'Pênis biônico' e mais: o que pode ser feito para quem teve órgão cortado
Colaboração para VivaBem*
29/12/2023 04h00
Um homem de 39 anos teve o pênis cortado pela esposa em Atibaia (SP). O crime teria ocorrido após a mulher suspeitar de uma traição do marido com uma sobrinha, de 15 anos. Ela fingiu que teria relação sexual com o marido, prendeu as mãos dele e usou uma navalha para cortar o órgão. Depois, tirou uma foto do órgão genital, jogou o membro no vaso sanitário e deu a descarga.
É possível recuperar o órgão em casos como esse? Veja três possibilidades:
'Pênis biônico'
Em 2016, o caso de Mohammed Abad ganhou o mundo. Ele implantou um "pênis biônico" 37 anos depois de perder o órgão em um acidente.
A prótese não só restaurou a capacidade de ereção como também a de ejaculação. O objetivo do implante é reativar a atividade sexual dos pacientes.
O "pênis biônico" reproduz a ereção como ela ocorre em homens que não têm disfunção erétil. O paciente pode "inflar" o pênis quando desejar, em um mecanismo que imita o fluxo sanguíneo natural no momento da ereção.
Todos os componentes da prótese são internos. Uma bomba é implantada no saco escrotal, ativando e desativando o sistema de ereção. Um reservatório que fica no abdômen envia o fluido para preencher os cilindros alojados no pênis.
No SUS e nos planos de saúde, só a prótese semirrígida está disponível. A Sociedade Brasileira de Urologia, porém, indica a inclusão da prótese peniana inflável na relação de procedimentos que os planos são obrigados a oferecer aos usuários. No ano passado, um plano de saúde foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a custear a implantação da prótese.
Reconstrução do pênis
Uma cirurgia desenvolvida pelo médico Ubirajara Barroso e sua equipe no Hospital Universitário Prof. Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia faz a reconstrução do órgão aproveitando a estrutura que fica "escondida" dentro do corpo. Em média, a parte que enxergamos do pênis corresponde a apenas 2/5 do órgão. Os outros 3/5 ficam fixos na bacia.
O que nós fazemos na cirurgia é destacar essa porção do corpo cavernoso do osso e levar tudo para a superfície. É como um iceberg: tem uma porção pequena acima da água e uma grande porção abaixo da água. O pênis pequeno é só a ponta desse iceberg, então nós retiramos a parte de 'dentro da água' e colocamos na superfície.
Ubirajara Barroso, médico, em 2022
Em 2019, a técnica, chamada de Mobilização Total dos Corpos (TCM), foi testada pela primeira vez. O paciente era um menino que teve o pênis arrancado por um cachorro aos 8 meses de idade.
A cirurgia costuma durar cerca de oito horas e a recuperação é rápida. Em cerca de 15 dias o paciente pode voltar a trabalhar. Sexo com penetração pode ser realizado depois de dois meses.
O médico indica o procedimento para pacientes diagnosticados com micropênis, câncer peniano e mutilação, ou para os que farão redesignação de gênero. No último caso, o pênis é construído a partir do clitóris —que, segundo o médico, é um "pênis em miniatura".
Reinserção do pênis
Em 2010, um britânico sofreu uma grave infecção que provocou a perda do pênis. Malcolm MacDonald viu o órgão "cair no chão" após ser diagnosticado com uma infecção na região do períneo.
A solução encontrada pelos médicos foi fabricar um novo órgão usando parte da pele do seu braço esquerdo. A cirurgia para levar o novo pênis à região genital, porém, acabou adiada por seis anos por causa de complicações e outros empecilhos. Com isso, ele ficou com o órgão acoplado no braço.
O implante ocorreu no início de 2022, em uma cirurgia que durou nove horas. Os médicos acrescentaram 5 cm ao órgão a pedido do paciente.
O novo pênis pode ser inflado por meio de uma bomba manual, o que permite que o paciente tenha ereção.
*Com informações do Estadão Conteúdo.