Exercícios aceleram o metabolismo? 11 mitos e verdades para não ter dúvidas
Em algum momento da vida, muito provavelmente você já deve ter falado — ou ouvido alguém dizer — que não emagrece porque "o metabolismo está lento".
Para tentar dar aquele gás, também deve ter consumido algo que ajudaria a acelerá-lo. Mas será que isso realmente funciona? O VivaBem conversou com especialistas e separou 10 mitos e verdades sobre metabolismo.
1) É verdade que dá para "acelerar" o metabolismo com algum alimento?
Mito. Metabolismo é um conjunto de reações químicas que ocorrem no nosso organismo, transformando as moléculas em fontes de energia. Existem alguns alimentos que realmente teriam a capacidade de "acelerá-lo", como os chamados termogênicos. Mas seria necessário consumi-los em grande quantidade para ter algum efeito neste sentido.
Além disso, determinados ingredientes, como o café (que aumenta a frequência cardíaca) ou o chá-verde, também causariam essa reação. Só que, quando ingeridos em excesso, podem até fazer mal por conta da cafeína. A intenção de "acelerar" o metabolismo é colocar o seu organismo para queimar mais calorias em repouso. Se essa taxa está alta e você não exagerou nas calorias, acaba emagrecendo naturalmente.
2) Mesmo assim, ainda é possível melhorá-lo?
Verdade. A taxa metabólica basal é a quantidade mínima de energia necessária para manter as funções vitais do organismo em repouso. Modificações simples na dieta, como comer de maneira mais saudável, além de exercícios, fazem diferença na rapidez com que se queima calorias em repouso.
Inclusive, quanto mais músculos você tiver, melhor, pois eles queimam três vezes mais calorias do que a gordura, mesmo quando a pessoa está em repouso.
3) Existem alimentos que atrapalham o metabolismo?
Verdade. É importante evitar alimentos ultraprocessados, que tendem a ter açúcar e gordura demais na composição, além de conservantes. O consumo de alimentos do tipo, especialmente os ricos em gordura, está associado ao desenvolvimento de uma inflamação no organismo, que pode desencadear o aumento do peso.
4) Cada pessoa tem o seu próprio ritmo de metabolismo?
Verdade. Não tente se comparar com aquele primo que come bastante e, ainda assim, continua esbelto. Isso porque tem gente que, até dormindo, gasta mais calorias do que a outra. Culpa, entre outros fatores, da genética. Com a taxa metabólica basal do paciente em mãos, o nutricionista pode indicar um plano alimentar que ajude a elevá-la.
5) O metabolismo fica mais lento com a idade?
Em partes, é verdade. A chegada da meia-idade não pode ser atribuída ao declínio do metabolismo, de acordo com um estudo sem precedentes sobre o uso de energia pelo corpo. Ele atinge seu pico com um ano de idade, fica estável dos 20 aos 60 anos e então declina inevitavelmente. Há uma diminuição da musculatura e um maior acúmulo de tecido adiposo, mesmo sem qualquer mudança na dieta, então o você pode fazer é comer um pouco menos de calorias a cada ano e caprichar nos exercícios.
O estudo, publicado na revista Science, encontrou quatro fases da vida metabólica:
Do nascimento até 1 ano - o ponto mais alto de toda a vida;
Até os 20 anos de idade - desaceleração suave, sem aumento na puberdade;
Dos 20 aos 60 anos - estável
60 anos em diante - declínio permanente, com quedas anuais que, por volta dos 90 anos, deixa o metabolismo 26% abaixo do da meia-idade.
6) Tomar água com limão "acelera" o metabolismo?
Mito. Não existe nenhuma evidência científica de que funcione. Comer menos calorias e fazer mais exercícios físicos é o que fará seu organismo ser obrigado a pegar as gorduras armazenadas e transformá-las em energia para o seu corpo continuar funcionando.
7) Tomar café e óleo de coco no pré-treino tem efeito termogênico?
Mito. A promessa é a de acelerar o metabolismo e potencializar a queima de gordura quando associado à prática de exercícios físicos. No entanto, um comunicado feito pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), juntamente à Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) já pontuou que "não há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que leve à perda de peso".
8) Comer pimenta acelera a queima de calorias?
Em partes. Até é verdade. Isso acontece porque ela acelera a degradação de moléculas temporariamente, em um efeito parecido com o da adrenalina. Mas dura pouco. Sabe aquele calor, minutos após comer algo apimentado? É nesse tempo que ela vai agir "acelerando" o metabolismo. Ou seja: para realmente emagrecer, teríamos que consumir uma quantidade muito alta do condimento. Mas pense que pode ser um tempero funcional.
9) A frequência com que você come faz diferença no metabolismo?
Mito. Ninguém precisa comer de três em três horas, especialmente se não tiver fome. Caso você fique bem se alimentando apenas nas três grandes refeições do dia (café da manhã, almoço e jantar), sem exagerar em nenhuma delas, pode seguir nesse esquema de não ter lanchinhos intermediários. Seu metabolismo não será afetado por isso.
10) Comer tarde da noite pode engordar?
Verdade. Especialmente se exagerar no número de calorias da refeição. Pesquisas feitas tanto em animais quanto em humanos descobriram que nosso metabolismo está mais acelerado no período da manhã, diminuindo o ritmo no decorrer do dia. Assim, no período noturno, não existe aumento do gasto energético, algo que não vai te ajudar na hora de queimar as calorias daquelas batatas fritas do jantar.
11) Ficar sem ir ao banheiro atrapalha o metabolismo?
Mito. O intestino consegue absorver os nutrientes necessários para o nosso metabolismo, jogando tudo o que interessa para o organismo na corrente sanguínea. O que sobra disso é o que será as fezes. Ficar alguns dias sem ir ao banheiro pode te deixar mal-humorado e até mais barrigudo temporariamente, mas não vai atrapalhar seu metabolismo.
Fontes: Alicia Kowaltowski, professora de bioquímica da USP (Universidade de São Paulo); Fernanda Maluhy, nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP); Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês (SP); Maria Edna de Melo, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica e Marcio Mancini, membro da Diretoria Nacional da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
*Com matéria publicada em 12/03/2018
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