Festas: vai beber todas? Fígado não é de ferro! Veja como a saúde é afetada
Beber em festas de fim de ano é algo amplamente difundido e aceito socialmente. Muitas pessoas associam o álcool à diversão, alegria e celebração, e beber também pode ser uma forma que muitos encontram de se integrar mais facilmente, de se sentir mais confiantes e desinibidos em ambientes com muitas pessoas, ou com gente com quem não se tem muita afinidade.
Além disso, alguns indivíduos, com a chegada do Natal e do Ano-Novo, podem se sentir mais estressados, tristes ou solitários, especialmente se estiverem em luto, ou com problemas familiares, financeiros ou afetivos.
Nesse contexto, o álcool pode ser uma válvula de escape para sentimentos e emoções negativos, de relaxar ou de esquecer o que passou ou o que virá.
Mas é importante lembrar que o consumo exagerado e irresponsável de bebidas alcoólicas não combina com uma vida saudável, podendo causar danos ao organismo, aos relacionamentos e à sociedade.
Também pode ser um indicativo de dependência e de que é preciso procurar um médico ou especialista em saúde mental o quanto antes, ainda mais se tiver doenças prévias.
Estragos do álcool em festas
O consumo sem controle de álcool durante apenas uma noite de comemorações pode causar ou agravar a curto prazo (em questão de algumas horas) uma série de sintomas e condições de saúde, a depender da quantidade ingerida, do tipo de bebida e das condições físicas e psicológicas do indivíduo.
Alguns dos efeitos mais comuns e reportados em emergências são:
Alterações em fala, coordenação motora, raciocínio e percepção da realidade;
Náuseas, vômitos, diarreia, refluxo e azia, devido à irritação do estômago e do intestino;
Dor de cabeça, desidratação, pressão alta e arritmia, devido à vasodilatação e perda de água;
Falhas de memória, inconsciência, coma e até morte, em casos de intoxicação alcoólica grave;
Sonolência, tontura, alterações de humor - predispondo o risco de quedas e acidentes;
Agravamentos de úlcera, gastrite, diabetes, hepatite, câncer, cirrose, hipoglicemia;
Problemas neuromusculares, como cãibras, perda de força muscular, dormência;
Problemas cardiovasculares, como aumento do risco de infarto e AVC.
O álcool também pode interagir com medicamentos (antibióticos, antidepressivos, insulina, anticoagulantes), reduzindo ou potencializando seus efeitos e causando reações adversas graves, com danos irreversíveis a órgãos como fígado, coração e cérebro, ou até mortais.
Esses efeitos podem ser mais intensos e duradouros se o consumo já for algo frequente e excessivo.
Ressaca: o que fazer antes e depois?
Existem algumas estratégias que podem ajudar a evitar os sintomas da ressaca, mas não existem soluções milagrosas.
Portanto, a melhor forma de prevenir o mal-estar após uma bebedeira é consumir álcool com moderação, hidratar-se bem e evitar misturar diferentes tipos de bebidas. Não substituem essas medidas as dicas mostradas a seguir, sendo algumas delas:
Beber um copo de água ou de suco natural entre cada dose de bebida alcoólica;
Tomar 1 g de carvão vegetal ativado antes e após consumir bebidas alcoólicas;
Beber sempre intercalando com algo de comer e nunca de estômago vazio;
Evitar bebidas escuras, que contêm mais congêneres, substâncias que pioram a ressaca;
Moderar com as bebidas borbulhantes, pois podem acelerar a absorção do álcool;
Comer ovos, que contêm aminoácidos que ajudam a decompor o acetaldeído, uma substância tóxica que sobra no fígado após o metabolismo do álcool.
Agora, com sintomas de ressaca no dia seguinte, o que pode te ajudar a se sentir melhor é:
Beber bastante água, água de coco, isotônicos ou chás, para evitar a desidratação;
Fazer refeições leves e saudáveis, que incluam frutas, legumes, cereais e proteínas com pouca gordura, para aumentar os níveis de glicose e sais minerais no organismo;
Evitar cafeína, alimentos estimulantes, pesados e frituras;
Tomar sopas e caldos naturais, que ajudam a repor nutrientes perdidos pela urina;
Dormir bem, para recuperar as energias e aliviar o cansaço e a irritabilidade;
Tomar pastilhas e efervescentes próprios para aliviar enjoos, má digestão e dor de cabeça.
Se beber, escolha drinques menos ruins
Em geral, as bebidas alcoólicas que representam menos danos à saúde se consumidas eventualmente e com moderação são aquelas que têm teor alcoólico mais baixo:
Cerveja (entre 5% e 9%);
Chopp (cerca de 5%);
Vinho tinto (pode chegar a 14%);
Vinho branco (entre 7,5% e 16%);
Saquê (de 13% a 16%).
Já as mais maléficas possuem teor alcoólico bastante elevado, o que facilita intoxicação aguda, alterações metabólicas, coma e morte. São elas:
Vodca (entre 35% e 60%);
Rum (entre 35% e 70%);
Cachaça (entre 38% e 48%);
Uísque (entre 38% e 54%);
Gim (cerca de 40%).
Quanto às bebidas que pioram resseca e aceleram a absorção do álcool, são, em ordem:
Vinho tinto, uísque, conhaque e rum (por serem ricas em congêneres);
Espumante, champanhe, cerveja, refrigerante misturado com destilado (borbulhantes).
Fontes: Gabriela Cilla, nutricionista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Clínica NutriCilla (SP); Mikkael Duarte, psiquiatra e professor de psiquiatria da Afya Educação Médica, de Fortaleza; e Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês (SP).
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