Modelo brasileira muda a cor dos olhos com cirurgia; entenda os riscos

A modelo brasileira Layyons Valença causou polêmica nas redes sociais após passar por um procedimento cirúrgico para mudar a cor de seus olhos. Aos 24 anos, ela fez uma ceratopigmentação, mudando a cor do seu olhar de castanho para azul.

Layyons fez a cirurgia há um ano, em Genebra, na Suíça. O procedimento custou cerca de R$ 45 mil. "Com os meus olhos marrons, que é a minha cor natural, não me identificava, não conseguia me olhar no espelho", disse em entrevista ao Fantástico.

Sua namorada, Anastasia Brenda Biya Eyenga, filha do presidente de Camarões, já tinha feito o procedimento nos Estados Unidos usando uma técnica diferente. Mas o resultado foi traumático: ela chegou a perder boa parte da visão.

Mudar a cor dos olhos é um procedimento de alto risco e proibido para fins estéticos no Brasil. Ele é apenas indicado a pessoas que têm doenças graves que causam opacidade extrema nos olhos, que não tem mais capacidade ou baixa possibilidade de visão.

Procedimentos como esse, de alteração da cor do olho, podem causar:

  • Lesões na córnea;
  • Infecções graves;
  • Aumento da pressão arterial ocular;
  • Dificuldade para a realização de cirurgias no futuro.

Pacientes que já usaram a técnica informam dificuldade de enxergar, dor no olho, ardência, sensação de areia, aversão à luz e lacrimejamento persistente. Todas essas situações podem levar à redução da visão do paciente, seja na periferia ou no centro da visão, evoluindo, em alguns casos, para a cegueira permanente.

A própria Layyons, que não teve complicações com sua cirurgia, afirmou ao Fantástico que sofreu com a fotossensibilidade nos três primeiros meses após o operatório.

Micropigmentos

Na chamada "tatuagem da córnea", ou ceratopigmentação, é empregada uma técnica cirúrgica na qual micropigmentos de diferentes cores são implantados nas camadas mais internas da córnea para alterar sua coloração. O procedimento é destinado, principalmente, ao tratamento de manchas brancas que acometem os olhos de pacientes cegos.

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"Muitos pacientes que apresentam cegueira permanente em um olho sofrem com o estigma social que sua aparência pode provocar. A ceratopigmentação é uma técnica indicada para casos em que o paciente cego não se adapta à lente de contato cosmética (lente de contato colorida), ou quando não há indicação de evisceração ou enucleação (retirada do globo ocular) para adaptação de prótese ocular", esclarece a cirurgiã oftalmologista Juliana Feijó Santos.

"É importante enfatizar que a ceratopigmentação refere-se apenas à coloração corneana, sendo a modificação da coloração escleral (a parte branca do olho) totalmente proscrita (não deve ser realizada)", destaca.

"Como em todos os procedimentos cirúrgicos, os principais riscos são de infeção e inflamação do olho operado", alerta Juliana Feijó, especialista em córnea.

Ela ressalta ainda que são poucas as evidências científicas dos efeitos de longo prazo do uso de pigmento no estroma corneano, corroborando a necessidade de cautela na busca pela ceratopigmentação.

O CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) alerta que a ceratopigmentação pode dificultar futuros exames e procedimentos oculares, como o mapeamento de retina e a cirurgia de catarata.

*Com informações da Agência Brasil

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