Fale de sexo com o dentista: por que ele deveria saber como você transa?
Chegou o dia da sua "revisão" semestral no dentista e, ao sentar na cadeira do consultório, muito provavelmente você vai responder se está com alguma dor de dente, sangramento nas gengivas ou se passa fio dental corretamente todos os dias. No entanto, existem perguntas que não estão sendo feitas, apesar de muito importantes: aquelas sobre a sua vida sexual.
Questões sobre hábitos sexuais podem ser fundamentais na prevenção de câncer de orofaringe, que afeta boca, língua, palato e faringe e está relacionado ao vírus do papiloma humano (HPV) por meio do sexo oral. O problema é que muitos dentistas não estão dando tanta atenção para a prática, sugere um estudo publicado no Journal of the American Dental Association.
Após conversarem com quatro grupos de pesquisa que envolveram dentistas reunidos para uma conferência regional, constatou-se que muitos desses profissionais não orientavam seus pacientes sobre câncer de maneira geral.
Na verdade, a maioria só falava sobre a doença quando a pessoa já chegava com sintomas, como um nódulo indolor no pescoço ou uma dor de garganta que não desaparecia, de acordo com a pesquisa. Isso significa que muitos pacientes não estão tendo conversas importantes sobre fatores de risco e métodos de prevenção.
Seriam barreiras a falta de privacidade na maioria dos consultórios odontológicos, além do medo de envergonhar o paciente ao falar de uma questão bastante pessoal.
"Dado o aumento alarmante dos cânceres atribuídos ao HPV, os dentistas poderiam ser agentes importantes para promover essa prevenção", disse o autor do estudo, Ellen Daly. "No entanto, há uma necessidade séria de melhor treinamento e educação desses profissionais".
Números em alta
O câncer de garganta ligado ao HPV é um problema crescente: antes de 1990, apenas 21% dos cânceres orofaríngeos incluíam a presença de HPV. Após 2000, esse número cresceu para quase duas em cada três amostras, de acordo com uma meta-análise da Faculdade de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores acreditam que o estudo destaca a importância de usar a visita ao consultório dentário como forma de educar os pacientes sobre seus próprios fatores de risco, quais os sintomas que eles devem observar e o que podem fazer para se protegerem.
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