Vale a pena encarar chá de alho para gripe? Não cura, mas há benefícios
Renata Turbiani
Colaboração para o VivaBem*
28/01/2024 04h00
Quase todo mundo tem uma receita caseira "infalível" para tratar gripes e resfriados. Uma das mais tradicionais é o —nada gostoso— chá de alho, preparado apenas com água ou então incrementado com limão, gengibre, mel, cravo e guaco...
Mas será que ele tem efeito curativo?
A resposta é não. O fato é que o alimento, seja na infusão ou na comida, não é capaz de combater os vírus causadores das duas doenças. O máximo que o preparado quente feito com ele pode proporcionar, durante quadros de gripe ou resfriado, é a amenização dos sintomas e conforto ao paciente.
Só que mesmo sem resultados terapêuticos, vale destacar que o alho tem uma importante função preventiva, graças à presença da alicina, componente com propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias. Assim, quem o consome regularmente —a indicação é de um a dois dentes por dia, de preferência crus— tem menos chance de contrair infecções e melhor resposta do sistema imune.
É gripe ou resfriado?
Outra dúvida comum em quadros do tipo é distinguir gripes de resfriados. Tanto a gripe quanto o resfriado são doenças infecciosas. A diferença entre elas é o tipo de vírus causador.
No caso da gripe, o vírus causador é o influenza (A, B e C). Ele provoca quadros mais graves, especialmente em crianças, gestantes, idosos e pessoas imunodeprimidas e com patologias crônicas, como diabetes e pressão alta.
A gripe inicia-se com febre, em geral acima de 38°C e duração em torno de três dias, seguida de dor muscular e de garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. Os sintomas costumam persistir por mais de uma semana e há risco de complicações —a pneumonia é a mais frequente. O tratamento é com antiviral oseltamivir, além de repouso, boa alimentação e hidratação.
No caso do resfriado, existem mais de 200 tipos de vírus que podem desencadeá-lo, sendo que os mais comuns pertencem à família do rinovírus. Com sinais (tosse, congestão, coriza, dor no corpo e dor leve de garganta) mais brandos e limitados que os da gripe, quase sempre desaparecendo em poucos dias, a doença não tem um medicamento exclusivo; o que se usa são analgésicos, antitérmicos, descongestionantes e xaropes.
Atenção com a prevenção
A principal medida de prevenção contra o vírus influenza é a vacina. Fique atento às campanhas de vacinação. Há também a possibilidade de se vacinar na rede particular.
Medidas simples também ajudam a impedir o contágio da gripe e do resfriado. Por exemplo: manter uma boa hidratação e ter dieta saudável, lavar bem e com frequência as mãos, cobrir a boca e o nariz quando for tossir ou espirrar, deixar os ambientes ventilados, utilizar lenço descartável para higiene nasal, não compartilhar objetos de uso pessoal e evitar ficar em locais fechados onde há pessoas resfriadas ou gripadas e naqueles com grandes aglomerações.
Fontes: Maria Inês Bueno de André Valery, pneumologista da DaVita Serviços Médicos e parte do corpo clínico do IAMSPE (Hospital do Servidor Público Estadual) de São Paulo; Marcella Garcez, nutróloga diretora da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) e coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná; e Mauro Gomes, pneumologista membro da Comissão Científica de Infecções Respiratórias da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia).
*Com matéria publicada em 29/01/2020