Arde, irrita e coça: um 'listão' do que pode ser e o que fazer na vagina
A ardência ou irritação na vagina muitas vezes começa como uma "coceirinha", mas pode crescer, se tornar um incômodo mais constante, gerar dor ou ser o indício de uma infecção mais séria. E a culpada costuma ser a alergia na região íntima.
Ela pode significar uma condição de saúde implícita, como parasitose, ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ressecamento da região, alterações hormonais, higiene inadequada e até câncer.
Paralelos à ardência ou coceira, outros sintomas como vermelhidão e inchaço, placas esbranquiçadas, corrimento, cheiro intenso, queimação ou dor ao urinar e pequenas bolinhas no local devem ligar um alerta.
É importante se atentar às causas mais comuns e sempre procurar um ginecologista, que vai colher informações, realizar exames e chegar a um diagnóstico.
Veja abaixo as causas mais comuns de coceira na vagina e o que fazer
Para cada situação, é necessário adotar algumas medidas, seja com pomadas, banhos apropriados, remédios etc. Vamos ver:
- Alergias e assaduras
Para alergias e assaduras na vagina, o primeiro passo é identificar o agente causador. O médico vai avaliar, junto à paciente, se pode ser a roupa íntima ou algum produto de higiene para, então, afastar a causa e começar o uso de antialérgicos adequados —que pode ser tópico ou oral.
Se houver assadura, o ginecologista precisa verificar se essa paciente está lidando com umidade e fricção entre as pernas. Nesse caso, pomadas à base de zinco ou calcinhas tipo short podem ajudar a evitar o atrito.
- Alterações hormonais
No caso de alterações hormonais, o ginecologista pode indicar que seja feita reposição hormonal, pois isso vai ajudar a diminuir os sintomas.
Cremes ou géis para ação local também são bem-vindos.
- Infecções vaginais
Para as infecções vaginais, o médico ginecologista pode recomendar tratamentos com antibióticos, corticoide ou pomadas diretamente na região.
É necessário, para isso, investigar as causas e a recorrência desses quadros.
- Vulvodínia
Apesar de ter esse nome difícil e não ser popularmente conhecida, a vulvodínia tem sintomas comuns. Caracteriza-se pelo desconforto vulvar crônico, acompanhado de fortes dores e ardência na região íntima.
Elas podem ocorrer no clitóris, nos lábios, na entrada do canal vaginal ou em toda a região, que chamamos de vulvodínia generalizada. A vulvodínia acontece de maneira espontânea ou provocada, nesse caso, durante o sexo, ao fazer exames ginecológicos ou determinadas atividades físicas.
- Vaginite
A vaginite atrófica (que também chamamos de atrofia vaginal) normalmente acontece durante períodos como menopausa, amamentação ou ainda enquanto se faz uso de remédios para tratar o câncer.
Essa é uma inflamação da vagina gerada pela queda do hormônio estrogênio no organismo, o que tende a desencadear sintomas como coceira, odores, corrimento, dor ou queimação ao urinar.
O tratamento deve ser feito pelo ginecologista que vai recomendar a utilização do hormônio estrogênio, na forma de creme ou de comprimidos, de lubrificantes ou de remédios analgésicos.
- Câncer de vulva
Este é um câncer que acomete a área externa da vagina e que tem como sintomas coceira, dor e sangramentos, geralmente fora do período menstrual.
Além disso, é possível aparecer feridas, caroços e verrugas, bem como alteração na cor e textura da vulva.
O tratamento pode variar de acordo com a gravidade e estágio da doença, localização do tumor, assim como a saúde geral da paciente.
A cirurgia é geralmente o tratamento primário e envolve a remoção do tumor e uma margem de tecido saudável ao redor dele. Em casos avançados, uma cirurgia mais extensa pode ser necessária.
Radioterapia, quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia são outros tipos de tratamentos que podem ser adotados pelo médico.
- ISTs (infecções sexualmente transmissíveis)
As ISTs, como a tricomoníase, as verrugas vaginais ou ainda o herpes genital, têm como um de seus sintomas principais a coceira.
Em casos como esses, só o médico será capaz de indicar o melhor tratamento, que pode incluir uso de antibióticos e antivirais. O uso de preservativos também é essencial
- Dermatite
A elevada produção de sebo na vulva ou o contato com produtos como sabonete e perfumes são capazes de gerar irritação no local, culminando em vermelhidão e descamação.
