10 mitos e verdades sobre como socorrer alguém na praia

Quando se fala em praia, geralmente pensamos em nos divertir, relaxar e aproveitar a natureza. Mas nem sempre esse passeio, típico de verão, é tranquilo e seguro. Às vezes, podem ocorrer situações de risco, que exigem ações rápidas e corretas para salvar vidas.

Mas você sabe como agir nesses casos? Há muitos mitos sobre como socorrer alguém na praia que acabam comprometendo o que é o certo. Neste texto, vamos apresentar algumas dicas e informações importantes para você saber o que fazer e o que não fazer em meio a um resgate.

Entrar no mar para ajudar em afogamento

Mito. Se não for salva-vidas não faça isso. Peça ajuda para os Bombeiros no 193, mas sem entrar na água, pois em pânico a vítima agarra você e os dois se afogam juntos.

"Para parar o afogamento, sem se envolver, jogue algum material flutuante à distância, para depois puxar de volta e prestar os primeiros-socorros", explica David Szpilman, médico intensivista, experiente em afogamentos, e secretário geral da Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático).

Dar algo salgado de comer para subir a pressão

Mito. É ineficaz para queda de pressão por calor intenso e perda de água por suor e urina. "Excesso de sal pode ter efeitos adversos", lembra Bianca Gonçales, técnica em nutrição pelo Centro Paula Souza e nutricionista da clínica CliNutri (SP).

O que ajuda é mastigar (pois ativa circulação e batimentos, fazendo a pressão subir), bem como deitar e erguer as pernas (faz o sangue voltar para coração e cérebro) e beber água em goles (aumenta o volume sanguíneo).

Após afogamento ou enjoado, não forçar vômito

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Imagem: iStock

Verdade. "Não é aconselhado, como também, em caso de afogamento, não tentar aspirar água do pulmão, ou colocar a vítima de cabeça para baixo e chacoalhar seu corpo, pois existe risco de broncoaspiração", adverte Rafael Lins, instrutor de mergulhos de regaste e presidente da Apasagv (Academia Pernambucana de Salva-vidas-Guarda-vidas), no Recife.

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No afogamento, deve-se esperar o socorrista e, com enjoo, se hidratar regularmente e comer alimentos secos.

Fazer vítima de desmaio aspirar cheiro forte

Mito. Após perda de consciência ocasionada principalmente por insolação, jejum prolongado (hipoglicemia), desidratação ou afogamento, não coloque à vítima para aspirar substâncias com cheiro forte, como algodão queimado, esclarece o instrutor de mergulhos de regaste Rafael Lins.

"Também não jogue água no rosto dela". O ideal é colocá-la em local arejado, de barriga para cima e com a cabeça levemente lateralizada para impedir a aspiração de secreções.

Desidratado, dar de beber água de uma só vez

Mito. Dar muita água de uma vez não reverte imediatamente desidratação, que é causada por exposição prolongada ao sol e falta de reposição de líquidos, causando sintomas como tontura, boca seca, fraqueza e desmaio.

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"Antes, pode diminuir os eletrólitos, minerais que carregam uma carga elétrica quando estão dissolvidos em líquido como sangue, levando à hiponatremia (diminuição da concentração de plasma no sangue e sódio) e agravo de náuseas", diz Gonçales. Prefira oferecer pequenos goles de água aos poucos.

Com corte e sangramento, comprimir bem a área

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Verdade. Seja por caco de vidro na areia, ou cerol em linha de pipa, siga as orientações de Leonardo Barros, enfermeiro emergencista e instrutor do Samu de Campina Grande, na Paraíba: "Utilize a própria roupa ou um pedaço de tecido para comprimir e cessar a circulação e evitar risco de choque hipovolêmico, que impede o coração de bombear sangue para o corpo e pode matar". Com linha ou vidro presos à pele, não mexa e aguarde o socorro (193) chegar.

Resfriar queimaduras com água gelada ou gelo

Mito. Queimaduras solares geralmente são de 1º grau (com vermelhidão, inchaço e dor local) ou 2º grau (formação de bolhas, indisposição e desidratação). Se aplicar gelo ou água gelada sobre elas, os danos à pele serão maiores, pois o frio intenso também queima.

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"Para obter alívio da dor é indicado colocar uma toalha umedecida sobre a área afetada, para hidratá-la e evitar de ficar exposto ao calor ou tocar no tecido queimado", explica o enfermeiro Barros.

Surdo por água, inclinar e pressionar o ouvido

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Verdade. Se água do mar entrou nos ouvidos e está causando obstrução do som, zumbidos, dor e mal-estar, que em algumas pessoas pode desencadear tontura e desespero, incline a cabeça do lado afetado e pressione a parte externa da orelha, a fim de fazer a água sair.

"Mas nunca introduza nada nos ouvidos. Se não conseguir tirar o conteúdo, procure um médico", indica Ellen Sodré, otorrinolaringologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Com insolação, na falta de água oferecer álcool

Mito. Ao se sofrer um super aumento da temperatura corporal e com sintomas como tontura, visão embaçada, dor de cabeça, taquicardia, náuseas, suor frio, o correto é levar o sujeito nessas condições para um local sombreado, ventilado e fazer sua hidratação oral e local (principalmente nuca e testa) com bastante água fria.

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"Na falta dela, ofereça sucos naturais e isotônicos, mas bebida alcoólica não, pois contribui para a desidratação", esclarece Gonçales.

Com dor no peito, mandar voltar para casa

Mito. Dor no peito que se estende para braço e mandíbula, junto com falta de ar, tontura, suor e náusea são indicativos de infarto. Portanto, ligue para o Samu (192) e não deixe a pessoa ir embora, muito menos dirigindo.

Ela deve repousar, respirar profundamente e, se possível, tomar dois comprimidos de aspirina. "Se desfalecer, alguém deve iniciar imediatamente a recuperação cardiopulmonar, com 100 compressões torácicas a cada minuto", orienta Barros.

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