Água sanitária ajuda no combate à dengue? Saiba como usá-la corretamente
O alto número de casos de dengue no país levou oito estados, cinco capitais e o Distrito Federal a decretarem estado de emergência. Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil soma mais de 1,6 milhão de casos prováveis e 467 mortes pela doença.
Além de se vacinar, combater o Aedes aegypti é a prevenção necessária no dia a dia. A medida mais importante é eliminar a água parada, que serve de criadouro para o mosquito.
Para isso, você já sabe: não deixar acumular água em recipientes, manter a caixa d'água sempre fechada e as calhas limpas são algumas das recomendações.
O controle de criadouros pode ser feito com água sanitária, produto que age sobre a larva do mosquito e é comum no nosso dia a dia.
Mas atenção: essa é uma medida alternativa e só tem eficácia se o produto for usado na concentração correta.
A Vigilância Sanitária e o Ministério da Saúde não fazem menção ao produto entre as medidas de combate à dengue, mas estudos já mostraram a eficácia da água sanitária contra os ovos do Aedes.
Concentração adequada
Em 2016, um estudo do Cena-USP (Centro de Energia Nuclear da Universidade de São Paulo) a pedido da Abiclor (Associação Brasileira da indústria de Cloro Álcalis e Derivados) avaliou a eficácia do hipoclorito de sódio no controle das larvas do mosquito.
Foram usadas concentrações de 1 ml, 2 ml e 3 ml do produto por litro de água. Os pesquisadores fizeram quatro testes para cada uma das concentrações e avaliaram o número de larvas mortas a cada 24 horas.
Nas primeiras 24 horas:
Concentração de 1 ml matou 72,5% das larvas
Concentração de 2 ml matou 75% das larvas
Concentração de 3 ml matou 67,5% das larvas
Depois de 48 horas:
Concentração de 1 ml matou 82,5% das larvas
Concentração de 2 ml matou 90% das larvas
Concentração de 3 ml matou 92,5% das larvas
As amostras permaneceram em avaliação até 19 dias após o início dos testes.
Os resultados de eficiência se mantiveram estáveis até cinco dias. A partir daí, "houve uma diminuição gradativa do poder residual do hipoclorito de sódio", dizem os pesquisadores.
Para alcançar a mortalidade de 100% das larvas em 24 h, eles recomendam usar 10 ml de água sanitária por litro de água. É equivalente a uma colher de chá do produto por litro de água da torneira. A medida deve ser reforçada a cada cinco dias.
A avaliação é que, quanto maior a quantidade de hipoclorito de sódio, mais rápida a mortalidade das larvas do mosquito. Mas é preciso ter cuidado ao colocar o produto em locais que possam ser usados por humanos, animais ou com plantas de água.
Para evitar que seja tóxico para plantas, a concentração de 2 ml e 10 ml do produto por litro de água deve ser respeitada com mais rigor, também com reforços a cada cinco dias.
Onde usar
Um documento da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) do estado de São Paulo recomenda o uso de água sanitária nas seguintes ocasiões:
- Caixa de descarga sem tampa e sem uso diário apenas se não for possível vedar o local. A primeira medida é tampar.
- Ralos e canaletas de drenagem para água de chuva (subsolo e áreas externas) com caixa de areia ou pontos de acúmulo de água. Aqui, o principal é eliminar as caixas de areia ou pontos de acúmulo de água, preenchendo com argamassa. Além disso, usar tela com trama de um milímetro e adicionar água sanitária semanalmente após cada chuva ou após escoamento de água de lavagem do local.
- Ralo interno (sifonado), exceto ralo de box de uso diário. Além de tampar o ralo para impedir a entrada dos mosquitos, pode-se adicionar meio copo (cerca de 100 ml) de água sanitária semanalmente.
Embora o estudo do Cena-USP e as recomendações sugiram a quantidade de água e hipoclorito de sódio que devem ser misturados, em casa é difícil saber a concentração de água existente em ralos e calhas.
O risco é que a água sanitária fique muito dissolvida e não dê o benefício proposto, dando uma falsa sensação de segurança. Por isso, a principal medida de prevenção é evitar a água parada.
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