Por que algumas pessoas têm mais pintas do que outras?

Elas podem aparecer em qualquer área do corpo, são as pintas (ou nevos), que surgem quando as células produtoras do pigmento responsável pela cor da pele (melanina) se agrupam, formando pequenas ilhas. Essas células (melanócitos) se situam na junção das duas primeiras camadas da pele (derme com epiderme), como na mais profunda da epiderme, chamada basal.

Cada indivíduo costuma ter um número variável de pintas (de dezenas a centenas) e que podem variar de tamanho, textura e cor.

Pessoas de pele negra e asiática geralmente têm menos, por terem mais melanina dispersada pelo corpo.

Já algumas pessoas claras apresentam pintas até em áreas encobertas, que não recebem sol, como nos glúteos, genitais, dobras.

Mas o sol obviamente tem sua participação. Por estimular os melanócitos, ele contribui para o surgimento de pintas —e manchas, sardas, lesões com potencial cancerígeno—, ainda mais se a exposição for excessiva e não forem tomados cuidados, como se proteger entre 10h e 16h e usar chapéus, roupas e filtro solar. Mas o total de pintas também depende de outros fatores.

Quando envolve genes e idade

Algumas pintas podem estar presentes desde o nascimento, mesmo que minúsculas e com o tempo aumentarem de tamanho, consideradas como marcas de nascença. Se formam na gestação, com o desenvolvimento do feto, e podem ter influência genética e hereditária, ou seja, os pais possuem essa característica e a passam-na pelo DNA para a geração seguinte.

As sardas, que são aquelas manchinhas de cor acastanhada clara ou escura, formadas por depósitos de melanina em concentração, também podem aparecer desde a infância, tanto por fatores genéticos como ambientais, isto é, por excesso de exposição à luz solar. Mas diferentes das pintas, elas costumam cobrir grandes áreas do corpo, como rosto, costas, braços e ombros.

Já na terceira idade, as pintas, bem como as pintas vermelhas (axiomas rubis) aumentam de tamanho e quantidade, por causa do envelhecimento cutâneo, em parte causado pelos anos de exposição ao sol sem cuidados.

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Manchas idem, o que ainda tem relação com rompimento de vasos, que extravasam sangue, porque a pele idosa é frágil, fina e favorece machucados.

Hormônios têm sua participação

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Imagem: iStock

Com o desenvolvimento dos hormônios sexuais, na puberdade, ao final da adolescência, muitas pintas podem aumentar de tamanho, tornar-se salientes e apresentarem pelos em sua superfície, dando a impressão de serem novas.

Também podem escurecer e ficar mais visíveis, o que igualmente tem relação com hormônios, nas mulheres sobretudo durante a gravidez.

Nelas, nessa fase também é comum o aparecimento de manchas na pele conhecidas como melasmas, que aparecem no rosto e devem ser controladas com prevenção à exposição solar. E assim como ocorre durante a gestação, o uso de pílulas anticoncepcionais pode estimular a formação de manchas e aumentar as existentes.

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Depois, com o avançar da idade e a diminuição dos níveis hormonais, acelera-se a deterioração da pele e algumas pintas até clareiam.

Em mulheres, o declínio do estrogênio na menopausa prejudica a renovação celular, resultando em afinamento das camadas epidérmicas e dérmicas, assim o sol penetra mais fácil, contribuindo para um aumento de pintas perigosas.

Sinais de quando procurar um médico

Pintas benignas geralmente são de uma única tonalidade, simétricas, com formas e contornos regulares (redondo ou oval), e não costumam ser maiores do que 6 milímetros de largura. Na maioria dos casos, não representam nenhum risco à saúde, mas devem ser monitoradas e se mudarem de cor, aumentarem, coçarem, descamarem, sangrarem é necessário buscar um dermatologista.

Para garantir que não se trata de um sinal neoplásico, ou melanoma, o tipo de câncer de pele mais mortal, o médico deve examinar a pinta e se ela parecer suspeita, removê-la com bisturi e anestesia local e fazer uma biopsia para verificação em microscópio.

A maioria das pintas não cancerosas (benignas) não exige tratamento, mas podem ser removidas se causam incômodos.

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Quando a pinta se torna maligna, além de sua remoção, pode ser necessário extrair também a pele que a circunda. Pessoas que tiveram câncer de pele devem fazer exames regulares com o dermatologista, além de limitar sua exposição ao sol e usar protetor solar sempre. Infelizmente, a maioria dos óbitos é de idosos, pois acabam indo ao médico com a doença já avançada.

Fontes: Fabíola Leal, dermatologista do Centro Médico Cárdio Pulmonar, em Salvador; Natan Chehter, geriatra e membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e Wendell Ughetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

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