Manter a beleza não é esconder sinais do tempo: 'O charme vem com a idade'

"A beleza que vem com o tempo" foi o tema do primeiro painel do VivaBem no Seu Tempo, evento realizado na última semana para debater o envelhecimento sem tabus.

Com a participação da apresentadora Ticiane Pinheiro, da modelo, DJ e ilustradora multimídia Marina Dias e da dermatologista Tatiana Gabbi, a roda de conversa moderada pela jornalista Adriana Ferreira Silva abordou, além de beleza, é claro, assuntos como alimentação, maturidade, prática de exercícios, procedimentos estéticos, etarismo, saúde mental e sono.

A jornalista Mariana Ferrão, host do evento, introduziu o bate-papo citando a importância da beleza para os brasileiros —de acordo com uma pesquisa da consultoria britânica Euromonitor International, o Brasil é o quarto país do mundo em número total de vendas no varejo no segmento, perdendo apenas para Estados Unidos, China e Japão— e o protagonismo da geração acima dos 45 anos em ressignificar esse conceito.

Ticiane Pinheiro (à direita), Marina Dias, Tatiana Gabbi e Adriana Ferreira participaram do painel 'A beleza que vem com o tempo'
Ticiane Pinheiro (à direita), Marina Dias, Tatiana Gabbi e Adriana Ferreira participaram do painel 'A beleza que vem com o tempo' Imagem: Mariana Pekin/UOL

Para mostrar como a forma de encarar a beleza está mudando e surgem cada vez mais novos exemplos de mulheres mais velhas incríveis, a moderadora Adriana Ferreira Silva lembrou que a atriz Maggie Smith, de 88 anos, é a estrela da nova campanha da marca espanhola Loewe e que Isabella Rossellini, de 71 anos, está na capa de outubro da edição italiana da revista Vogue, sem retoques.

Ao ser perguntada se acredita que a beleza venha com o tempo, em referência ao nome do painel, Ticiane Pinheiro concordou e contou que não se gostava quando era mais nova, atribuindo sua baixa autoestima à falta de maturidade.

"A partir do momento em que fui amadurecendo, tomando conta da minha vida —especialmente na minha primeira separação—, aí, sim, consegui me aceitar, me sentir uma mulher bonita e me valorizar. Eu acho que hoje me sinto muito mais bonita e bem comigo mesma do que quando era mais jovem."

Sobre ser filha da "Garota de Ipanema" Helô Pinheiro, a apresentadora contou que a mãe passou anos mentindo a idade:

Ticiane Pinheiro contou que passou a se sentir mais bonita com o passar do tempo
Ticiane Pinheiro contou que passou a se sentir mais bonita com o passar do tempo Imagem: Mariana Pekin/UOL
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"Se você ficasse mais velha, você não tinha trabalho, você era descartada. Mas hoje o mundo mudou. Minha mãe assumiu que fez 80 anos, e os trabalhos estão aparecendo. Eu sou muito grata e muito feliz com a trajetória que eu tive até aqui. Como mãe, como pessoa, como profissional. Então, eu não tenho vergonha de nada. Eu tenho só gratidão. Por cada ruga, por cada sinal. É claro que a gente faz um botox aqui e ali...", brincou.

Por outro lado, Ticiane disse nunca ter se sentido pressionada pela beleza da mãe, mas, sim, inspirada. "Desde pequena minha mãe sempre me ensinou a comer saudável, a fazer ginástica, a ter equilíbrio."

A DJ e modelo Marina Dias, no VivaBem No Seu Tempo
A DJ e modelo Marina Dias, no VivaBem No Seu Tempo Imagem: Mariana Pekin/UOL

Para Marina Dias, uma mulher é bonita em todas as idades, mas o charme é construído com o tempo. "Eu acho que o charme de estar segura dentro da própria pele, segura das suas escolhas, segura de se olhar no espelho e aceitar o que você acha bonito e o que você não acha bonito, isso, sim, vem com o tempo. Eu confesso que me acho hoje muito mais interessante do que quando tinha 20 anos."

