Com câncer aos 6 anos, Enzo ama Fuscas e realizou sonho de ganhar carrinho
Enzo Santana, 6 anos, trata há 3 anos um câncer que começou no rim e mas teve metástase no pulmão. Antes de ficar doente, o menino viu um Fusca vermelho em uma feira de carros antigos e se apaixonou pelo automóvel.
Procurada pela mãe de Enzo, a dona de casa Sirlane da Silva Felipe, de 35 anos, uma ONG realizou o sonho do menino em ter um Fusquinha de controle remoto. Agora, a mãe espera ter realizado o sonho dela: ver o filho curado.
A seguir, ela conta a história do menino:
"Em dezembro de 2021, Enzo teve febre, dor de barriga, perda de apetite e emagreceu bastante. Eu dava remédio para dor e febre, ele melhorava, mas depois de um tempo voltava a ficar mal. Os sintomas duraram cerca de um mês e meio, até que um dia fui dar banho nele e notei um caroço no lado direito do abdome.
Levei o Enzo na UPA, ele fez um raio-x e identificaram uma massa no abdome e outra no pulmão. Ele foi transferido para um hospital onde realizaram uma tomografia. Pelo resultado, os médicos suspeitaram que poderia ser um tumor e me orientaram a procurar uma equipe especializada para confirmar a hipótese.
Consegui uma vaga no Inca (Instituto Nacional de Câncer), o Enzo fez mais exames e foi diagnosticado com câncer no rim direito (chamado tumor de Wilms), já com metástase no pulmão (entenda mais abaixo).
O tumor media 9 cm e o estado era considerado grave.
Chances de cura
Eu e meu marido ficamos em choque e abalados com a notícia, nosso filho tinha apenas três anos e há um mês antes meu sogro havia falecido de câncer. Apesar do baque, os médicos nos acalmaram e disseram que a chance de cura é alta quando a doença é descoberta precocemente.
Em 2022, Enzo iniciou a primeira etapa do tratamento, fez três ciclos de quimioterapia e a cirurgia para a retirada do rim direito e um pedaço do fígado, que foi acometido pelo tumor. Na segunda etapa, fez 14 sessões de radioterapia e realizou uma segunda cirurgia, dessa vez para retirar as metástases do pulmão.
Enzo continua com as quimioterapias até hoje, tem ciclos em que ele faz cinco vezes na semana.
É um processo agressivo e doloroso, o Enzo não gosta, chora, diz que não aguenta mais. Mas a gente explica que ele precisa fazer para sarar a 'dor de barriga'— não contamos que o menino tem câncer, para preservá-lo.
O próximo passo é o quadro do Enzo se estabilizar para ele poder realizar o transplante autólogo (no qual são transferidas células-tronco, entenda mais abaixo).
Paixão por Fusca
Seguindo recomendação médica, tiramos o Enzo da escolinha por conta do tratamento e da queda de imunidade. Ele passa a maior parte do dia em casa brincando com as irmãs ou de carrinho.
Enzo ama carros antigos e, desde que ganhou um Fusquinha de presente, o automóvel se tornou sua paixão.
Dois meses antes de recebermos o diagnóstico de câncer, meu marido levou o Enzo a uma feira de carros antigos na nossa cidade, em Vassouras, no Rio de Janeiro. Ele se apaixonou por um Fusca vermelho 1995, chamado "Roncador". Ele tirou uma foto ao lado do carro, eu revelei e guardei.
Em 2023, Enzo teve uma piora da doença e ficou internado. Uma enfermeira comentou que um dos pacientes iria participar de uma ação da Make-a-Wish Brasil, uma organização que realiza sonhos de crianças e adolescentes diagnosticados com doenças graves, cujo objetivo é proporcionar força, alegria e esperança.
Entrei em contato com eles pelo site, gravei um vídeo contando a história do meu filho e ele foi selecionado para participar da campanha. Eles realizaram o sonho do Enzo e o presentearam com um Fusca vermelho de controle remoto e com alguns Fusquinhas de brinquedo.
Desfile de carros antigos
Além disso, fizeram outras surpresas bem legais, promoveram um desfile de carros antigos na porta da nossa casa e o Enzo se tornou membro honorário do clube Relíquias Veículos Antigos de Vassouras.
Também localizaram o Lionel, o dono do Fusca que o Enzo tinha tirado foto na feira antes de ficar doente. O Lionel nos levou para passear com o "Roncador" pela cidade. Meu filho ficou muito feliz e me agradeceu.
