Alho no nariz, moeda no umbigo: 11 'remédios' perigosos do tempo da vovó

Para além dos chazinhos de ervas, muitas avós das antigas —dos anos 1990 para trás— costumavam receitar como remédios para diferentes tipos de problemas ingredientes caseiros, daqueles encontrados facilmente na cozinha, no banheiro e até em cofre de lata ou lavanderia.

Faziam isso pelo bem de seus familiares, sem nenhuma intenção de causar danos, como principalmente pela falta de acesso à informação; elas se norteavam pelas crendices.

Mas, hoje, com acesso à internet e celular, você pode fazer diferente. Não há desculpas para adotar para si e passar adiante o que aprendeu, sem antes checar se de fato funciona e se os médicos aprovam.

Para te ajudar, VivaBem, com a ajuda de profissionais de diferentes áreas, compilou as principais indicações de "remédios" do passado que merecem ser abolidas de vez. Muitos por si são prejudiciais, nem precisam ser misturados a outros, como você verá a seguir:

1. Pedra de cânfora para aliviar falta de ar

No passado, era comum crianças com problemas respiratórios irem para a escola com colares presos a saquinhos contendo dentro pedras brancas de cânfora. Se tivessem uma crise de falta de ar, a indicação então era respirar profundamente esse produto químico.

"Mas não funciona e cheirá-la, em vez de usar medicação broncodiladora, pode agravar quadros, como o de asma", diz Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra membro da Academia Americana de Pediatria.

2. Moeda para tratar hérnia de umbigo

Segundo Ejzenbaum, antigamente também era comum querer tratar umbigo estufado de bebês com aplicação de moedas, ou botões atados à barriga com esparadrapos. Algo bastante arriscado, pois são materiais sujeitos à contaminação e com potencial de ferir, impedir a circulação e causar asfixia, se engolidos.

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A hérnia umbilical, continua o pediatra, se fecha com a aproximação dos músculos abdominais e em 99% dos casos até os dois anos, naturalmente.

3. Manteiga para tratar queimadura

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Imagem: Priscila Barbosa

Essa crendice veio da observação de que passar manteiga em queimaduras superficiais, como as de primeiro grau, cria uma película protetora e dá sensação de alívio da dor. Porém, isso aumenta muito a oleosidade da área, favorecendo infecções.

"Esfrie a região sob água corrente fria, sem jato forte para não doer, não aplique gelo, não estoure bolhas e não se exponha ao sol", são orientações de Karina Passos, dermatologista no Hospital das Clínicas de Pernambuco.

4. Lenço umedecido em álcool para tosse

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Imagem: Priscila Barbosa

Para tratar tosse e amigdalite, também era muito comum molhar um lenço com álcool de limpeza e enrolar ao pescoço. Só que essa tática caseira é ineficaz, pois o alívio proporcionado pelos aumentos de temperatura e circulação na pele são momentâneos, de poucas horas, além de ser perigosa, pois pode causar irritação, queimadura, sufocamento e intoxicação. O correto nesses casos é tratar com medicamentos e às vezes até cirurgia prescritos por um médico.

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5. Álcool e pente fino contra piolho

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Da mesma forma sem nenhum efeito positivo, pelo contrário, capaz de desidratar pele e cabelos e provocar vermelhidão e ardor local, era passar álcool na cabeça e, na sequência, um pente fino nos fios.

"Para remover piolhos, o recomendado é lavar a cabeça com xampu de permetrina e usar pente fino só para remover as lêndeas", explica Patrícia Terrivel, pediatra pelo Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio (SP) e conselheira do Trasmontano Saúde.

6. Alho no nariz para aliviar sinusite

Até dente de alho preso na entrada das narinas era usado e muitos acreditavam erroneamente que, por aumentar com a produção de muco, a ponto de ele escorrer para fora, isso limpava suas vias respiratórias. Na verdade, elas ficavam eram mesmo mais irritadas, a ponto de até poderem sangrar.

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Também não é uma boa ideia por conta do risco de asfixia, caso seja inalado acidentalmente. A melhor maneira de lavar o nariz é com soro fisiológico e seringa própria.

7. Vinagre para dor de garganta

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Lembra do copo com vinagre puro para fazer gargarejo? Pois por conta do pH ácido, o líquido irrita e resseca as cordas vocais, podendo danificá-las de vez.

"Fora que corrói a estrutura do esmalte dos dentes, gera sensibilidade e pode ferir e descamar gengivas e mucosas", informa David Barros, dentista pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e da Clínica ITA, em Salvador. Mas gargarejo com água morna sozinha, ou com sal, pode ser utilizado.

8. Bicarbonato para branquear dentes

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Podia ser bastante útil para a avó remover manchas escuras e impregnadas, como as de café, de superfícies. Entretanto, aplicado como clareador dental é contraindicado por profissionais, afirma David Barros.

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A substância provoca abrasão, ou seja, desgasta a superfície dentária e, se usada com frequência, pode prejudicar a saúde bucal como um todo. O mais efetivo ainda é o clareamento controlado, durante prazo estipulado e individualizado, e conduzido pelo dentista.

9. Óleo quente para dor de ouvido

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Imagem: Priscila Barbosa

Os médicos também contraindicam pingar óleo ou azeite quentes no ouvido para tratar otites ou amolecer e facilitar a remoção de acúmulo de cera endurecida do seu interior e desentupi-lo.

"O risco é de se causar queimaduras severas na membrana do canal auditivo, tímpano, e comprometer a audição, que pode ser perdida", adverte Cicero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital Cema (SP). Existem medicamentos específicos e métodos seguros, como micro sucção.

10. Água oxigenada para cortes

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Nem sempre arder é sinal de cura, como se pensava antigamente. Esse produto químico pode agredir a região, já machucada, e provocar ulcerações, sobretudo em mucosas, o que dificulta a ação natural de regeneração. Então, se fez um corte na pele, prefira lavar com água limpa e sabão. Além disso, a manipulação de água oxigenada deve ser feita preferencialmente com luva, porque o contato dela com a pele por si gera reação e pode desencadear uma irritação.

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11. Água boricada para conjuntivite

Muita avó receitava para tratar inflamações oculares, como conjuntivite, mas não é seguro, pois contém ácido bórico, que em sujeitos mais sensíveis pode provocar reações alérgicas e queimaduras.

"Criou-se um mito de que água boricada auxilia na limpeza ocular, mas ela é tóxica e ainda está sujeita a contaminação, se já aberta", adverte o oftalmologista Tiago Batista, do Hospital 9 de Julho (SP). Portanto, em caso de inflamação e dor com secreção, vá ao médico.

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