Pedras no caminho

Nada disso, no entanto, significa que lidar com a passagem do tempo seja o tempo todo um mar de rosas. Filha de fotógrafo e modelo, Marina Dias contou que, ao completar 35 anos, passou um tempo sem fotografar. "Depois, quando vi minha primeira foto, precisei de dois minutos. Para entender que não era mais a mesma Marina que eu via antes. Porque o envelhecimento, você não sente, você vê. O espelho te fala. Eu lembro que esse dia foi quando eu entendi que não era mais só a beleza. Tem que ter realmente uma bagagem. Sua pele muda. Tudo muda. Mas você não é menos bonita por isso."

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A dermatologista Tatiana Gabbi destacou a importância da saúde para a beleza. "Ao perseguir a beleza, não devemos comprometer, de qualquer forma, nossa saúde. Eu acho que tem sempre que ser o inverso, a beleza tem que brotar da saúde."

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Imagem: Mariana Pekin/UOL

Como manter a beleza além do skincare

Já que a beleza após os 45 anos vem sendo cada vez mais reconhecida e o conceito de envelhecer está sendo ressignificado por essa geração, o que as convidadas fazem para se manter belas, além do skincare?

Para Marina Dias, que encara musculação e alimentação balanceada, faz pausas ao longo do dia e se declara uma "chata" quando o assunto é sono, o principal foco é a saúde mental. "Como uma pessoa estressada, que está na correria, vai ter a calma e a tranquilidade de encontrar no meio do seu estresse uma rotina que faça sentido e que a mantenha saudável e bonita? Não tem como."

Ticiane Pinheiro, que diminuiu o ritmo das saídas à noite (uma vez por semana, no máximo), considera os finais de semana sua grande meditação. "Eu não abro mão de estar com a minha família. E eu me desconecto. Eu acho que isso me traz felicidade."

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Imagem: Mariana Pekin/UOL

A passos lentos

Apesar de a geração acima dos 45 anos se manter na ativa, as convidadas concordaram que as mudanças na sociedade ainda são incipientes.

"Eu vejo um começo de diversidade, de não etarismo. Uma coisa que se inicia pelo consumidor. O que está fazendo as marcas olharem para as mulheres mais velhas? Entender que nós somos uma fatia grande do mercado. Somos mais mulheres do que homens nesse país. E o mercado das mulheres consome depois que fica mais velho, comentou Marina Dias.

A mulher de 45 anos não quer comprar o skincare que tem uma menina de 20 anos na propaganda. Acho que isso está sendo o ponto de partida para essa grande mudança Marina Dias, modelo e DJ

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Imagem: Mariana Pekin/UOL
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Efeito Zoom

Gabbi falou ainda sobre os efeitos da pandemia no mercado de beleza e estética. As pessoas passaram tanto tempo olhando para a tela do computador que se dividiram em dois movimentos: um pró-beleza natural e outro totalmente a favor de intervenções, gerando um boom de procedimentos estéticos —segundo a médica, os mais buscados são cirurgia plástica corporal e faciais menos invasivos, mas muita gente ainda quer ter pele de filtro de Instagram, sem quaisquer poros ou manchas.

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Imagem: Mariana Pekin/UOL

"Se a pessoa tem algo que realmente incomoda e que é passível de mudança, que vai dar um aspecto mais harmônico, por que não? Mas temos que entender que a pele é só a primeira coisa que envelhece. Todos os órgãos e tecidos estão envelhecendo também. Então, é uma oportunidade para trazermos uma consciência para o manejo do envelhecimento com estilo de vida. A medicina estética precisa trazer essa camada para o paciente."

Até porque, segundo a dermatologista, a genética tem a ver com uma pequena porção do envelhecimento. "No indivíduo que passa dos 65 anos de idade, ela representa menos de 20% dessa equação. São o estilo de vida e o ambiente que mais contam, o combo sono, alimentação e exercício físico. E eu acrescento o estresse porque, realmente, se você estiver fora de si, não vai conseguir equilibrar o tripé."

VivaBem No Seu Tempo é um evento do UOL que reúne convidados especiais para falar sobre saúde, sexo, menopausa e mudanças na vida após os 45 anos, para que as pessoas possam aproveitar a maturidade da melhor forma possível e envelhecer bem. Confira aqui a cobertura completa do evento e veja todos os painéis deste ano no YouTube de VivaBem.

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