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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Vera descobriu malformação no cérebro e médico disse que ela morreria

Ao receber o diagnóstico de MAV, médico disse que Vera morreria de um jeito ou de outro Imagem: Arquivo pessoal

Roseane Santos

Colaboração para VivaBem

05/11/2023 04h04

A empresária e escritora Vera Barros, 56, hoje faz palestras de motivação inspirada na superação de um problema grave de saúde. Ela precisou conviver com uma malformação arteriovenosa na cabeça durante seis anos, correndo risco de morrer. Mãe de três filhos, ela contou com o auxílio de vários médicos e muita oração até conseguir a cura.

"Minha saúde era perfeita até eu desmaiar aos 24 anos, grávida do meu terceiro filho. Achei que poderia ser algo relacionado à gravidez e segui minha vida normalmente. Um tempo se passou e comecei a ter tremores estranhos.

Uma amiga falou para eu procurar um neurologista. Só que eu era muito jovem e pensei o que uma garota da minha idade faria em um neuro.

Aos 26 anos, fui ao oftalmologista fazer uma consulta de rotina e veio a surpresa. Ele observou através daquele exame de fundo de olho que havia um "borramento" atrás da minha visão direita e era atípico.

Saí do consultório com um encaminhamento para o neurologista. A indicação era de uma tomografia computadorizada cerebral. Fiz o exame e fui informada de que tinha uma mancha grande e que aquilo deveria ser examinado por uma angiografia cerebral.

Já nesse dia fiquei internada no Hospital Brasil, em Santo André (SP), e de ambulância fui levada até a Beneficência Portuguesa.

Fiquei internada para fazer uma angiografia, que é um cateter que entra na virilha e vai até o cérebro. Tudo isso durou um total de seis horas. Quando terminou, ainda na maca, o médico falou que eu tinha uma malformação arteriovenosa no lobo frontal direito, como se fosse um angioma, um hemangioma.

Estava grande, do tamanho de um ovo de codorna. Ele pediu para fazer uma embolização, um procedimento mais invasivo e demorado. Teria que ficar na UTI e uma semana hospitalizada.

Voltei para Santo André, não fiquei no hospital, eles queriam que eu ficasse e já operasse sem sair do hospital, mas tinha que trabalhar. Depois procuramos um neurocirurgião e escutei a pior frase da minha vida.

Ele falou assim: 'Vocês pensem direitinho, se operar, pode morrer ou ficar sequelada. Mas se não operar, vai morrer do mesmo jeito, porque vai te dar um AVC por causa do tamanho dessa malformação'.

Eu e meu ex-marido, com aquela notícia de óbito de um jeito ou do outro, voltamos para casa e o meu chão saiu de baixo dos meus pés.

Minha cunhada fazia medicina, pegou os exames e levou para o neurogista dela. Começamos a procurar outros profissionais. Todos os médicos falavam para não deixar ninguém abrir a minha cabeça, porque eu era muito jovem e tinha apenas alguns espasmos, não tinha nada grave, não era um câncer, era uma malformação de veia.

Tinha tempo para tratar ainda do jeito que foi tratado e fui encaminhada para fazer embolizações. Ao final de três, tinha diminuído apenas 40%.

Imagem: Arquivo pessoal

Era a hora de tentar mais um tratamento: a radiocirurgia estereotáxica. Um procedimento que poderia também ter sequelas, tanto é que tive edema cerebral e alguns efeitos colaterais, como a queda de cabelos.

Continuei tomando gardenal, várias medicações e depois de três anos ainda não tinha necrosado toda a malformação, e falaram que teria que fazer outra radiocirurgia. Como já sabia a dor que era a primeira, fiquei com muito medo, mas fiz.

O processo de cura demorou seis anos. Durante esse tempo, 'cortei' a virilha sete vezes [para fazer exames], cheguei a ter hepatite medicamentosa, tudo foi muito difícil.

Não tenho como descrever o momento em que o médico falou: 'zerou tudo, você não tem mais nada'. Além da medicina, houve muita parte espiritual também, muita fé, muita oração, muitas pessoas rezaram pra mim e tudo isso me fortaleceu."

Saiba mais sobre a malformação arteriovenosa

O que é. A MAV (malformação arteriovenosa) geralmente é congênita. As artérias e veias podem se romper, causando sangramento no cérebro ou na medula espinhal. Pesquisadores associam as MAVs como uma doença genética, pois esse emaranhado de vasos podem estar presentes desde o nascimento da criança.

Imagem de cérebro com MAV Imagem: iStock

Estudos ainda estão sendo conduzidos para explorar a doença e seu desenvolvimento. Ainda não se tem uma causa comprovada. O que se sabe é que, provavelmente, ela surge por um desvio no desenvolvimento normal dos vasos do sistema nervoso.

Causas. Ainda não se comprovaram as causas da MAV e nem opções de prevenção, visto que provavelmente está associada a causas genéticas. O que evoluiu foram os tipos de cirurgias e medicamentos, com tecnologia e procedimentos mais seguros para o paciente. Os pesquisadores continuam procurando a fonte da doença, tentando diferenciar se realmente se desenvolve na fase fetal, ligações genéticas ou alguma outra causa desconhecida.

Doença rara. É considerada rara, pois afeta menos de 3% da população. É uma condição cujas características são "teias" que se tornam um emaranhado de veias e artérias. Devido ao emaranhado ocorre um "curto-circuito" ou "defeito" na comunicação dessas veias e artérias, pois o sangue arterial flui muito rápido nas veias. A MAV pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, mas ocorre, principalmente, no cérebro e na coluna vertebral.

Sintomas. Os primeiros se confundem muito com os de um AVC (acidente vascular cerebral) causados por hemorragia no cérebro ou ao redor dele. Os sintomas da MAV são:?dores de cabeça; confusão mental; dificuldade de caminhar; convulsões; zumbido no ouvido; e problemas neurológicos como paralisia ou perda da fala, visão e de memória.

Riscos. O sangramento no cérebro pode levar a graves problemas neurológicos e até a morte.

Tratamento. Ter o diagnóstico correto é o mais importante, principalmente por se tratar de uma condição rara. Entre as opções de tratamentos temos:

Cirurgia aberta ao cérebro, ou seja, abrir o crânio e remover uma ligação anormal.

Tratamento endovascular, o que chamamos de embolização, ou seja, usar uma substância semelhante a uma cola através de um cateter e injeção para interrupção do fluxo sanguíneo e reduzir o risco de hemorragia.

Radiocirurgia, ou seja, a radiação é direcionada para a MAV com o intuito de cicatrizar a área. Essa opção é utilizada nos casos menores.

Se houver convulsões, remédios anticonvulsivantes.

Fonte: Guilherme Rossoni, neurologista, especialista em neurocirurgia pela SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia), sendo membro titular da associação; especialista em cirurgia minimamente invasiva da coluna. Possui expertise em cirurgia endoscópica da coluna, realizado pela Word Spine Center.

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