Essa experiência marcou a vida do Enzo. Ele tem tanto amor e ciúmes dos Fusquinhas que todas as noites dorme com eles na cama. Hoje aos 6 anos, o garoto tem um novo sonho: comprar um Fusca vermelho de verdade quando crescer.
Com a ajuda de todos os envolvidos, realizei o sonho do meu filho e agora espero realizar o meu sonho de ver o Enzo curado
Como mãe, vejo o sofrimento dele, mas também vejo como ele é um menino forte e uma inspiração para todos nós. O processo não é fácil, mas tenho fé, esperança e a certeza de que Deus já deu a vitória para ele."
Participe do Bloomin' day
No dia 24 de janeiro, o Outback e a Make-A-Wish Brasil promovem o Bloomin' Day. Nesta data, toda a venda líquida da Bloomin' Onion, a famosa cebola gigante e dourada do Outback, será revertida para a realização de sonhos de crianças e adolescentes com doenças graves, como o Enzo.
Para participar e colaborar com a causa, os consumidores podem comprar a Bloomin' Onion nas unidades físicas do restaurante ou as Bloom' Petals pelo delivery da marca.
Respondemos 7 dúvidas sobre o tumor de Wilms
1 - O que é tumor de Wilms?
Tumor de Wilms ou nefroblastoma é um tipo de câncer que tem origem nos rins e pode se disseminar principalmente para os pulmões e o fígado. É o tumor dos rins mais frequente na infância e corresponde a cerca de 5% a 10% dos tumores pediátricos.
Acomete principalmente crianças até 7 anos de idade, com pico de incidência entre 2 e 3 anos de vida. Pode ocorrer em adultos também, mas é raro.
2 - Qual a causa?
Não há causa específica, mas uma pequena parcela de pacientes tem doenças genéticas que predispõem ao tumor, como a síndrome de Denys-Drash e síndrome de Beckwith-Wiedemann.
Malformações do trato gênitourinário, ausência de íris nos olhos, assimetria de tamanho de cada metade do corpo também são fatores de risco à neoplasia.
3 - Quais são os sinais e sintomas?
É um tumor que se origina nos rins (na parte posterior do abdome) e vai crescendo progressivamente, com poucos sintomas, até que ocorre um aumento no volume do abdome da criança, o que chama a atenção dos pais.
O tumor também pode ser notado ao se palpar a barriga da criança durante os cuidados diários e perceber um "caroço" nela. Em menos de um quarto dos casos pode haver sangue na urina. Dor abdominal, falta de apetite ou enurese noturna (voltar a fazer xixi na cama) em criança que já tinha controle esfincteriano também são sintomas mais raros.
4 - Como é feito o diagnóstico?
A suspeita clínica é feita pelo exame físico em que se palpa um tumor nos flancos da criança. A ultrassonografia abdominal é o primeiro exame a ser realizado e já mostra o tumor acometendo o rim.
Para uma avaliação mais detalhada do tumor e verificar se há metástases, a tomografia computadorizada com contraste ou a ressonância magnética do abdome podem ser utilizadas. Na maioria das vezes, os achados dos exames de imagem são tão típicos que, associados aos achados clínicos, já permitem dar o diagnóstico de tumor de Wilms.
5 - Quais os tratamentos?
O tumor de Wilms é um tumor curável na grande parte dos casos. O tratamento inclui a cirurgia para remoção do câncer, associada à quimioterapia, o que permite a cura de mais de 90% das crianças. Em situações específicas, a radioterapia pode ser indicada.
6 - Em que casos o transplante autólogo é indicado para pacientes com tumor de Wilms?
O transplante autólogo de células tronco hematopoéticas é indicado para pacientes que não responderam ao tratamento convencional ou que tiveram recidiva do tumor de Wilms.
Neste tipo de transplante são utilizadas altas doses de quimioterapia, seguida de infusão de células tronco hematopoéticas para recuperação dos efeitos colaterais sobre as células do sangue. As altas doses de quimioterapia têm o objetivo de destruir células residuais do tumor.
7 - O tumor de Wilms tem cura?
Sim, como falamos, mais de 90% das crianças são curadas graças aos protocolos de tratamento desenvolvidos pelos grandes grupos cooperativos dos EUA, da Europa e do Brasil.
É importante ressaltar que as crianças com tumor de Wilms devem ser tratadas em serviços especializados em oncologia pediátrica que têm um grupo de profissionais capacitados e com experiência no manejo da doença.
Fonte: Lilian Maria Cristofani, médica oncologista pediátrica do Itaci (Instituto do Tratamento do Câncer Infantil) e do Hospital Sírio Libanês, ambos em São Paulo.
Deixe seu comentário