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Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Entenda como o calor afeta demências e doenças neurodegenerativas em idosos

Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

22/03/2024 04h05

O Brasil vem passando por uma sequência de ondas de calor. E no que compete à saúde dos idosos, as altas temperaturas, consequências do aquecimento global, são um fator de risco principalmente para o agravamento de demências e doenças neurodegenerativas.

Em um ambiente superaquecido, o idoso, que tem menores sensação de sede e capacidade de regular a sua própria temperatura corporal, torna-se propenso à desidratação. A falta de água no seu organismo leva à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro, gerando ou intensificando sintomas e complicações, como:

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  • Tonturas
  • Desorientação
  • Irritação, agitação, apatia
  • Tremores
  • Alucinações

Idosos com Alzheimer ou Parkinson podem não perceber ou saber como comunicar esses sinais de alerta e se ficarem expostos ao sol pleno, sobretudo de forma prolongada, podem vir a sofrer com insolação e aumento excessivo da temperatura corpórea (hipertermia) mais apressadamente, além de apresentar:

  • Febre
  • Taquicardia
  • Convulsões
  • Perda da consciência e coma

Riscos não só de dia

Imagem: Getty Images

Já as noites quentes interferem na qualidade do sono, causando desconforto e interrupções frequentes.

Para o idoso, repercutem em pioras da função cognitiva, memória, atenção e podem predispor quedas e fraturas, além do agravamento de sintomas comportamentais e psicológicos: agitação, ansiedade e depressão.

O calor, por desidratar e dificultar a respiração, também atua sobre condições preexistentes como apneia do sono, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e asma.

Tudo isso afeta a concentração de oxigênio no sangue (hipoxemia), o que prejudica o cérebro, exacerbando os sintomas de doenças neurodegenerativas e demências e elevando o risco de mortes súbitas.

Tem mais. Com a perda de água e sais minerais pelo suor, a viscosidade do sangue se altera e ele pode chegar ao cérebro com maior dificuldade, elevando ainda com a pressão arterial e a frequência cardíaca. Como resultado, o idoso fica sujeito a formação de coágulos, sobrecarga do coração e sofrer AVC, que destrói neurônios, aumenta o risco de demências mistas e afeta a linguagem e o humor.

Calor interage com medicamentos

Imagem: iStock

As altas temperaturas também degradam remédios, oferecendo riscos quanto à sua eficácia e segurança, como fármacos antiparkinsonianos, antidepressivos, antipsicóticos, inibidores de colinesterase (usados para tratar Alzheimer), que podem afetar a termorregulação corpórea e a tolerância ao calor em idosos.

Com sua química modificada pelo calor, tanto externo (ambiente) como interno (hipertermia), esses medicamentos também têm sua velocidade de absorção atingida, o que pode levar a efeitos colaterais (como náuseas, diarreia, tontura, sudorese excessiva), ou a um aumento no risco de interações medicamentosas.

Portanto, idosos e seus cuidadores devem estar cientes dessas considerações durante períodos de calor intenso.

Para não correr riscos, é fundamental consultar e fazer acompanhamento regular com um médico para receber orientações específicas, ajustar o tratamento e monitorar possíveis efeitos adversos.

Para prevenir esses e outros efeitos do calor, é importante tomar medidas, como:

Armazenar medicamentos em locais frescos e evitar sua exposição direta ao sol

Ingerir bastante água ao longo do dia, mesmo não sentindo sede

Usar protetor solar e evitar se expor ao sol nos horários quentes, entre 10h e 16h

Manter uma dieta saudável, evitando alimentos pesados e muito salgados

Usar roupas leves, preferivelmente de tecidos que facilitem a transpiração

Familiares e cuidadores estarem atentos aos sinais de desequilíbrio térmico

O idoso ir ao pronto-socorro se apresentar febre, confusão, desmaio etc

Fontes: André Maurício, clínico geral e cardiologista pela Faculdade de Medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia); Christiane Machado, geriatra do Hospital São Rafael, em Salvador; e Larissa Corrêa, cardiologista e professora da Afya Educação Médica, de Fortaleza.

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