De ostra ao ovo: 10 comidas que podem causar até morte - e como se precaver
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que 600 milhões de pessoas no mundo adoecem após consumirem alimentos contaminados, e 420 mil delas morrem todos os anos.
Seja por conta de vírus, bactérias ou mesmo toxinas mortais, é preciso tomar cuidado para se manter longe do perigo.
Confira essa lista que VivaBem preparou com dez alimentos e que inclui peixe, moluscos, leite, mel e até ovo.
1. Peixe baiacu
Famoso prato na culinária japonesa, onde é servido cru ou adicionado à sopa, o baiacu, também consumido eventualmente por aqui, tem um veneno letal para humanos, chamado tetrodotoxina.
Os sintomas do envenenamento por tetrodotoxina incluem tontura, exaustão, dor de cabeça, náusea, arritmia cardíaca ou dificuldade para respirar. A pessoa permanece consciente, mas não pode falar ou se mover. Em altas doses, a respiração para e a vítima morre por asfixia. Se envenenado, é preciso ir ao pronto-socorro com urgência.
No Brasil, os dois tipos de baiacu mais comuns são o arara e o pintado. O arara é menos tóxico e pode ser encontrado em mercados de peixes. Já o pintado tem doses altíssimas de tetrodotoxina, sendo responsável pela totalidade dos envenenamentos no país.
Para ser consumido, é preciso remover partes tóxicas presentes em seus órgãos, especialmente fígado, ovários, olhos e pele.
2. Ruibarbo
Os talos de ruibarbo normalmente são consumidos cozidos ou em tortas e geleias. Ele tem um poderoso efeito estimulante e digestivo, além de ter propriedades anti-inflamatória e antioxidante.
Mas é preciso ter cuidado com suas folhas, já que elas contêm uma alta concentração de ácido oxálico, uma substância que pode causar intoxicação grave, com náuseas, diarreias, dificuldade em respirar, dor nos olhos, urina vermelha e até problemas renais.
3. Ovo
De acordo com a OMS, o consumo de ovo cru é pouco indicado. Utilizado em diversas receitas, ele pode conter bactérias como Salmonella, Pseudomonas spp. e Escherichia coli.
A contaminação geralmente está associada às condições de higiene, manipulação e conservação. Caso mal cuidado, os microrganismos penetram no ovo através de trincas microscópicas, causadas pela quebra da casca, ou através dos poros da casca após a lavagem. O alimento também pode ser contaminado pela colonização de algumas bactérias do trato reprodutivo da galinha, que entram em contato com a gema do ovo antes da formação da casca.
Por isso, a recomendação é que os ovos sejam consumidos após o cozimento acima de 70ºC, incluindo as gemadas, e nunca usar os com casca rachada ou trincada.
Se a receita pedir ovo cru, como uma maionese caseira, o mais indicado é utilizar a versão pasteurizada. Esse procedimento elimina a presença de microrganismos patogênicos. É possível encontrar esse produto sendo comercializado em sacos, galões ou caixinhas semelhantes às de leite, com possibilidade de adquirir apenas a clara ou a gema.
4. Mandioca-brava
Existem dois tipos de mandioca: a mansa e a brava. Visualmente, não há diferença entre elas. A mansa, também conhecida como aipim e macaxeira, é aquela usada em bolos, pães, consumida cozida ou frita, e numa variedade de receitas caseiras. Já a brava, de sabor amargo, tem um veneno conhecido como ácido cianídrico.
Se consumida, essa planta causa vômitos, diarreia, cansaço, falta de ar, tontura, taquicardia, fraqueza, confusão mental, convulsão, coma e até a morte. Por isso, a raiz da mandioca-brava é usada somente na indústria para fabricação de farinha, goma, fécula, polvilho, entre outros derivados, graças a técnicas de detoxificação.
Mas em alguns lugares do Brasil é comum encontrarmos um prato típico chamado maniçoba, feito com as folhas da mandioca-brava, que também contêm o veneno. Para remover o ácido cianídrico, as folhas são cozidas por pelo menos uma semana, com trocas frequentes de água.
5. Ostras e outros moluscos crus
Moluscos, incluindo as ostras, são animais aquáticos filtradores que se alimentam principalmente de microalgas. O consumo cru pode levar à contaminação pela má qualidade da água, contaminação das microalgas e ainda a presença de ficotoxinas. Essas toxinas liberadas por algas, como a maré vermelha, são potencialmente nocivas e os sintomas envolvem desde um quadro de intoxicação alimentar, até mesmo complicações hepáticas e neurológicas.
