Remédio que causou vício em esposa de Vilhena virou febre, mas é um perigo
Colaboração para VivaBem*
13/12/2023 11h18Atualizada em 14/12/2023 08h42
Maria Luiza Silveira, 27, esposa de Paulinho Vilhena, 44, falou sobre o vício em remédios. Em participação no podcast Shoes Off, ela contou sua experiência com o Venvanse, nome comercial de um fármaco derivado de anfetamina, a lisdexanfetamina, que é de uso controlado, indicado para TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e vendido apenas com prescrição médica.
Eu falava com orgulho: 'Gente, é a melhor coisa do mundo'. Nossa, eu amava. É viciante por um motivo, se fosse ruim, ninguém viciava. É bom, só que como tudo, tem um preço. E o preço do Venvanse é muito alto.
Maria Luiza Silveira ao podcast Shoes Off
Por que Venvanse virou moda?
Função recreativa. Autorizado pela Anvisa para o tratamento do TDAH e compulsão alimentar, o Venvanse vem ganhando função recreativa entre os jovens — o que preocupa médicos e autoridades de saúde.
Jovens associam o Venvanse a bebidas alcoólicas, o que é um risco. Esse tipo de uso é feito para tentar fazer um contrapeso ao efeito sedativo do álcool. O remédio pode mascarar o cansaço de uma festa, mas o desgaste físico e mental continua lá, segundo explicou ao Jornal da USP Erikson Felipe Furtado, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Desejo de aumentar a experiência sensorial é outro objetivo. O álcool associado ao estimulante podem dar maior sensação de euforia e inibir efeitos desagradáveis da bebida. Isso acaba impedindo a pessoa de perceber sinais de que chegou ao seu limite.
Combinação pode causar maior risco dependência. Cada uma dessas substâncias, tanto o álcool como a lisdexanfetamina, podem induzir à dependência, mas as duas combinadas potencializam esse risco.
Perigos do uso indiscriminado. O uso indiscriminado da droga, para ficar acordado e eufórico em festas ou para aumentar o foco e concentração em tarefas, pode trazer perigos. Por ser um psicoestimulante, que tem elevado risco de induzir dependência, o uso do remédio não deve ser desviado de sua função original.
Riscos do uso inadequado
Desregulação das funções do organismo. O uso inadequado do medicamento pode causar alterações cardiovasculares, metabólicas e renais, no apetite e no sono e também no nível de vigilância.
Também podem ocorrer alterações no humor e nas funções cognitivas, como controle de impulso e nos processos mentais de raciocínio e julgamento. Pessoas com instabilidade emocional podem ser mais suscetíveis a alterações no humor e sintomas como delírios e alucinações, segundo o especialista.
Mesmo com prescrição médica, é necessário monitorar o paciente. O uso de derivados de anfetaminas pode aumentar o risco de efeitos indesejáveis próprios dessa tipo de medicamento.
Fácil acesso
Apesar de ser de tarja preta e exigir receita médica, o medicamento é facilmente acessado pelos jovens. Esse é um problema de saúde pública, que esbarra em costumes.
Como combater? A falsificação de receitas e simulação de problemas de saúde são as principais formas de acesso ao medicamento. Para combater o uso e venda indevidos, é preciso informar, principalmente o público jovem, sobre os efeitos colaterais.
Fonte: Erikson Felipe Furtado, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP
*Com reportagem publicada em 03/09/2022