Avisa a vovó: tomar vento após banho quente não faz o rosto paralisar

Provavelmente, você já deve ter ouvido para não tomar vento após um banho quente porque poderia causar uma paralisia em seu rosto. Mas isso não passa de um mito.

A crença existe, possivelmente, porque a paralisia facial pode ser antecedida por um quadro viral, o que pode gerar uma confusão com a ação de tomar vento após o banho.

O vírus da herpes simples, por exemplo, fica latente, "dormindo" em cima do nervo facial. Quando há uma queda de imunidade, como um resfriado por exemplo, há a ativação desse vírus e ele se manifesta no nervo, causando uma inflamação e fazendo o nervo perder sua função momentaneamente.

Variação brusca de temperatura também pode provocar alteração na pressão arterial em decorrência da constrição dos vasos sanguíneos de forma rápida, e também irritação das vias aéreas, causando espirros, ardor na garganta e coriza.

Nosso corpo, no entanto, mantém a temperatura estável mesmo com variações no ambiente. Estruturas chamadas de termorreceptores centrais e periféricos "avisam" o nosso cérebro de que a temperatura está baixa ou alta levando a respostas compensatórias do organismo para manter uma temperatura corporal adequada.

A paralisia facial periférica, ou PFP, é um distúrbio que tem outras causas. Ela é caracterizada pelo enfraquecimento ou paralisia dos músculos de um dos lados do rosto e se instala em virtude de uma reação inflamatória envolvendo o nervo facial (sétimo nervo craniano).

Vários fatores podem causar a PFP, entre eles, doenças infectocontagiosas decorrentes de vírus ou bactérias, estresse e baixa imunidade.

Tipos de paralisias faciais

Há duas principais formas de paralisia do rosto: paralisia facial central —decorrente de um AVC, por exemplo—, e a paralisia facial periférica (paralisia de Bell).

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Paralisia decorrente de AVC: ocorre por uma lesão dos neurônios responsáveis pelos movimentos voluntários do rosto.

Paralisia de Bell: ocorre por uma inflamação do nervo facial, que paralisa os músculos do rosto e pode comprometer todos os movimentos. O paciente apresenta dificuldade para fechar o olho do lado acometido, dificuldade para fazer bico e outras expressões faciais. A boca fica torta com desvio para o lado não paralisado. Pode haver também dores no rosto, dores de cabeça, zumbido no ouvido do lado acometido, salivação em excesso e dificuldade para falar e se alimentar. Fraqueza é temporária na maioria dos casos, com melhora total ou parcial após algumas semanas, mas também pode ser irreversível dependendo da causa.

Fontes: Anna Paula Paranhos, neurologista especialista em doenças neuromusculares, preceptora da residência de neurologia do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco); João Jovino da Silva Neto, otorrinolaringologista, mestre em ciências da saúde e professor de otorrinolaringologia do Centro Universitário Maurício de Nassau, em Pernambuco; Bruno Takegawa, otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade Brasil, do Hospital Oswaldo Cruz e assistente voluntário de ensino no Ambulatório de Otorrinolaringologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

*Com informações de reportagem publicada em 23/06/2021

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