Quinho do Salgueiro morre aos 66; ele tratava câncer de próstata desde 2022

Tratando um câncer de próstata há dois anos, o intérprete de sambas-enredo Quinho do Salgueiro, uma das personalidades mais marcantes do Carnaval carioca, morreu no final da noite desta quarta-feira (3) aos 66 anos. Ele estava internado no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, zona norte do Rio.

Segundo familiares, a causa da morte foi insuficiência respiratória. O velório de Quinho ocorrerá nesta quinta-feira (4), das 15h às 20h na quadra do Acadêmicos do Salgueiro e será aberto ao público.

Melquisedeque Marins Marques deu voz a diversos sambas-enredo do Salgueiro, incluindo um dos mais famosos da história, "Peguei um ita no Norte", de 1993, que tem como refrão: "Explode coração, na maior felicidade. É lindo o meu Salgueiro, contagiando, sacudindo essa cidade". Este era o favorito de Quinho. Além disso, ele é responsável por um grito de guerra clássico do carnaval: "Arrepia, Salgueiro. Pimpa, pima. Ai, que lindo!".

Em fevereiro do ano passado, Quinho concedeu uma entrevista a VivaBem, em que contou sobre o tratamento da doença, que ele descobriu no início de 2022. Na época, o cantor passou dez dias com dificuldade para urinar e procurou, pela primeira vez, um urologista.

O médico indicou colocar uma sonda para fazer xixi e pediu exames. No Carnaval de abril daquele ano, adiado por causa da pandemia, o salgueirense já estava com a sonda.

"Eu já estava perdendo peso, só que não percebia. Para mim, era uma infecção urinária. Em janeiro, o pau já estava quebrando em termos de escola de samba, e o Salgueiro é muito requisitado, por ser um gigante do Carnaval. Eu ia para um lado, o Emerson [Dias, também intérprete do Salgueiro] ia para outro e, quando acabou, fui para cima resolver a situação", lembrou o cantor na reportagem de VivaBem.

Uma biópsia confirmou um tumor maligno. "A gente acha que não vai acontecer com a gente", disse na entrevista que deu em fevereiro de 2023. "Cada um tem uma forma de receber a notícia e eu me retraí. Depois que vi as coisas acontecendo, a resposta ao tratamento, eu contei para o presidente [do Salgueiro, André Vaz] e, na sequência, para as pessoas, os veículos de comunicação."

Quinho realizava quimioterapia mensalmente e também cumpriu uma semana de radioterapia. Ele contou, na ocasião, que recebia apoio para além do Salgueiro durante todo o tratamento, e que o cuidado e incentivo chegaram também das escolas de samba coirmãs. "Eu não sou só cantor do Salgueiro, sou cantor do Carnaval do Rio de Janeiro, que vai para todo o mundo", disse na entrevista.

Como diagnosticar o câncer de próstata

Na entrevista que concedeu a VivaBem, Quinho defendeu a realização do exame de toque retal para o diagnóstico da doença.

Continua após a publicidade

"Se chegou a idade, não seja ogro igual ao Quinho. A medicina está muito avançada. Faça o toque, depois o exame de sangue. O toque é imprescindível para o médico identificar se tem nódulo ou não. Do que adianta essa resistência? Eu não fiz toque retal ao longo da vida e agora tenho que fazer constantemente para saber como está a próstata."

Exames. A suspeita de câncer pode surgir pelo exame de toque retal. No procedimento, o médico insere o dedo indicador no ânus do paciente para apalpar a glândula e sentir nódulos. Outro exame importante é o que mede os níveis de PSA (antígeno prostático específico), um dos marcadores do câncer de próstata. Ambos os exames têm indicação para serem realizados todos os anos a partir dos 50.

Sinais. Sintomas de urina, como as mudanças relatadas pelo cantor, costumam ser alertas para o câncer de próstata —considerado silencioso, daí a importância do rastreio anual. As dificuldades ocorrem porque o crescimento da próstata "estrangula" o canal da bexiga, podendo levar à sua obstrução total. São comuns:

Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou a noite;

Diminuição ou alteração no jato de urina (jato curto e gotejamento, por exemplo);

Dor ao urinar e/ou ejacular;

Continua após a publicidade

Presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

*Com informações de reportagem publicada em 19/02/2023.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.