João Carreiro: entenda quais complicações podem ter levado o cantor à morte
O cantor sertanejo João Carreiro morreu ontem (3) horas após uma cirurgia cardíaca, aos 41 anos. Ele sofria de prolapso da válvula mitral, uma condição que necessita de intervenção cirúrgica apenas quando causa sintomas limitantes ao dia a dia, como palpitações e falta de ar.
O cantor postou um story no Instagram antes da cirurgia dizendo para seus seguidores que sumiria das redes por um tempinho. Mais tarde, sua esposa Caroline Francine também fez uma publicação dizendo que tinha dado tudo certo. Três horas após esse relato, ela postou novamente. Desta vez, pedindo orações.
O cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel, colunista de VivaBem, explica que, possivelmente, duas complicações durante a cirurgia podem ter causado a morte do cantor:
- uma grande quantidade de arritmia (mudança no ritmo regular e/ou na frequência das batidas do coração)
- ou uma síndrome de resposta inflamatória
Lembrando que cada situação é única e individual e o médico não teve acesso ao prontuário ou informações mais detalhadas do estado de saúde do cantor.
"Se o paciente começa a ter grandes quantidades de arritmia, a pressão fica significativamente descontrolada, cai muito, e o coração entra em choque. Nesse caso, é preciso muita medicação, mas a pessoa pode não responder a esse tratamento", explica o cirurgião.
Outra situação é a síndrome de resposta inflamatória. Atique Gabriel explica que, durante a cirurgia, várias ações que são protocolares geram uma inflamação cardíaca: é preciso parar o coração, esfriar o corpo, fazer o coração voltar a bater e aquecer o corpo novamente, por exemplo.
"Nem sempre o corpo tem a adaptação que queremos. E, após a cirurgia, os batimentos e a pressão não se mantêm estáveis devido a essas intervenções abruptas, e necessárias, para a cirurgia", diz o especialista.
Nesse caso, o coração começa a se deteriorar, a pressão, batimentos e oxigenação caem. O paciente precisa fazer uso de muitas medicações simultâneas, para controlar todos esses parâmetros, e nem sempre a resposta é favorável.
"Ambos os casos podem levar ao óbito nas primeiras horas do pós-cirúrgico", afirma o médico.
Nem todos os casos são cirúrgicos
Atique Gabriel explica que por se tratar de alguém jovem e conhecido, a morte após a cirurgia é ainda mais chocante, mas diz que nem todas as pessoas com prolapso na válvula mitral precisam passar por cirurgia.
"Não é uma doença, é uma variação na anatomia da válvula. Muitas pessoas têm e não sabem. Acabam descobrindo em exames de rotina", diz.
A necessidade da cirurgia ocorre quando essa forma diferente da válvula também causa algum vazamento no coração, o que acarreta sintomas como falta de ar, frequência cardíaca aumentada e dores no peito.
"O coração fica sobrecarregado, então você pode fazer a substituição da válvula", diz. O paciente pode não se adaptar bem às mudanças, por isso as primeiras horas após a cirurgia são cruciais, e o paciente precisa ser acompanhado de perto.
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