Dengue: conheça os testes indicados para cada fase da doença
Em meio à explosão de casos de dengue no país, a procura por testes cresce vertiginosamente tanto em laboratórios quanto em unidades de saúde e drogarias.
Existem três tipos de exames disponíveis no Brasil para detectar a dengue:
- RT-PCR
- Antígeno NS1
- Sorologia
A escolha por cada um deles vai depender do estágio da infecção e dos sintomas no momento do teste. Eles podem ser divididos em dois grandes tipos: os que identificam a presença do vírus ou partes dele, como o NS1 ou o RT-PCR; e os que identificam os anticorpos produzidos pelo paciente em resposta à infecção, IgM e IgG.
RT-PCR
Período indicado: Desde o início da infecção até o 7º dia. Como o teste vai analisar a presença do material genético do vírus, ele precisa estar em reprodução no momento da coleta, o que ocorre até o 7º dia.
Tipo de análise: É um teste de biologia molecular que vai identificar, no sangue coletado, o RNA do vírus transmitido pelo Aedes aegypti. Esse exame revela também o sorotipo do vírus que causou a infecção (existem quatro circulando no país) e costuma ser muito sensível, capaz de identificar a doença nos estágios iniciais e até mesmo antes do surgimento dos primeiros sintomas clínicos. Mas a Anvisa ressalta que o RT-PCR pode enfrentar desafios na detecção de baixas cargas virais (quando não há muitos vírus presentes na amostra).
Como é coletado: Retirada de sangue pela veia.
Local a ser coletado: Laboratórios, hospitais de campanha e unidades de saúde.
Resultado: Pode variar de 1 a 5 dias, dependendo da estrutura do local.
Antígeno NS1
Período indicado: 2º ao 5º dia a partir dos primeiros sintomas. É preciso aguardar um ou dois dias para uma maior replicação do vírus para que o teste tenha mais eficácia, mas não pode passar do 5º dia porque o corpo começa a produzir anticorpos e eliminar o vírus de circulação, o que diminui a precisão do exame.
Tipo de análise: Detecção no sangue da proteína não estrutural 1 (NS1), que faz parte da partícula viral da dengue.
Como é coletado: Retirada de sangue pela veia para análise laboratorial ou picada no dedo para análise da gota de sangue em teste rápido. Neste último caso, se o antígeno NS1 for encontrado, uma linha colorida aparecerá no exame. Se não houver a proteína, apenas a linha de controle de sucesso do teste ficará visível.
Local a ser coletado: Tanto em farmácias (apenas teste rápido) como em laboratórios ou unidades de saúde.
Resultado: Se for teste rápido, de 15 a 30 minutos. Se for retirada de sangue pela veia, pode variar de algumas horas a dias, dependendo da estrutura do laboratório ou unidade de saúde.
Sorologia
Período indicado: A partir do 6º dia do início dos sintomas. Como o teste detecta os anticorpos, é preciso aguardar a reprodução deles em quantidade suficiente, o que ocorre normalmente a partir desse período.
Tipo de análise: O método vai analisar tanto os anticorpos do tipo imunoglobulina M como o G. O IgM mostra contato recente com o vírus, indicando que o paciente está com a doença naquele momento. Já o IgG marca que algum dia na vida o paciente teve contato com o vírus e esse anticorpo permanece no sangue. Ele costuma aparecer em maior volume a partir do 10º dia da infecção.
Como é coletado: Picada no dedo para retirar uma gota de sangue no caso dos testes rápidos ou coleta de sangue para análise laboratorial.
Local a ser coletado: Farmácia (apenas teste rápido), laboratório, unidades de saúde e hospitais de campanha.
Resultado: Se for teste rápido, de 15 a 30 minutos. No caso da coleta de sangue pode variar de 24 horas a 4 dias, a depender da estrutura hospitalar e laboratorial, mas a precisão é maior.
Os valores de cada teste variam a depender do tipo e local da coleta, sendo gratuitos em UBSs (unidades básicas de saúde) ou hospitais públicos. As farmácias realizam apenas testes rápidos, e os custos pesquisados pela reportagem variaram de R$ 39,90 a R$ 59,99.
Qualquer pessoa acima de dois anos pode fazer o teste rápido ou em laboratório sem necessidade de pedido médico ou jejum. Em vários locais não é preciso agendamento, mas algumas farmácias, como as drogarias Pacheco e São Paulo, solicitam a marcação com antecedência pelo site da empresa.
Já testes em unidades hospitalares podem exigir antes uma avaliação clínica de um profissional de saúde, com perguntas e exames físicos feitos pelos médicos.
A dengue é uma doença de notificação compulsória no Brasil, por isso, todos os testes rápidos são de uso restrito a profissionais de saúde e precisam ser realizados no local do atendimento.
Crescimento vertiginoso
A procura por exames tem acompanhado o aumento no número de casos. Só nas farmácias Raia e Drogasil a procura por testes rápidos subiu 700% de novembro a início de fevereiro.
Na Rede Pague Menos o aumento foi de 70% de dezembro a janeiro, e nas drogarias Pacheco e São Paulo, de 170% para o período.
Já o número de exames realizados na rede privada cresceu 21% entre as semanas de 14 a 20 de janeiro e de 21 a 27 de janeiro, de acordo com a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), que representam cerca de 65% do volume de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.
Na comparação entre a semana de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro de 2024 e 21 a 27 de janeiro de 2024 o aumento chega a 101%.
Principais sintomas da dengue
O vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti pode ocasionar de infecções pouco sintomáticas até quadros graves. Por isso, é importante estar atento aos primeiros sintomas, que muitas vezes podem ser confundidos com os de outras doenças, como a gripe.
Se você apresentar duas ou mais das seguintes manifestações abaixo fique alerta e busque ajuda médica, principalmente se junto houver febre repentina de 38°C a 40°C.
- Dor muscular
- Dor de cabeça
- Dor atrás dos olhos
- Dor nas articulações
- Dor abdominal intensa e contínua
- Manchas vermelhas no corpo
- Náuseas
- Vômitos persistentes
- Diarreia
- Desconforto respiratório
Mesmo para manifestações inicialmente leves, o teste permite estar atento para possíveis sinais de agravamento da infecção e possibilita que o doente tome precauções adequadas, como evitar o uso de anti-inflamatórios, que pode piorar o quadro.
A orientação do Ministério da Saúde é que, na suspeita de dengue, o paciente não se automedique e procure imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de outros sinais de alarme que indiquem febre hemorrágica.
Fontes: Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury; José Cerbino Neto, infectologista e pesquisador do Instituto D'Or; e José Eduardo Levi, virologista da Rede Dasa.
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