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Carnívora, perigosa: como são as caravelas-portuguesas que apareceram em SP

Colaboração para VivaBem*

30/01/2024 04h02

Na última semana, caravelas-portuguesas foram avistadas por banhistas em Caraguatatuba, no litoral de São Paulo, e também em Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul.

As caravelas-portuguesas possuem um tom azulado e, devido à sua beleza, atraem olhares curiosos, principalmente de crianças. No entanto, apesar de lindas, o contato físico com esses animais aquáticos deve ser evitado, pois eles trazem riscos à saúde.

Saiba mais sobre as caravelas-portuguesas:

Cientificamente chamadas de cnidários, elas são parentes dos corais, anêmonas-do-mar, gorgônias, hidroides e águas-vivas. A espécie vive em mar aberto e está por todo o mundo. Sua aparição nas praias do Brasil, em geral, está associada a diferentes razões climáticas.

Elas se alimentam de outros animais marinhos, como crustáceos e alguns peixes. E o seu tamanho pode variar, desde pequenas (mais ou menos 1 cm de flutuador) até razoavelmente grandes (com mais de 25 cm de flutuador).

Venenosas e extremamente perigosas. Elas possuem células urticantes chamadas de cnidas, que estão espalhadas por todo o corpo do animal, mas são mais concentradas nos tentáculos. As cnidas têm micro-agulhas ou arpões, que podem injetar toxinas e são usadas para capturar alimento ou defesa.

O contato com elas pode ser muito doloroso. Em situações extremas e raras, pode até causar morte.

Porém, embora apresentem riscos, as caravelas-portuguesas não atacam pessoas nas praias, apenas liberam toxinas em caso de contato físico, acidentalmente, o que podem causar queimaduras químicas de até 3º grau e uma forte coceira.

Caso encoste em uma caravela-portuguesa, a primeira coisa a se fazer é lavar a região atingida com a própria água do mar ou com vinagre —isso evitará que os cnidócitos descarreguem mais toxinas e alivia a dor local. Depois, é preciso tentar remover suavemente os tentáculos que permaneceram grudados na pele utilizando alguma proteção nas mãos. Por fim, é aconselhável fazer compressa gelada para amenizar a dor, além de evitar movimentar demais a área afetada.

Táticas "populares" para aliviar queimaduras de águas-vivas, como jogar urina ou aplicar pasta de dente, não são recomendadas. Em um primeiro momento, não é indicado lavar com água doce, nem passar sabão, álcool ou esfregar a região com toalhas, senão, assim você vai liberar mais tentáculos ainda.

Contato com animal morto na areia também pode trazer problemas. Mesmo estando mortos, eles ainda queimam. Então, é preciso evitar o contato com a caravela e também com a areia em que o animal está, porque eles deixam a toxina lá. E saiba que as caravelas têm tentáculos que ficam embaixo da água e são difíceis de visualizar. Então, viu uma caravela? Saia daquele local para evitar acidentes, até porque provavelmente têm outras por ali.

Sintomas comuns após a queimadura. Após o contato, a pele vai ficar vermelha e ter edema. A dor é muito forte e pode durar de 30 minutos até um dia inteiro. É possível apresentar enjoos, náuseas, tonturas e até alterações respiratórias.

Caso a dor e a vermelhidão não melhorem com o passar das horas, é indicado procurar um pronto-socorro. No geral, os dermatologistas recomendam uma pomada para queimaduras, anti-inflamatórios, hidratação local e oral. O tratamento para aliviar a dor local é feito durante um ou dois dias. Já o tratamento para tirar a mancha na pele pode demorar de seis meses a um ano, dependendo da gravidade da lesão.

*Fontes: André Carrara Morandini, vice-diretor do Centro de Biologia Marinha da USP (Universidade de São Paulo); Cristina Salaro, presidente da regional de Brasília da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Fernanda Seabra, médica dermatologista do Hospital Santa Luzia, da Rede D'Or São Luiz, em Brasília.

*Com reportagem publicada em 02/01/2020

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