manga, abacaxi)
  • Folhagens e legumes (espinafre, alface, pimentão, brócolis, couve-flor, cenoura)
  • Azeite, iogurte, leite, ovos

Quanto a alimentos como pé de galinha, mocotó e caldo de ossos, embora sejam bastante nutritivos e ricos em colágeno, não o repõem, por essa ser uma molécula de alto peso, que não consegue ser absorvida assim, no prato. Mas são proteínas que contribuem para sua produção. Só é preciso moderação, devido ao excesso de calorias e os ganhos de peso e colesterol.

Também não adianta muito querer aumentar o aporte de colágeno natural e estar com os micronutrientes em dia se houver um monte de açúcar —inclusive da versão obtida de frutas— na circulação. O excesso de frutose quebra a função da lisina, que é ajudar na formação do colágeno e no fortalecimento dos ossos e músculos e outros tecidos conectivos.

A lição, portanto, é a seguinte: se cuide e consulte um médico para ser examinado, tirar todas as suas dúvidas e receber orientações sobre, eventualmente, qual colágeno é ideal para você.

Fontes: Ana Rita Ribeiro, pesquisadora do Departamento de Engenharia de Alimentos da UFPB (Universidade Federal da Paraíba); Letícia Mendes, nutricionista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP) e pós-graduada pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Lilia Ramos, dermatologista membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); e Patrícia Ferraz, nutricionista, mestre em ciência dos alimentos pela FCF-USP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo).

Referências:

Continua após a publicidade