Náuseas, aborto, depressão: quais são os efeitos da exposição a agrotóxicos
Colaboração para VivaBem
07/01/2024 04h03
Os agrotóxicos são produtos químicos utilizados para matar insetos, larvas, fungos e carrapatos. Na agricultura, eles são aplicados em etapas como a preparação do solo, o acompanhamento da lavoura e o beneficiamento de produtos.
Também chamados de pesticidas, eles são utilizados para possibilitar a produção agrícola em larga escala. A exposição a essas substâncias, entretanto, pode provocar sérios danos à saúde.
Como ocorre a contaminação
O INCA (Instituto Nacional do Câncer) explica que há duas formas principais de exposição: no trabalho, pela inalação ou pelo contato durante a manipulação, aplicação e preparo da substância; ou no ambiente.
Assim, quem vive longe de áreas rurais, em que o uso dessas sustâncias é mais comum, não está livre de uma possível contaminação. Água e alimentos com resquícios de agrotóxicos representam um perigo invisível, mas presente nas cidades brasileiras.
Quais são os efeitos à saúde
O INCA divide os efeitos dos agrotóxicos à saúde em dois grupos: os agudos e os crônicos.
Os agudos são os que aparecem rapidamente:
Através da pele —irritação, ardência, desidratação e alergias;
Através do sistema respiratório —ardência no nariz e na boca, tosse, coriza, dor no peito e dificuldade para respirar;
Através da boca —irritação da boca e da garganta, dor de estômago, náuseas, vômitos e diarreia.
Dor de cabeça, transpiração anormal, fraqueza, câimbras, tremores e irritabilidade também são considerados efeitos agudos da exposição a agrotóxicos.
As consequências, porém, podem aparecer no longo prazo, após a exposição repetida a pequenas quantidades de agrotóxicos.
Esses são os efeitos crônicos, como dificuldade para dormir, esquecimento, aborto, impotência, depressão, problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireoide, dos ovários e da próstata, incapacidade de gerar filhos, malformação e problemas no desenvolvimento intelectual e físico das crianças.
Agrotóxicos provocam câncer?
Segundo o INCA, a associação entre agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer é controversa. Isso porque os indivíduos estão expostos a muitas substâncias —ou seja, é difícil isolar o efeito específico dos agrotóxicos para comprovar que eles, sozinhos, causam a doença.
"Porém, é importante salientar que estudos vêm mostrando o potencial de desenvolvimento de câncer relacionado a diversos agrotóxicos, justificando a recomendação de precaução para com o uso e contato", diz material produzido pelo INCA.
Os tipos de câncer mais relacionados ao contato prolongado com agrotóxicos são leucemia, linfoma não Hodgkin, câncer de rim, pulmão e tumores cerebrais.
Como reduzir o consumo
Alguns procedimentos podem diminuir o consumo de agrotóxicos no cotidiano:
Lave frutas e legumes como abacaxi e cenoura mais de uma vez. Primeiro, com água corrente, use uma escovinha para higienizar a casca. Depois, descasque e lave novamente. Seque com papel toalha.
Quando for higienizar verduras, como alface e repolho, descarte as primeiras folhas. Elas possuem a maior carga de veneno.
Repare se os cabinhos das frutas têm uma espécie de penumbra ou um pó branco. Isso indica excesso de agrotóxicos. O mesmo vale para manchas esbranquiçadas nas cascas.
Desconfie de vegetais muito perfeitos e grandes demais.
Prefira os alimentos da época, que tendem a receber menos agrotóxicos.
Deixe verduras e legumes de molho em uma solução de bicarbonato de sódio para eliminar resíduos. A proporção é de 1 colher de sopa rasa de bicarbonato para 1 litro de água. Depois, lave novamente.
Hipoclorito de sódio ou vinagre também podem ser usados como alternativa ao bicarbonato de sódio para a higienização.
Vegetais fervidos, cozidos ou assados têm menor índice de contaminação.
Com informações de especial publicado em Universa.