Seu parceiro ronca e atrapalha seu sono? Veja como amenizar o desconforto
Isabella Abreu
Colaboração para o VivaBem
22/01/2024 04h00
É tarde da noite e você deveria estar dormindo, mas seu parceiro, que está deitado ao seu lado, está roncando sem parar. Já passou por isso?
Dados da ABS (Associação Brasileira do Sono) mostram que cerca de 24% dos homens e 18% das mulheres roncam. Em pessoas com mais de 60 anos, os números são maiores: 60% têm essa condição.
Segundo George do Lago Pinheiro, otorrinolaringologista e membro da ABS, quem ronca, na maioria dos casos, não tem ideia de que isso acontece. O problema vem à tona quando a pessoa divide o quarto ou a cama com outro.
"O ronco é um distúrbio do sono compartilhado que não afeta somente quem o apresenta, mas todas a pessoas com quem convive. Outro problema da pessoa que divide a cama com o roncador é ocorrência de pausas respiratórias associadas ao ronco, trazendo preocupação e medo", diz Pinheiro.
A dificuldade para iniciar o sono e também os possíveis despertares frequentes durante a noite em função da intensidade do ronco impactam o momento de descanso, representando um alerta. "A privação do sono pode ocasionar alguns problemas de saúde, como hipertensão, aumento de peso, perda de memória e até diabetes. Além disso, no curto prazo, acaba interferindo na disposição e humor", comenta a neurologista Mirella Fazzito, da Clínica Araújo & Fazzito.
O que o seu parceiro pode fazer
Sempre é necessário buscar avaliação médica em caso de ronco, pois há relação com uma doença séria chamada apneia obstrutiva do sono. Esse distúrbio respiratório é caracterizado pelo breve, mas frequente bloqueio das vias respiratórias, que provoca interrupções da respiração totais (apneias) ou parciais (hipopneias) durante o sono.
Mas alguns fatores podem ajudar a diminuir a sua intensidade —o que não exclui a necessidade de ajuda profissional. Veja algumas dicas:
Mudar a posição de dormir
O ronco é comum quando alguém se deita de barriga para cima e, às vezes, pode até ser resolvido simplesmente passando a dormir de lado e com a cabeça elevada.
Realizar lavagem nasal
A congestão nasal pode fazer com que a pessoa respire pela boca e, consequentemente, ronque. Nesse sentido, fazer a lavagem do nariz com soro fisiológico no período da noite pode ser de grande valia.
Mudanças no estilo de vida
Perder peso (em caso de pacientes obesos), parar de fumar, realizar tratamentos para alergias e doenças respiratórias (se for essa a causa associada ao ronco), praticar atividades físicas diariamente, manter a pressão arterial sob controle e realizar exercícios que fortalecem a estrutura da garganta são medidas recomendadas.
Outras estratégias de higiene do sono também podem ser úteis:
à noite, procure comer somente alimentos de fácil digestão e não exagere nas quantidades;
evite tomar café, chás com cafeína (como chá-preto e chá-mate) e refrigerantes derivados da cola, pois todos são estimulantes;
evite dormir com a TV ligada;
procure usar colchões confortáveis e silenciosos;
tire da cabeceira o telefone celular e relógios;
evite que o quarto seja excessivamente iluminado, abafado, quente, frio ou que, de alguma forma, não induza ao sono.
O que você pode fazer
Ouvir o ruído branco
O ruído branco é um som de fundo no qual existem todos os níveis de frequências (alto, médio e baixo), estão uniformemente distribuídos e soam no mesmo volume, sem quedas. Há diversos aplicativos que o reproduzem e pode ser um bom aliado na tentativa de abafar o ronco.
Usar protetores de ouvido
Os protetores auriculares são uma solução comum utilizada para aliviar o barulho. Há uma ampla variedade de modelos e tipos (silicone, espuma) e você pode escolher o que melhor se adapta. Outra opção é utilizar fones com cancelamento de ruído.
Ir dormir antes de seu parceiro
Embora não tenha sido estudado, é possível que alguém que está em um estágio mais profundo do sono não seja acordado tão facilmente por barulhos como o ronco. Experimente adormecer antes que a pessoa que ronca vá para a cama.
Dormir em quartos separados é uma opção?
De acordo com Pinheiro, a decisão de dormir em quartos separados deve ter várias motivações, mas o ronco não deveria ser uma delas. "Roncar tem tratamento e pode ter consequências sérias para a saúde —tanto para quem ronca quando para quem convive. Entretanto, se o parceiro não aceita buscar ajuda médica, dormir em outro quarto pode ser uma estratégia para que pelo menos a pessoa que não ronca tenha melhor qualidade de sono", diz.
Fontes: Francisco Hora Fontes, formado em Medicina pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e coordenador do Laboratório do Sono do Hospital Português da Bahia; George do Lago Pinheiro, otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira do Sono; Mirella Fazzito, formada em Medicina pela Unitau (Universidade de Taubaté), com residência médica em neurologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.