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Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Doação de sangue, vacinação, cirurgia: será que há limite de idade?

Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

01/02/2024 04h04

O limite de idade é um conceito que se refere à idade máxima que uma pessoa deve ter para realizar ou ser submetida a algo e aplicado à saúde busca protegê-la e garantir sua segurança.

Também pode estar relacionado ao envelhecimento, que é um processo multifatorial. Porém, considerar apenas o critério cronológico não basta para definir limites, pois há pessoas que podem ter, por exemplo, uma idade neurobiológica e social mais jovem do que a cronológica.

Além disso, aumento da idade não tem a ver necessariamente com adoecimento; com medidas preventivas, como ir ao médico, fazer exames e intervenções precoces, pode se manter o idoso saudável nas esferas física e cognitiva, mantendo sua autonomia de vida por um longo período.

Doar sangue só até 69 anos

No Brasil, o Estatuto da Pessoa Idosa assegura direitos de pessoas com limite mínimo de 60 anos para a gratuidade de medicamentos. Agora, um exemplo de limite máximo de idade cabe para a doação de sangue, que é até 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até os 60 anos. Essa é uma medida de segurança estabelecida pelo Ministério da Saúde.

A restrição divide opiniões e seria justificada por um aumento de riscos de doenças crônicas e alterações no sangue do idoso que poderiam comprometer a doação. Além disso, o organismo deles levaria mais tempo para repor componentes sanguíneos, vitaminas e nutrientes doados.

Além da idade, existem outros critérios para ser um doador de sangue, como estar em boas condições de saúde, pesar no mínimo 50 kg, não ter doenças que possam ser transmissíveis pelo sangue, não ter diagnostico ou suspeita de covid-19, entre outros. Por isso, se você deseja ser um doador, consulte um hemocentro mais próximo e informe-se sobre mais detalhes.

A questão das vacinas

Existem algumas vacinas que são recomendadas para idosos de forma rotineira, entre as quais: gripe (influenza), pneumocócica, herpes zóster, hepatite B, difteria, tétano, coqueluche. Além dessas, a vacina contra covid-19 também deve ser feita por todos os idosos.

No entanto, alguns imunizantes podem não ser indicados para idosos que tenham alguma contraindicação específica, como alergia grave a algum componente da vacina, febre aguda, alteração da coagulação sanguínea ou imunossupressão.

A da dengue, a vacina Qdenga, só é indicada até os 60 anos, tanto para quem teve ou não a doença. Por isso, consulte o médico antes de tomar qualquer vacina e informe sobre o seu histórico de saúde e de vacinação.

Outras vacinas que podem ser administradas em idosos geralmente em situações de risco ou surtos são a contra a hepatite A, febre amarela, meningocócica conjugada e tríplice viral, que previne sarampo, caxumba e rubéola. Essas vacinas devem ser avaliadas pelo médico de acordo com a exposição do idoso aos agentes infecciosos e a sua condição de saúde.

Cirurgias requerem avaliação

Imagem: iStock

Não há um limite rígido de idade para se submeter a cirurgias. A avaliação individualizada do estado de saúde geral, riscos e benefícios é que é essencial na tomada de decisões desse tipo. Mas idade avançada pode sim estar associada a uma porcentagem aumentada de riscos durante e após cirurgias, sobretudo quando muito longas e complexas.

Por exemplo, cirurgias que envolvem órgãos vitais (coração, cérebro, pulmões), remoção parcial de intestino, tumores, ou em uma articulação importante (como artroplastia do quadril) são procedimentos com grau de risco muito alto na lista de procedimentos de maior risco.

Alguns dos fatores que podem impedir ou dificultar que idosos realizem cirurgias são:

A condição física e mental, que pode estar comprometida por doenças crônicas (doença arterial coronariana, diabetes, hipertensão, insuficiência renal), desnutrição, demência.

O tipo e a urgência da cirurgia, que podem aumentar o risco de complicações, como sangramento, infecção, trombose, embolia, infarto, AVC, pneumonia, delirium ou morte.

A capacidade de recuperação e a expectativa e a qualidade de vida do paciente, que devem ser avaliadas em relação aos benefícios e riscos da operação.

Quanto à doação de órgãos e tecidos, idosos podem ser doadores desde que seus órgãos e tecidos estejam em boas condições de saúde e eles não tenham doenças infectocontagiosas. A idade não é um fator limitante, mas quanto mais avançada pode acabar afetando a qualidade.

Dilema dos planos de saúde

Segundo o Estatuto da Pessoa Idosa, há limite de idade para não sofrer mais aumentos no valor da mensalidade do plano de saúde por mudança de faixa etária, que é 60 anos. Porém, há uma controvérsia jurídica envolvendo a ANS (Agência Nacional de Saúde) sobre a aplicação dessa lei em casos de reajuste por mudança de faixa etária anterior a 2004, ano da vigência do Estatuto.

Para o STJ (Superior Tribunal de Justiça), que está analisando um recurso que discute essa questão, mas ainda sem decisão definitiva, o reajuste do plano de saúde por faixa etária é válido desde que haja previsão contratual e não seja abusivo ou discriminatório. Assim, idosos que se sentirem prejudicados podem recorrer à Justiça ou aos órgãos de defesa do consumidor.

Fontes: Anderson Vinicius, infectologista com experiência pelo Hospital Português, da Bahia; Natan Chehter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e do Hospital Estadual Mário Covas (SP); e Paulo Camiz, clínico geral, geriatra e professor da HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

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