Alergia ao leite de vaca pode atrasar o crescimento da criança?

Sim, o crescimento pode ser comprometido porque a presença constante de sintomas gastrointestinais por causa da alergia ao leite de vaca pode levar à má absorção de nutrientes, incluindo proteínas, gorduras e minerais essenciais, que são necessários para um desenvolvimento infantil saudável.

Portanto, para evitar —ou parar— o atraso no crescimento do pequeno, o melhor, claro, é retirar o leite, seus derivados e tudo que tenha esse item na composição da dieta.

Feito isso, claro, é hora de realizar as devidas substituições para que a criança também não tenha deficiências na ausência dos alimentos que não estão mais na rotina alimentar. Aliás, esse é exatamente o tratamento indicado pelos profissionais. Ou seja, a retirada do nutriente que causa a alergia substituindo-o por outros alimentos.

Inclusive, vale saber que a APLV (alergia à proteína do leite de vaca) pode "desaparecer" com o passar dos anos em algumas crianças. Isso ocorre porque o sistema imunológico dos pequenos está em constante desenvolvimento e algumas alergias alimentares, incluindo a APLV, podem diminuir ou desaparecer à medida que a criança cresce.

Conforme o sistema imunológico da criança amadurece, ela pode tornar-se menos sensível às proteínas do leite de vaca e, assim, diminuir a alergia.

É importante destacar que a resolução da APLV deve ser confirmada por um médico ou alergologista por meio de testes específicos, como testes cutâneos ou de provocação oral.

Portanto, não é aconselhável reintroduzir o leite de vaca na dieta de uma criança com APLV sem orientação médica, pois pode ser perigoso e desencadear reações alérgicas graves. Mas claro que isso vai depender do tipo e da gravidade da alergia.

É importante saber também que o atraso no crescimento de uma criança pode trazer algumas consequências a médio e longo prazos. Os principais são:

Desenvolvimento físico comprometido: O que inclui altura abaixo da média, menor peso corporal e retardo no desenvolvimento de órgãos e sistemas.

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Problemas de saúde: Crianças com atraso no crescimento podem ser mais suscetíveis a doenças e infecções devido a um sistema imunológico enfraquecido. Além disso, podem enfrentar deficiências nutricionais, anemia e outros problemas de saúde.

Desenvolvimento cognitivo comprometido: O que pode levar a dificuldades de aprendizado, atrasos no desenvolvimento da fala e do vocabulário e desafios no desempenho escolar.

Desafios na vida adulta: O que inclui dificuldades em encontrar emprego, construir relacionamentos e enfrentar problemas de saúde relacionados ao crescimento inadequado.

Portanto, como vimos, é preciso criar uma rotina alimentar adequada para a criança com alergia ao leite. E entre as dicas, estão:

Consulte um profissional de saúde: O primeiro passo é obter um diagnóstico preciso de alergia ao leite de vaca de um médico, preferencialmente um alergologista. Ele pode confirmar a alergia e fornecer orientações específicas para o manejo da condição.

Substitutos do leite: Consulte um nutricionista para encontrar alternativas nutricionalmente adequadas, como fórmulas infantis à base de proteínas hidrolisadas, leites vegetais (de soja, amêndoa, aveia), e outros produtos sem leite. Certifique-se de que a criança esteja obtendo cálcio e outros nutrientes essenciais em sua dieta.

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Eduque-se: Aprenda a identificar ingredientes que podem conter leite de vaca, pois ele pode estar presente em muitos alimentos processados. Esteja ciente de riscos de contaminação cruzada ao preparar e servir alimentos.

Comunique-se com a escola: Se a criança frequenta a escola, comunique a equipe educacional sobre a alergia e forneça instruções sobre a dieta da criança.

Cuidado com a contaminação cruzada: Muitas vezes, a criança é alérgica e os pais não. Então, é preciso ficar atento em relação a chamada contaminação cruzada. Funciona assim: vamos supor que você tenha preparado um bolo com leite para adultos e um bolo sem leite para criança, mas o pequeno continua tendo as reações alérgicas.

O problema pode estar no liquidificador que foi usado. Afinal de contas, na preparação do bolo dos adultos, mesmo que o aparelho seja lavado, continua tendo ali alguns rastros de leite. Por isso, é indicado que alguns utensílios sejam de uso exclusivo da criança.

Desse modo, lidar com a alergia ao leite de vaca requer cuidado e compromisso, mas com a devida atenção e educação, é possível proporcionar à criança uma dieta segura e saudável. Além disso, é fundamental trabalhar em estreita colaboração com profissionais de saúde para garantir o bem-estar do pequeno.

Fontes: Paula Carolina Moraes, nutricionista clínica do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo; Caroline dos Santos, nutricionista clínica e materno infantil da Clínica Neném da Nutri, em São Paulo; Narjara Chaves, pediatra de desenvolvimento infantil e coordenadora da linha pediátrica do Hospital UDI - Rede D'Or no Maranhão; e Rodrigo Pimentel, nutrólogo, chefe da Divisão de Gestão e Cuidado e coordenador da residência de nutrologia do Hupes UFBA (Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia), ligado a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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