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De pele, músculo, nervo, osso: entenda diferentes processos de cicatrização

Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

07/02/2024 04h03

A cicatrização é um processo natural de reparação dos diferentes tecidos do corpo humano e que depende da capacidade de regeneração das células que os compõem e mais uma série de fatores. Resumidamente, é um processo complexo, mas que visa restaurar a função e a estrutura daquilo que acabou lesionado.

Em se tratando de lesão pequena, superficial e limpa, as bordas da ferida são aproximadas, com ou sem sutura, e o processo de reparação é rápido. A cicatriz resultante é fina e discreta.

Quando a lesão é grande, profunda ou está infectada, como uma queimadura ou úlcera, nesse caso as bordas da ferida ficam muito separadas e não podem ser suturadas, e o processo de reparação é lento e complexo. Como resultado, a cicatriz termina sendo grossa e evidente.

Há também a cicatrização mista. Ela ocorre quando a lesão é inicialmente tratada, depois fechada cirurgicamente, gerando uma cicatriz que é intermediária entre as duas anteriores.

O processo de cicatrização ideal é aquele que restaura a estrutura e a função do tecido original, mas nem sempre isso é possível.

Cada tecido, um tipo de processo

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Dentre as muitas cicatrizações, as de mucosas (boca, bexiga, intestino) são as mais rápidas, pois esses tecidos possuem maior vascularização, maior número de células-tronco e menor resposta inflamatória.

Além disso, as mucosas são menos expostas a agentes externos nocivos que podem prejudicar a cicatrização, como bactérias, traumas e radiação. Sua cicatriz também é pouco perceptível.

Quanto à cicatrização da pele, depende do tipo e da localização da lesão, como já explicado. As superficiais, que atingem apenas a epiderme, costumam cicatrizar sem deixar marcas. As que atingem a derme ou o tecido subcutâneo podem cicatrizar de formas diferentes, dependendo da aproximação das bordas da ferida, da perda de tecido e da presença de infecção.

Algumas dessas cicatrizações ainda podem ser mais lentas e a formação de tecido de granulação mais intensa. Às vezes, a regeneração ocorre por meio da proliferação de células remanescentes e da formação de tecido conjuntivo. É o caso não só da pele, como de órgãos, tendões e ligamentos. A cicatriz final igualmente pode ser mais grossa, elevada, com queloide.

Já a cicatrização de músculos é mais difícil e demorada do que a de pele, pois os músculos possuem menor vascularização e capacidade de regeneração e maior tendência à fibrose. A cicatriz é de tecido conjuntivo, que pode comprometer a função e a elasticidade do músculo.

Nervos e ossos dão trabalho

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A cicatrização de nervos se dá a partir de partes remanescentes, que crescem, restabelecendo a função nervosa. Mas isso, de novo, depende do tipo e da extensão da lesão, bem como do local onde ela ocorre.

Os nervos periféricos, que se ramificam da medula espinhal para todo o corpo, inervando os músculos, a pele e os órgãos, têm uma maior capacidade de cicatrização.

Os nervos centrais, por outro lado, têm menor capacidade de cicatrização. Possuem uma maior quantidade de tecido cicatricial e de substâncias inibidoras da regeneração e quando lesionados, os danos costumam ser permanentes, bastante graves e irreversíveis.

Quanto à cicatrização de ossos, envolve a participação de vários tipos celulares e quatro fases:

Na primeira, surge o hematoma local, que funciona como fonte de nutrientes e de crescimento para as células envolvidas na cicatrização.

Depois, na fase de formação de calo mole, é formado um tecido conjuntivo vascularizado e rico em colágeno, que envolve as extremidades ósseas.

Na formação do calo duro, ocorre a diferenciação das células que produzem a matriz óssea mineralizada, que substitui o tecido conjuntivo, e na última fase, de remodelação, a reabsorção de excesso de tecido e a formação de osso esponjoso, restaurando a forma e a função originais.

Como cooperar com a cicatrização?

Algumas medidas que ajudam a cicatrização, quando superficial, incluem manter a área limpa e protegida, evitando contaminações e novos traumas.

Curativos devem ser feitos de acordo com o tipo e a fase da ferida, utilizando produtos específicos. Portanto, nada de usar álcool, iodo, mercúrio e receitas caseiras que podem causar irritação, necrose ou inibição da cicatrização.

Não para por aí. Não coce a ferida, não remova sua crosta, não a movimente excessivamente e nem use roupas apertadas, sujas ou que soltem fiapos, pois contaminam ou aderem ao machucado.

Expor-se ao sol também é contraindicado, pois pode causar desidratação, queimadura ou pior: acúmulo contínuo e intenso de radiação ultravioleta pode levar a lesões cancerígenas.

Agora, de modo geral, pelo bem de todo tipo de cicatrização, busque:

Cortar cigarro e álcool, porque causam vasoconstrição, inflamação e toxicidade nos tecidos.

Seguir uma alimentação saudável e equilibrada (rica em proteínas, vitaminas, minerais e água), essencial para a síntese de colágeno e regeneração celular.

Controlar doenças crônicas (diabetes, hipertensão, obesidade) e problemas emocionais (estresse, ansiedade, depressão), que prejudicam circulação, sistema imune e cicatrização.

Todas essas medidas são importantes sobretudo a idosos, pois tendem a ter cicatrização mais lenta, menor síntese de colágeno, menor vascularização e maior incidência de comorbidades.

Fontes: Camila Catizani, especialista em dermatologia e professora na Afya, de Manaus; Carolina Rocha, cirurgiã plástica pela FM-UFBA (Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia) e professora na Afya; e Wendell Uguetto, cirurgião plástico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

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