Pé de galinha tem colágeno, mas não salva sua pele; qual o real benefício?

O pé de galinha é bastante apreciado em países asiáticos, mas também sempre foi consumido no Brasil. Quando bem preparado, pode ser muito saboroso e trazer benefícios à saúde, sobretudo para a pele, por conter colágeno.

Essa, aliás, é uma das principais vantagens citadas por muitas avós que apreciam o prato. Mas, sozinho, o colágeno no pé de galinha não vai garantir toda a necessidade da pele.

"O colágeno traz, sim, benefícios à pele, mas desde que consumido por uma pessoa que tem aporte proteico adequado. Caso contrário, será utilizado para outras funções prioritárias à vida", explica a nutróloga Marcella Garcez.

O que é colágeno?

Ele é uma proteína de baixo valor biológico que tem apenas três aminoácidos —portanto não pode substituir uma proteína que tem todos os aminoácidos essenciais, nove no total.

"Na pele, a maior concentração de colágeno está na derme [camada intermediária], especialmente do tipo I, responsável pelas propriedades estruturais, estéticas e mecânicas", explica a dermatologista Lilia Ramos dos Santos Guadanhim.

Benefícios do colágeno no envelhecimento

A partir dos 25 anos, vemos diminuir progressivamente a produção de colágeno e aumentar sua degradação no organismo.

Esse processo acontece pela combinação do envelhecimento intrínseco (cronológico) e o extrínseco (relacionado principalmente à exposição solar, tabagismo, hormônios, doenças crônicas, dieta, poluição).

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A maioria dos tratamentos anti-idade têm como alvo, portanto, reduzir a degradação e aumentar a síntese de colágeno.

Nesse sentido, alguns alimentos, ricos em colágeno, como o mocotó, o pé da galinha e a gelatina podem contribuir para a saúde da pele.

"Um dos estudos notou benefícios mais importantes sobre a elasticidade da pele de pacientes acima de 50 anos, mas isso varia de acordo com cada paciente e cada indicação", ressalta Guadanhim.

Como consumir

O colágeno é uma molécula de alto peso que não consegue ser absorvida sem uma quebra enzimática (que dá origem a peptídeos de colágeno menores).

Então, ao contrário do que diziam as nossas avós, a gelatina, por exemplo, não faz bem para a pele, diz Guadanhim.

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Os peptídeos de colágeno reconhecidos cientificamente são apenas dois, patenteados (Verisol® e Peptan®).

Eles podem ser encontrados em diversos produtos e em forma de pós, gomas e cápsulas.

Benefícios dos pés de galinha

Apesar da cautela com relação ao colágeno, o pé de galinha é um alimento nutritivo que contém alto teor de proteínas, vitaminas e minerais.

"Suas proteínas são compostas prioritariamente de tecidos conjuntivos feitos de colágeno, ossos, pele, cartilagens e tendões, portanto o consumo dessa parte do frango tem benefícios muito particulares", aponta Garcez.

O consumo de frango, no geral, é bastante benéfico. A cartilagem do osso do frango, por exemplo, possui alto teor de proteína (90,27%), sendo 35,69% de colágeno, e baixo teor de lipídeos (2,15%).

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Para Garcez, os pés de frango podem ser uma alternativa barata de proteína, mas precisam ser consumidos alternados com outras fontes.

Cada porção de 100 g de pé de galinha tem 215 calorias, constituindo-se assim em um alimento calórico —contém mais de 1 caloria por grama.

"Portanto deve ser consumido com moderação, cozido ou assado por quem precisa controlar a ingestão de calorias, para evitar o ganho de peso", diz a especialista.

Outra característica é a quantidade de colesterol. Cada 100 g de pé de galinha tem 84 mg de colesterol, quando o limite máximo diário de consumo para o colesterol é de 300 mg.

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Imagem: iStock

Suplementação de colágeno

Se a alimentação sozinha não supre todas as necessidades de colágeno, pode-se recorrer à suplementação, mas é preciso considerar: idade, estado nutricional, ingestão proteica, atividade física, hábitos de exposição ao sol, rotina de cuidados com a pele, procedimentos estéticos, menopausa e quanto o paciente pode investir na suplementação.

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"São muitos itens a ser considerados. Por isso, é fundamental o acompanhamento por um médico dermatologista, para que ele ajude a decidir se deve ou não tomar colágeno oral, qual escolher, por quanto tempo e o que esperar do tratamento", recomenda Guadanhim.

Para se ter uma ideia, com a suplementação pode-se obter, de oito a 12 semanas, os seguintes resultados:

  • Aumento da elasticidade da pele em 7%;
  • Aumento da hidratação da pele em 28%;
  • Redução da fragmentação de colágeno dérmico em 31%;
  • Redução do volume das rugas da região periocular em 20%;
  • Redução de 11% das ondulações da celulite;
  • Redução da frequência de unhas quebradas em 42%.

Apesar de vários benefícios comprovados, é preciso alinhar expectativa. A suplementação tem ação limitada e sozinha não vai resolver o processo de envelhecimento.

Fontes: Ana Rita Ribeiro de Araújo Cordeiro, doutora em ciência e tecnologia de alimentos, pesquisadora do Departamento de Engenharia de Alimentos, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba; Lilia Ramos dos Santos Guadanhim, médica dermatologista, colaboradora da Unidade de Cosmiatria da Escola Paulista de Medicina - Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Marcella Garcez, médica nutróloga e professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.

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