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Enjoo e mais sinais: infarto em mulheres nem sempre vem com dor no peito

Para sete em cada 10 mulheres, o infarto dá outras bandeiras: o enjoo forte é uma delas Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo*

01/04/2024 04h00

É mito que só está infartando quem sente uma dor fulminante no peito, de preferência acompanhada por formigamento no braço esquerdo. Esses sintomas até podem ser típicos para a maior parte dos homens, mas para as mulheres é diferente.

Apenas uma minoria delas tem, como queixa, essas queixas ao sofrer um infarto. Para sete em cada 10 mulheres, o infarto dá outras bandeiras: o enjoo forte é uma delas.

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O que acontece

Dores são frequentes, mas podem ser confundidas com um mau jeito habitual na coluna, uma indigestão ou até mesmo a sobrecarga física após um dia de trabalho.

A contração dolorosa dos músculos entre as omoplatas, próximo às escápulas, passa por mera tensão.

Por causa dos sintomas tão diferentes daqueles que a gente associaria a um infarto masculino, ele se mantém despercebido.

O tempo em que o infarto permanece ignorado, extrapolando o tempo ideal de duas horas para alguém ser socorrido e ter boas chances de se recuperar, costuma ser fatal.

Diferenças biológicas

Por fora, tirando o tamanho, o músculo cardíaco parece igual. No entanto, o modo como os hormônios afetam o endotélio, a camada interna dos vasos, é diferente.

O endotélio faz com que a angina — nome dado para a dor no peito durante um infarto, causada pela diminuição do fluxo de sangue no coração — seja disparada por pequenos vasos nos arredores da área afetada. Esses vasos, então, começam a sofrer uma série de microespasmos. É quando surge um mal-estar difuso, pouco compreendido.

Diferenças sociais

Especialistas defendem que a mulher não foi treinada para pensar no seu próprio coração, visto que até pouco tempo atrás o infarto era comumente associado a um acontecimento masculino.

No entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil o coração já mata mais mulheres acima dos 50 anos do que o câncer de mama e o de útero juntos.

Um quinto da população feminina brasileira corre risco de sofrer um infarto. A Organização Mundial de Saúde reforça: o coração é que mata 1/3 das mulheres ao redor do planeta.

Fatores hormonais e emocionais

Após a menopausa, a chance de uma mulher infartar é a mesma de um homem. Porém, no caso delas, o desprezo pelos sintomas simboliza 50% de mortes quando em comparação com os homens

Entre os fatores de risco, a depressão deve ser destacada. Afinal, ela leva a alterações no sono e à irritabilidade, fatores que desequilibram o ritmo cardíaco. O cortisol, por sua vez, altera o funcionamento do endotélio. O sangue tende, a partir daí, a formar mais coágulos.

Não é de hoje que a depressão é considerada um dos principais gatilhos de um infarto. E vale dizer que, segundo a OMS, os quadros depressivos são duas vezes mais frequentes em mulheres.

Fonte: Otavio Gebara, cardiologista pós-graduado na Harvard Medical School. Ex-coordenador da Diretriz de Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres, da Sociedade Brasileira de Cardiologia

*Com matéria publicada em 15/03/2018

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