É normal chorar depois do orgasmo? Rir e espirrar também faz parte
O orgasmo é considerado o ápice do prazer e libera hormônios ligados ao bem-estar, como ocitocina, noradrenalina e dopamina. Para algumas pessoas, a euforia momentânea é seguida por choro — foi o que relatou a atriz Carla Dias em papo com a sexóloga Laura Muller.
Essa explosão de hormônios é responsável por sentimentos positivos. O choro não necessariamente está associando ao sofrimento, mas a uma intensa experiência emocional. Não importa se é homem ou mulher, o que vale é a sensibilidade naquele momento.
Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia
O choro e o riso no sexo são fenômenos normais e uma respostas físicas para a redução da tensão e aumento da excitação. No clímax, hormônios como endorfina, adrenalina, noradrenalina, ocitocina, estradiol e andrógeno agem intensamente e geram uma reação fisiológica.
Catalepsia (perda temporária de sensibilidade e do movimento), dor facial ou no ouvido, coceira, ataque de pânico, crises convulsivas e até espirros também acontecem. Um estudo sobre respostas emocionais ao orgasmo publicado no "Sexual Medicine Reviews", periódico da ISSM (International Society for Sexual Medicine) em 2017, listou as reações mais comuns.
A forte atividade química do orgasmo é percebida por cada pessoa de maneira diferente. Ela pode ser influenciada pelo momento emocional ou experiência que cada um já teve e, embora faltem estudos, parece ser mais prevalente em mulheres.
Com o orgasmo, vem uma sensação de alívio físico, aliada ao relaxamento após muitas contrações musculares, em especial nos genitais. O alívio pode gerar riso ou choro, que produzirão ou fortalecerão o relaxamento físico e emocional."
Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual do Instituto Paulista de Sexualidade
A sensação pode ser negativa (tristeza, vontade de chorar, sensação de vazio) e se chama DPC, sigla para disforia pós-coito. Neste caso, se for muito frequente ou vier associada a vergonha, culpa ou ansiedade, vale procurar uma opinião especializada.
Outra condição psiquiátrica pode agravar o quadro, embora nem sempre esteja diretamente relacionada. Fatores como ansiedade, depressão latente ou um período pós-parto podem tornar o choro e a tristeza após o sexo mais frequentes devido à sensibilidade aumentada e ao desequilíbrio hormonal.
Chorei, e agora?
Acolhimento e escuta são muito importantes. O outro pode não entender o que está acontecendo e se sentir culpado ou ofendido, mas pessoas com esse tipo de desconforto podem evitar atividade sexual, diz a psiquiatra Catarina de Moraes.
"Por ser uma resposta neuro-orgânica, não há controle efetivo quanto às reações expressadas como respostas orgásticas. É essencial que o casal entenda essas reações e por que elas acontecem para evitar constrangimentos e até vergonha e medo de ser ridicularizado. Aqui vale o recurso mais precioso dos relacionamentos, o diálogo, sendo que o assunto deve ser abordado, preferencialmente, durante a conversa cotidiana"
Gislene Teixeira, sexóloga especialista em relacionamentos, mediadora e conciliadora de conflitos
A pessoa costuma não saber de onde veio aquilo e se sente envergonhada de dividir com o par, mas é importante ressaltar que não tem nada a ver com o sexo não ter sido consensual. Inclusive na disforia pós-coito, a pessoa pode ter sentido desejo, permitido todas as ações, alcançado o orgasmo, e mesmo assim, sentido tristeza em seguida.
Carmita Abdo, sexóloga e psiquiatra, fundadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade) do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas
Fontes: Rosely Salino, psicóloga, sexóloga e terapeuta de casal; Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual do Instituto Paulista de Sexualidade; Carmita Abdo, sexóloga e psiquiatra, fundadora e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade) do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas; psiquiatra Catarina de Moraes, coordenadora do ambulatório de sexualidade no Hospital das Clínicas de Recife.
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