Escovação a seco é realmente bom para a sua pele? Especialistas avaliam
Isabella Abreu
Colaboração para o VivaBem
19/01/2024 04h00
A escovação a seco é um método de esfoliação corporal que está ganhando destaque recentemente por causa de celebridades e das redes sociais. Originária da ayurveda (sistema de medicina alternativa desenvolvido na Índia), a técnica consiste em esfregar a pele seca com uma escova durante três a cinco minutos e tem conquistado as brasileiras com a promessa de melhorar a textura da pele, reduzir o inchaço e ajudar na eliminação de toxinas.
Mas será que vale a pena incluir a prática na sua rotina de cuidados? A verdade é que, embora haja muitos depoimentos na internet que divulgam benefícios, não há ensaios clínicos para validar esses efeitos.
"Não há evidências científicas que comprovem esses resultados", diz a médica dermatologista Mayara Carvalho. Para ela, escovação a seco é péssimo para a saúde da pele, aumenta processo inflamatório e risco de infecções por conta da fricção.
"Quando aplicamos um atrito na pele com um material sintético, podemos aumentar a produção de interleucinas (substâncias inflamatórias), gerar escoriação (que pode favorecer infecções) e também piorar quadros pré-existentes, como vitiligo, psoríase e dermatite atópica. Ou ainda criar doenças pelo atrito, como líquen simples crônico, foliculites e manchas pós-inflamatórias, entre outros problemas. Em resumo, podemos causar diversos danos desnecessários", alerta.
Estimula a drenagem linfática?
Apesar de os movimentos da escovação teoricamente estimularem a circulação sanguínea, não são suficientes para surtir efeitos positivos e reduzirem a aparência da celulite. "A celulite é uma doença multifatorial, o tratamento ainda é desafiador e a escovação a seco não pode ser indicada como solução", diz Viviane Scarpa, dermatologista especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
A médica explica que, como após a esfoliação o correto é tomar banho e depois hidratar, a pele ficaria com uma aparência mais agradável, melhorando a percepção dos "furinhos".
O ideal é apostar em uma técnica realmente efetiva para essa finalidade. De acordo com Carvalho, o método tradicional de drenagem linfática com massagem vigorosa através dos dedos, com a ajuda de cremes e óleos a fim de não agredir a pele, é o que de fato garante a melhora da circulação linfática e ajuda no combate à celulite.
E bucha no banho?
Esfregar o corpo diariamente com buchas e esponjas também deve ser evitado. "O uso excessivo pode causar danos à pele, como ressecamento, irritação e até mesmo abrasão. Trate sua pele com delicadeza", diz a dermatologista Adriana Vilarinho, autora do livro "Beleza à Flor da Pele".
Segundo Carvalho, as células mortas se desprendem naturalmente da nossa pele e o atrito da mão e do sabonete durante o banho já é suficiente para remoção. "Porém, se ainda assim desejar fazer uma esfoliação, que seja de forma suave, com um sabonete esfoliante adequado para seu tipo de pele", recomenda.
Mas essa esfoliação não pode ser feita todos os dias. A frequência sugerida é de uma a duas vezes por semana, em dias alternados. "Temos uma camada de gordura, chamada camada lipídica, que recobre a superfície da nossa pele e serve como barreira de proteção. Ao esfoliar em excesso, nós removemos essa camada e deixamos a pele mais exposta ao risco de infecções por fungos e bactérias", explica Silvia Helena Rodrigues, presidente da SBD - Regional Ceará.
Portanto, é preciso muito cuidado para não ser enganado com modismos da internet. E, vale lembrar, sempre consulte um médico antes de incorporar novas práticas de cuidados com a pele, especialmente se você possui condições dermatológicas pré-existentes.
Fontes: Adriana Vilarinho, graduada em medicina e residência médica em dermatologia pela Faculdade de Medicina do ABC, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Mayara Carvalho, formada em medicina pela Universidade Estácio de Sá; Silvia Helena Rodrigues, dermatologista e presidente da SBD - Regional Ceará; Viviane Scarpa, formada em medicina pela PUC Campinas e membro da SBD.