O que acontece no seu corpo quando você desmaia

Para que seu cérebro trabalhe como deve ele precisa do constante suprimento de glicose e oxigênio. O fluxo sanguíneo garante a regularidade da entrega dessas substâncias, mas basta uma mínima interferência nesse processo e você pode desmaiar.

Desmaio é o termo popular para o que os médicos chamam de síncope ou perda aguda da consciência, quadro no qual há perda do tônus postural e recuperação espontânea.

Geralmente trata-se de um sintoma benigno. Porém quando se relaciona a problemas cardiológicos requer pronta intervenção médica, dadas as possíveis complicações.

O desmaio é a causa de cerca de 1% a 3,5% das visitas ao pronto-socorro.

Além disso, representa 6% das admissões nos hospitais. Dados dos EUA.

Qualquer pessoa pode ter uma síncope, mas ela é mais comum entre idosos e jovens.

Como seu organismo reage

O desmaio sinaliza que houve algum desequilíbrio no organismo, cujas principais causas são as seguintes situações:

  • Síndrome vasovagal ou neurocardiogênica
  • Doenças cardiológicas
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A pressão cai e você desacelera

Situações como ficar muito tempo em pé ou deitado, permanecer em ambientes lotados e quentes, ter dor intensa, cansaço e estresse extremos provocam alterações no SNC (sistema nervoso central) e periférico.

Tais mudanças têm como consequência a vasodilatação e a desbalanceamento da frequência cardíaca, quadro que os médicos denominam síndrome vasovagal ou neurocardiogênica.

Esta é a causa mais frequente dos desmaios, representando cerca de 50% do total dos eventos.

Todo mundo pode ter esse tipo de desmaio, mas mulheres e jovens integram o "público alvo".

Possui entre seus principais gatilhos a coleta de sangue, dor abdominal, jejum prolongado e calor intenso.

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Trata-se de uma condição que geralmente começa com sintomas "premonitórios" (prodômicos) que também sinalizam benignidade: escurecimento da visão, tontura, fraqueza e enjoo —que levam à queda da pressão e do batimento cardíaco e, depois, à perda da consciência.

A recuperação ocorre em alguns minutos.

Nessa categoria benigna também se inserem desmaios associados ao término de uma atividade esportiva intensa, desde que estejam presentes os sintomas acima descritos e não haja conhecimento prévio de doença cardíaca.

A saúde do coração pede socorro

Quando a perda da consciência é súbita, sem sintomas prévios, geralmente o desmaio tem origem em distúrbios cardiológicos, um sinal de malignidade, ou seja, trata-se de uma situação mais grave.

Os indivíduos mais suscetíveis são os idosos com doenças cardiológicas e outras enfermidades.

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Os quadros mais comuns são arritmias ventriculares e bloqueios atrioventriculares.

No primeiro caso o problema envolve as partes mais inferiores do coração, cujas contrações se dão de forma anárquica e veloz, levando ao desmaio ou à morte súbita.

Já os bloqueios promovem a perda de comunicação entre a parte inferior e superior do coração, o que evolui para uma frequência cardíaca baixa.

Em ambos os quadros, há risco de vida.

Saiba diferenciar desmaio de convulsão

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Imagem: iStock

Embora nas duas situações a perda de consciência esteja presente, o que diferencia uma coisa da outra é que, nos distúrbios convulsivos, como a epilepsia, podem estar presentes outras manifestações. Veja alguns exemplos:

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Espasmos (contração e enrijecimento do corpo)

Tempo prolongado de inconsciência

Incontinência urinária ou intestinal

Mordedura na língua e demonstração de confusão após o reganho da consciência

Estado de ausência (por vezes, não há o desmaio propriamente dito, mas a pessoa parece ter sido desligada por alguns instantes)

Dá para prevenir?

A presença de algumas condições médicas faz com que determinadas pessoas sejam presas fáceis do desmaio. Manter tais enfermidades sob controle reduz o risco de ser surpreendido por um episódio. Confira:

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Problemas no coração

Diabetes

Ansiedade ou transtorno do pânico

Desidratação

Baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia)

Uso de determinados medicamentos (como, por exemplo, diuréticos, anti-hipertensivos, etc.)

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Pessoas que já tiveram um desmaio em locais cheios ou durante a exposição ao sol devem evitar, quando possível, esses fatores desencadeantes.

Atividades físicas intensas devem ser praticadas em boas condições de hidratação. Evite interromper essas práticas de repente. O melhor é reduzir gradativamente a intensidade do treino ou da atividade esportiva antes de parar.

Desmaio é motivo para marcar consulta?

Sim. Todo desmaio deve ter sua causa investigada. Em geral, trata-se de uma circunstância passageira, sem maiores consequências. No entanto, a síncope pode ser o primeiro sintoma de uma enfermidade que requer tratamento e controle.

Considere que entre as consequências de um desmaio se destacam a queda, que pode levar a uma fratura, outro tipo de lesão ou situações mais graves nos casos em que o evento acontece enquanto se está dirigindo.

Dicas de socorro

O desmaio deve ser prontamente atendido, inclusive quando ocorre em via pública. Para esse fim, coloque em prática as seguintes medidas:

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Certifique-se que você e a pessoa estejam em segurança

Tente ficar calmo e aproxime-se. Se houver tempo de amparar a pessoa para que ela não caia, melhor

Mantenha-a na posição deitada (se já estiver desmaiada) ou deite-a, caso ela relate estar se sentindo mal

Verifique se ela está respirando. Em caso positivo, você pode posicionar as pernas da pessoa acima do corpo para melhorar o fluxo sanguíneo

Posicione-a na posição de lado. Quando ela retomar os sentidos, pergunte o horário da última refeição e, se for o caso, ofereça um copo de água com açúcar

Oriente a pessoa a permanecer sentada por alguns minutos, e só depois permita que ela se levante

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Evite jogar água, esfregar os punhos com álcool, sacudir ou colocar algo na boca da pessoa

Nos quadros mais graves, nos quais se observe que a pessoa tem dificuldade para respirar ou não está respirando, a reanimação cardiorrespiratória é indicada. Chame o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) imediatamente.

Fontes: Alex Teixeira Guabiru, cardiologista do Hupes/UFBA (Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), professor da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) e coordenador do Serviço de Arritmia do Hospital da Bahia - rede Dasa e Hospital Incar; Julio Cesar Garcia de Alencar, médico emergencista, doutor em ciências pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e professor do curso de Medicina da FOB-USP (Faculdade de Odontologia de Bauru da USP); e Vitor Tumas, professor de neurologia da FMRP-USP e coordenador do Setor de Distúrbios do Movimento e Neurologia Comportamental do Hospital das Clínicas da mesma instituição. Revisão médica: Alex Teixeira Guabiru.

Referências:

SUS-SAMU (Departamento de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)

Grossman SA, Badireddy M. Syncope. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK442006/

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