Ansiolítico e anti-inflamatório: os benefícios do chocolate amargo à saúde
Diana Cortez
Colaboração para VivaBem
31/03/2024 04h03
O Brasil se destaca é o sexto maior produtor de cacau do mundo e, entre seus produtos, o chocolate amargo (versão com 70% cacau ou mais) tem um espaço especial. Apreciado não apenas por seu sabor intenso, o produto está no centro de vários estudos que trazem à tona cada vez mais benefícios do alimento à saúde.
Confira a seguir o que já se sabe sobre este chocolate que tem sido cada vez mais valorizado pelos profissionais da nutrição.
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Benefícios do chocolate amargo
1. Ajuda no emagrecimento
Um estudo publicado na Biotechnology and Bioprocess Engineering mostra que a teobromina presente no cacau usado no chocolate amargo tem a capacidade de estimular a termogênese —processo de produção de calor pelo corpo, que ajuda a desempenhar um papel na regulação do peso e no metabolismo da gordura.
Segundo a análise, a substância atuaria aumentando a atividade do tecido adiposo marrom, conhecido por sua capacidade de produzir calor e queimar calorias.
A teobromina é um composto químico estruturalmente similar à cafeína, que atua como um estimulante suave do sistema nervoso central e tem uma ação mais prolongada do que a cafeína, embora seja menos potente.
O cacau ainda possui polifenóis, antioxidantes com a capacidade de modificar a expressão de certos genes e proteínas envolvidos no metabolismo da gordura, promovendo a oxidação de lipídios e evitando o depósito de novas gorduras no corpo. Luna Azevedo, nutricionista
2. Preserva a memória
Os flavonoides, substâncias antioxidantes que estão em maior concentração no chocolate amargo devido ao seu alto teor de cacau, são benéficos para a função cerebral. De acordo com estudo publicado no British Journal of Clinical Pharmacology, esses compostos agem na melhora da circulação sanguínea do cérebro e oferecem proteção contra danos oxidativos, contribuindo para uma melhor saúde cognitiva e processamento de informações.
3. Ajuda a prevenir o Alzheimer e o Parkinson
A ação antioxidante dos flavonoides também oferece efeitos benéficos na prevenção de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, segundo um estudo publicado no Journal of Cellular Biochemistry.
Os flavonoides apresentam efeito neuroprotetor ao combater inflamações e danos causados pelos radicais livres nas células cerebrais, considerados fatores-chave nessas doenças, além de influenciarem positivamente na neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro formar e reorganizar as conexões sinápticas, essencial para o aprendizado e a memória. Luna Azevedo, nutricionista
4. Melhora a saúde do coração e diminui o colesterol
Uma revisão de estudos publicada na Current Cardiovascular Risk Reports ainda destaca que o chocolate amargo pode trazer diversos benefícios para a saúde cardiovascular também graças à presença de flavonoides (eles de novo!).
Esses compostos têm ação antioxidante, anti-inflamatória e vasodilatadora que atuam melhorando a circulação sanguínea, resultando na redução da pressão arterial. "Os flavonoides também ajudam a diminuir a oxidação do colesterol ruim (LDL), reduzindo a formação de placas nas artérias e a inflamação sistêmica, que é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares", acrescenta Azevedo.
5. Diminui o estresse e ansiedade
Segundo um estudo do Journal of Proteome Research, o chocolate amargo tem efeito ansiolítico devido à presença de teobromina e flavonoides, compostos que ajudam a estimular a liberação de neurotransmissores, como a serotonina, conhecidos por promover sensação de bem-estar e relaxamento. Por isso, é um ótimo alimento para consumir à noite, cerca de três horas antes de se deitar.
6. Oferece benefícios para pacientes com diabetes
Uma pesquisa publicada no American Journal of Clinical Nutrition sugere ainda que os flavonoides presentes no chocolate amargo podem melhorar a sensibilidade à insulina, fator importante na regulação dos níveis de açúcar no sangue. "Isso se deve, em parte, à capacidade desses compostos de atuarem como antioxidantes, reduzindo o estresse oxidativo nas células, melhorando sua resposta à insulina", comenta a especialista.
Dessa maneira, os flavonoides ajudariam a manter os níveis de açúcar no sangue mais estáveis, contribuindo inclusive para reduzir o risco de diabetes tipo 2 em pessoas que sofrem com um quadro de resistência à insulina.
7. Melhora a imunidade
Uma revisão de artigos científicos publicada na Frontiers in Pharmacology indica que os flavonoides encontrados em alta concentração no chocolate amargo têm um papel fundamental na promoção do sistema imunológico. Esses compostos antioxidantes ajudam a minimizar o estresse oxidativo e a inflamação no corpo, reforçando as defesas naturais contra infecções e doenças.
Como consumir
O chocolate amargo possui teor de cacau 70% ou mais, garantindo uma maior concentração de antioxidantes e menos açúcar e gorduras adicionadas. "Ainda assim, o consumo precisa ser moderado e limitado a até 30 g por dia para adultos saudáveis (cerca de três quadradinhos); e até 20 g por dia para crianças maiores de 2 anos, para compor uma dieta equilibrada em calorias. Abaixo dessa idade, não é recomendada a ingestão de açúcar/adoçante", orienta a nutricionista.
O chocolate amargo costuma apresentar baixo a moderado índice glicêmico, podendo ser consumido puro ou de maneiras variadas: misturado ao iogurte, derretido sobre frutas ou em receitas saudáveis de bolos.
Ele é um alimento que pode ser consumido a qualquer hora, podendo ser uma saída para satisfazer a vontade de doces após as refeições de maneira saudável, ou mesmo cerca de três horas antes de dormir para induzir um sono tranquilo.
Riscos e contraindicações
Geralmente, os chocolates amargos têm o rótulo limpo e são veganos. Portanto, não trazem leite na composição, sendo uma opção perfeita para quem sofre com a intolerância à lactose e alergia ao leite. Mas é sempre bom conferir a lista de ingredientes na hora da compra e escolher versões adoçadas com açúcar demerara orgânico, de coco ou mascavo, que recebem menos aditivos químicos na produção.
Também certifique-se se o produto é livre de gordura hidrogenada e de aditivos químicos (corantes e aromatizantes artificiais, por exemplo), que são maléficos ao organismo e podem ser um gatilho para quadros alérgicos. A mesma atenção deve ser dada para ingredientes como castanhas ou amendoins no caso de pacientes com histórico de alergia a esses ingredientes.
Em caso de suspeita de um quadro alérgico, que incluem erupções cutâneas, problemas gastrointestinais, dores de cabeça e, em casos raros, reações mais graves, procure um pronto-atendimento.
Fonte: Luna Azevedo, nutricionista formada pela UFRJ (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), consultora do curso de pós-graduação em nutrição vegetariana funcional da VP Centro de Nutrição Funcional.