O tratamento mais indicado é o uso de pomadas com corticoides e antifúngicos, além de algumas medidas mais caseiras, como manter a vagina bem limpa e seca e evitar banhos muito quentes.
- Líquen plano
Esta é uma doença causada pela reação do sistema imunológico a certos medicamentos, estresse ou produtos químicos. Isso pode resultar em coceira e ardência na região vaginal.
É necessário fazer o tratamento indicado por dermatologista ou ginecologista, que pode incluir uso de antialérgicos, corticoides e até psicoterapia.
- Líquen escleroso
O líquen escleroso é uma doença de pele causada pela inflamação relacionada a fatores genéticos e imunológicos. Bolhas na vagina, coceira e irritação estão entre os sintomas, que devem ser combatidos com pomadas com corticoide.
A indicação é lavar a vagina apenas com água e sabão neutro.
- Psoríase genital
Doença autoimune que afeta a região íntima, irritando a pele da vulva (parte externa da vagina), causando coceira, descamação e manchas.
Remédios de uso oral e pomadas devem ser a indicação dos médicos.
Quais os fatores de risco para coceira ou ardência na vagina?
Algumas situações que podem contribuir para esses sintomas são:
- Uso de antibióticos: os antibióticos podem alterar o equilíbrio da flora vaginal, o que aumenta o risco de infecções fúngicas, como a candidíase.
- Roupas apertadas: usar roupas íntimas ou calças muito justas pode reter umidade e calor na região genital. Isso cria um ambiente propício para o crescimento de bactérias ou fungos.
- Relações sexuais desprotegidas: por meio do contato sexual, infecções que causam irritação e coceira, como a tricomoníase, podem ser transmitidas.
- Produtos de higiene inadequados: sabonetes, loções ou duchas vaginais com produtos químicos podem modificar o pH natural da vagina.
- Estresse e alterações hormonais: essas situações podem afetar o equilíbrio vaginal e aumentar a suscetibilidade a infecções.
- Diagnóstico de diabetes: as pessoas com diabetes têm maior risco de desenvolver infecções, incluindo aquelas na região genital.
Quando é a hora de procurar ajuda médica?
Não há uma regra em termos de quantos dias esses sintomas devem persistir para se tornarem preocupantes, pois isso varia de acordo com a causa e a gravidade dos sintomas.
Ainda assim, é preciso se atentar aos seguintes pontos:
- Desconforto significativo causado pela ardência e a coceira;
- Presença de sintomas adicionais, como dor ao urinar, corrimento anormal, inchaço ou vermelhidão na área genital, dor abdominal ou febre superior a 38ºC;
- Persistência da coceira e da ardência sem sinais de melhora;
- Casos em que a paciente está grávida e com sinais de infecção vaginal por fungo;
- Dores durante a relação sexual ou na hora de fazer xixi.
Como prevenir coceira e ardência na região vaginal?
Veja a lista de atitudes que podem ajudar a evitar o problema:
- Manter uma boa higiene, lavando a região genital externa diariamente com água morna;
- Não usar sabonetes perfumados com frequência e evitar produtos químicos agressivos, que podem perturbar o pH vaginal;
- Optar por roupas íntimas de algodão em vez de tecidos sintéticos, pois elas permitem uma melhor ventilação e reduzem o acúmulo de umidade. Peças muito justas também criam ambiente propício para proliferar as bactérias e os fungos;
- Praticar sexo seguro, usando preservativos para reduzir o risco de infecções sexualmente transmissíveis;
- Evitar usar duchas vaginais, pois elas podem perturbar o equilíbrio do pH vaginal e aumentar o risco de infecções;
- Manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes para fortalecer o sistema imunológico;
- Gerenciar o estresse para cuidar do equilíbrio hormonal e da resposta imunológica do corpo;
- Trocar absorventes e tampões com frequência para evitar acúmulo de umidade e proliferação de bactérias durante a menstruação.
Fontes: Carla Iaconelli, ginecologista especialista em reprodução humana; Etiene Galvão, ginecologista e professora do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê); Yara Caldato, ginecologista regenerativa, funcional e estética, afiliada do Instituto Nutrindo Ideais, de Belém; e Monique Novacek, ginecologista, obstetra e mastologista da Clínica Mantelli.
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