5 trends do TikTok que bombaram em 2023, mas colocam sua saúde em risco
Basta um vídeo viralizar no TikTok para o mundo inteiro ser impactado por ele. E não há critérios: pode ser uma publicação fofinha de um cachorro ou um desafio que coloque sua saúde em risco, com dicas sem fundamentos.
Em 2023, muitas delas apareceram por lá. VivaBem relembra aqui as perigosas e que devem ser evitadas —ou melhor, esquecidas.
1. Dieta do ovo
Nos perfis gringos, fazer uma dieta a base de ovo por 10 dias viralizou —e muito— no TikTok. O cardápio consiste em dez dias comendo três ovos cozidos no café da manhã, almoço e jantar. O objetivo é limitar o consumo diário a até 900 calorias.
Apesar de pessoas dizerem que conseguiram emagrecer até 10 kg, outras falaram que estavam se sentindo mal com a alta ingestão da proteína. Dietas restritivas nesse nível não são novidades e nunca serão saudáveis, alerta Flavia Auler, coordenadora do curso de nutrição na PUC-PR.
Restringir o consumo a um único alimento aumenta o risco de deficiências nutricionais, como as de vitaminas, minerais e carboidratos. O ovo é rico em proteína, apenas. E o corpo precisa dessas outras substâncias para manter as suas reações químicas.
"Comer só ovos não faz parte do hábito alimentar de ninguém. Mesmo em dietas, as pessoas comem outros grupos alimentares, como frutas e verduras", lembra a nutricionista Auler. A deficiência de outros nutrientes no organismo pode causar sintomas como fraqueza, desmaios, convulsões, muita dor de cabeça e alterações de humor.
2. Alergia na ponta dos dedos?
Uma suposta profissional da saúde viralizou em seu TikTok usando uma técnica de "apertar os dedos" para descobrir se a pessoa tem ou não alergia a algum alimento. Além de perigoso, o método, que não tem comprovação científica, pode fazer mal à saúde.
No vídeo, a "especialista" pede para uma mulher apertar o dedo o máximo que conseguir enquanto, na outra mão, tem que segurar o trigo, "um alimento que te faz mal", diz a mulher de jaleco. Para "testar" a alergia ou intolerância, a "suposta dona do consultório tenta abrir os dedos apertados da paciente, que os solta com certa facilidade. "Soltou porque o trigo te tira a energia, certo?", diz a mulher de jaleco.
"Após um extenso levantamento, não encontrei nenhuma pesquisa científica que corrobore, que reforce, garanta, explique ou valide o vídeo", diz Joseraldo Furlan, nutrólogo. Ele enfatiza que a medicina não considera o conceito de energia na forma como é apresentado no vídeo. A qualidade nutricional dos alimentos é uma questão descritiva, baseada na composição dos alimentos, que é documentada.
3. Desafio do apagão
Essa "brincadeira" custou caro para os jovens e chegou a terminar em morte. O jogo propõe que os participantes se sufoquem por alguns segundos na intenção de chegar a um suposto estado de euforia, compartilhando o resultado com outros participantes, especialmente no TikTok.
Apesar de ter voltado à moda, a ideia começou a circular nas redes sociais em 2008, ano em que 82 jovens morreram apenas nos EUA tentando cumprir o desafio, segundo um levantamento feito pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças). Os registros antigos do jogo na internet foram usados como argumento pelo TikTok, que diz que não tem responsabilidade pelo viral.
Os pais americanos que perderam os filhos estão processando a plataforma. Em nota ao UOL, o TikTok disse que eliminaria da plataforma todos os conteúdos relacionados a esse desafio. "A segurança da nossa comunidade é prioridade e levamos muito a sério qualquer ocorrência sobre um desafio perigoso", dizia a nota.
4. Transtorno mental não é piada
Um repórter, que trata problemas de sua saúde mental com psiquiatra e uma analista, ficou impressionado ao ver influencers no TikTok sinalizando uma lista de sintomas e dizendo que, se você se sentia daquele jeito, era porque tinha tal doença.
"Sempre achei que sofria de ansiedade. Mas, depois de passar cerca de três horas pesquisando conteúdo sobre transtornos psicológicos no TikTok e no Instagram, 'descobri' que também 'tenho' TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). Fiz a descoberta vendo um vídeo onde uma moça dançava e apontava para sintomas do distúrbio que surgiam na tela. Eu tinha todos", escreveu.
Quando falamos em TDI (Transtorno Dissociativo de Personalidade), uma doença raríssima, em que um indivíduo que submetido a traumas pode desenvolver múltiplas personalidades, o sucesso na rede é ainda maior. Há mais de 4 bilhões de hashtags sobre TDI no TikTok.
"Não estou falando, de forma alguma, que não existam pessoas que realmente sofrem do transtorno. Elas existem e têm mais que ocupar as redes e se comunicar com pessoas que passam pelo mesmo. O problema é que a banalização não ajuda as próprias vítimas. Afinal, elas sofrem de um distúrbio sério. E que não tem nada de legal ou glamouroso. Além disso, não devem ser todas as pessoas que têm o transtorno que gostam de ver uma coisa tão dolorida ser transformada em 'curiosidade de Tik Tok'", finaliza o repórter.
Se você se deparar com um teste para saber se tem algum transtorno na plataforma de vídeos virais, pode até fazê-lo, mas caso não se sinta bem e desconfie que tem algo sério, procure um profissional de saúde para ajudá-lo.
5. Desafio do galão
Universitários americanos foram parar no hospital ao realizarem o 'Desafio do Galão', que estimula o alto consumo de álcool. O drinque, que consiste numa mistura de bebidas alcoólicas, eletrólitos, aromatizantes e água, se tornou popular no TikTok entre os universitários. A hashtag borg acumula mais de 74,7 milhões de visualizações na plataforma.
Foram necessárias 28 ambulâncias para atender os diversos jovens que comemoravam o Dia de São Patrício e resolveram consumir a mistura.
Segundo os estudantes, a mistura de água e bebidas eletrolíticas serviria para ajudar a diminuir o consumo do álcool e reduzir o risco de ressaca. Entretanto, Nicole Barr, coordenadora de serviços diretos do Centro de Saúde Estudantil Abrons da Universidade da Carolina do Norte Wilmington, disse à CBS News que ainda há preocupação com o tamanho dos galões em que a bebida é servida, bem como o incentivo ao consumo excessivo de álcool.