A recomendação é consumir esses alimentos de vendedores certificados, que realizem testes de monitoramento da pureza da água de cultivo e da ausência de algas produtoras de ficotoxinas.
6. Leite e mel não pasteurizados
Embora pareça muito saudável consumir leite cru direto da vaca, isso pode representar um sério risco à saúde. Ele pode estar contaminado por bactérias como Salmonella, E. Coli, Campylobacter, Listeria, causando infecções urinárias e intestinais, com febre, diarreia e vômito.
A pasteurização reduz e/ou elimina bactérias patogênicas. No Brasil, a comercialização de leite não pasteurizado para consumo direto não é permitida. Mas se você estiver na roça e essa for sua única opção, ferva bem o leite antes de consumi-lo.
Já o mel também deve ser consumido preferencialmente pasteurizado, para eliminar a possibilidade de contaminação por bactérias, leveduras e a graianotoxina. Essa toxina encontrada no pólen e no néctar de algumas plantas pode contaminar o mel produzido a partir delas, causando sintomas como bradicardia, hipertensão, depressão respiratória, confusão mental, agitação, hipersalivação, vômitos, alucinação e fraqueza muscular progressiva. O consumo exagerado desse tipo de mel pode ser fatal.
Além disso, crianças menores de 1 ano não devem consumir mel, mesmo o pasteurizado. Ele pode causar um tipo grave de intoxicação alimentar derivado da bactéria Clostridium botulinum. Os sintomas do botulismo infantil incluem desde um quadro leve, confundido com gripe, até reações neurológicas graves, como sonolência, lentificação dos movimentos e dificuldade de deglutição. Em altas doses, pode levar à morte.
7. Feijão-vermelho
Apesar de estar repleto de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, o feijão-vermelho precisa de um preparo especial. Primeiro que ele não pode ser consumido cru ou quase cru porque contém um tipo de lectina chamada fito-hemaglutinina, que tem difícil digestão, podendo causar dor no estômago e até vômito. Mas bem cozido, a toxina diminui significativamente.
Para prepará-lo, é aconselhável deixar de molho por pelo menos 12 horas. Depois desse período, escorra e enxague com água nova. Na sequência, ferva por 10 minutos antes de cozinhá-lo em fogo baixo por 45 a 60 minutos.
8. Sannakji
Sannakji é um prato típico coreano também encontrado em restaurantes pelo Brasil que serve polvo fresco e com os tentáculos ainda se contorcendo. Apesar de já estar morto quando servido, sua atividade nervosa mantém os tentáculos e ventosas em movimento, podendo grudar na língua, em outras partes da boca e na garganta.
Segunda a revista americana Food & Wine, seis pessoas morrem em média todos os anos por se engasgarem com o prato.
Se for se aventurar, não esqueça de mastigar muito antes de engolir.
9. Amêndoas e castanhas-de-caju
Tanto as amêndoas como as castanhas-de-caju cruas têm toxinas que podem ser letais.
O óleo urushiol da castanha, mesmo que ingerido em pequenas quantidades, pode causar alergias e inflamações no corpo. Já em grandes volumes, o efeito no organismo pode ser fatal.
Já as amêndoas cruas, principalmente as mais amargas, contêm cianeto. Essa mesma substância também é encontrada em sementes de frutas como maçã, cereja, pêssego e ameixa. Mas fique tranquilo: segundo CDC, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, seria preciso 1.150 grãos de amêndoas para ser envenenado.
Por isso, é importante consumir esses alimentos apenas depois de torrados.
10. Farinha de trigo
O processo de moagem da farinha de trigo ou branqueamento dela não elimina as bactérias que causam intoxicação alimentar, como Escherichia coli e Salmonella. Esses microrganismos podem contaminar os grãos enquanto ainda estão no campo ou mesmo durante a produção da farinha. Se contaminado, os sintomas mais comuns são febre, diarreia, vômito e até infecções urinárias.
As bactérias morrem quando os alimentos feitos com farinha são assados ou cozidos. É por isso que você nunca deve provar massa crua.
Fontes: Vidal Haddad Junior, professor do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, e autor do livro "Animais aquáticos altamente perigosos do Brasil"; Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês; Ana Clara Costa, professora de nutrologia da Afya Educação Médica de Manaus (AM) e Brasília (DF) e cirurgiã geral e nutróloga pela Unicamp.
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