Calor, excessos, aglomeração: como sua saúde sofre no fim de ano
As festas de fim de ano são momentos de celebração, confraternização e alegria para muitas pessoas. No entanto, também podem ser ocasiões de excessos e descuidos com a própria saúde, favorecidas em parte também pelas aglomerações e o calor típico dessa época do ano.
Por isso, é importante manter a ventilação e uma boa hidratação, preferir alimentos leves, frescos, em boas condições de higiene e conservação e não exagerar no consumo de álcool.
Outro aspecto que merece atenção é a saúde psicoemocional, pois festas de fim de ano podem gerar emoções e sentimentos conflitantes para algumas pessoas, especialmente se estiverem passando por situações difíceis. Nesses casos, é fundamental buscar suporte profissional.
Agora, não levar nada disso a sério acaba elevando os riscos de vir a ter as condições a seguir:
Gastrite
A inflamação da mucosa que reveste o estômago e causa dor, queimação e indigestão pode ser desencadeada ou agravada pelo:
Consumo excessivo de álcool
Alimentação inadequada (rica em gorduras, frituras, condimentos, açúcares) e que aumenta a produção de ácido gástrico
Estresse e ansiedade, em decorrência de cobranças internas e profissionais; expectativas com festas, férias, viagens; incertezas para o próximo ano; sensação de tempo em esgotamento
Diarreia
Alimentos servidos nas ceias de Natal e Ano-Novo podem estar contaminados por microrganismos causadores de doenças, ou que alteram o equilíbrio da flora intestinal, provocando sintomas de diarreia, como cólicas, flatulência, evacuações líquidas e frequentes.
Alguns dos alimentos mais propícios a gerar problemas desse tipo são:
Carnes malcozidas ou malconservadas, que podem conter bactérias como Salmonella, Escherichia coli ou Listeria
Maioneses, molhos, saladas e sobremesas que levam ovos crus ou leite que ficou exposto ao calor por muito tempo e azedou
Frutas, verduras e legumes que não foram bem lavados ou higienizados, contendo parasitas como Giardia ou Toxoplasma
Hipertensão
Em virtude do consumo excessivo de alimentos e bebidas que contêm altas quantidades de sódio, açúcar, gordura e álcool, a força que o sangue exerce sobre as paredes das artérias pode ficar rapidamente acima dos valores normais e aumentar os riscos de infarto e AVC.
Portanto, modere o consumo de cerveja, vinho, pernil, farofa com bacon, queijos amarelos e molhos e doces prontos, ricos em ingredientes industrializados, realçadores de sabor e conservantes.
Diabetes
Pessoas com diabetes precisam ter alguns cuidados especiais com a alimentação e a bebida durante ocasiões festivas. Isso significa ter autocontrole diante de álcool, refrigerantes, doces, embutidos e carboidratos refinados, pois podem aumentar os níveis de glicose no sangue e causar hiperglicemia e a já citada hipertensão.
Sintomas de um pico de açúcar na circulação incluem sede excessiva, vontade frequente de urinar, sonolência, dor de cabeça e visão turva.
Intoxicação alcoólica
Beber de estômago vazio, não se hidratar entre as doses de álcool, misturar diferentes tipos de drinques, tudo isso contribui para essa condição transitória e potencialmente perigosa.
O sujeito que excede seus níveis de tolerância pode ter alterações no sistema nervoso central, como sonolência, descoordenação motora, alteração de humor, confusão mental e até coma. Além disso, o álcool pode agravar a saúde do fígado, dependências e causar acidentes fatais.
Depressão
O fim de ano pode ser um gatilho emocional para algumas pessoas que sofrem de transtornos psicológicos, como a depressão. É que essa é uma época de reflexão, lembranças de entes queridos (principalmente os que estão distantes ou faleceram recentemente), além de comparação pelas redes sociais com outras pessoas (como as que estão se divertindo) e que podem agravar emoções e sentimentos ruins, de tristeza, frustração, rejeição e incapacidade.
Desidratação
Em dezembro, o desequilíbrio de água no organismo pode aumentar devido à maior exposição ao sol —e transpirações— e, como citado, à ingestão de alimentos e bebidas que podem causar diarreias e vômitos.
O álcool também interfere na regulação da sede, da fome e do paladar, fazendo com que se beba menos água e se coma mais alimentos, sem sentir o sal. Desidratado, o sujeito pode ter fadiga, tontura, taquicardia e queda de pressão arterial (hipotensão).
Queimadura
Fogos de artifício e outros artefatos explosivos usados especialmente durante a virada do ano podem provocar graves lesões na pele e em outros tecidos do corpo, se não forem manuseados com cuidado e segurança.
A depender da intensidade do acidente e da extensão do contato com a pele, a queimadura pode ser até de terceiro grau. Os estragos ainda incluem perda de visão, amputação de dedos ou da mão, surdez e intoxicação pela fumaça liberada.
Insônia
Se manter acordado e fazer as refeições tarde da noite (o que é muito comum no Natal e Ano-Novo) pode aumentar a produção de cortisol e adrenalina, que, nos horários noturnos, deveriam diminuir. Esses hormônios estimulantes então somados à presença de refluxo gastresofágico (por se empanturrar logo antes de dormir) e efeitos do álcool, prejudicam a qualidade do sono e favorecem a presença de episódios de interrupção da respiração (apneia).
Virose
Datas festivas costumam reunir muitas pessoas em ambientes fechados, o que facilita a transmissão de vírus que causam doenças infecciosas (covid-19, gripe, rotavírus) e que podem ser graves, especialmente para idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas e imunidade baixa, ainda mais não vacinados.
Os sintomas dessas viroses geralmente duram de poucos dias a uma semana e podem causar febre, dores de garganta e pelo corpo, diarreia, tosse e coriza.
Fontes: Ellen Sodré, otorrinolaringologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Mikkael Duarte, psiquiatra e professor da Afya Educação Médica, de Fortaleza; Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês (SP); e Paulo Camiz, médico e professor de clínica geral no HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
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