Existe risco para pênis, vagina e ânus ao se entrar em rio, mar ou lagoa?
Marcelo Testoni
Colaboração para VivaBem
01/04/2024 04h05
Sim, riscos à saúde íntima de homens e mulheres que frequentam fontes de águas naturais (mares, rios, represas, lagos) existem, mas claro que isso vai depender de alguns fatores, como o estado clínico prévio, a qualidade da água, a presença de determinados parasitas locais e a higiene pessoal, inclusive das roupas de banho.
Com machucados, inflamações ou outros sintomas nas mucosas íntimas, o ideal é não entrar na água, para evitar de se contrair infecções ou agravar as condições. Lesões, por trauma, atrito, alergia podem facilitar a entrada de fungos, bactérias, vírus, sobretudo em locais com pouca higiene ou sem saneamento básico.
Para saber se a água está imprópria para banho, você pode observar alguns sinais, como sua cor, cheiro e transparência. Se ela estiver turva, escura, com espuma, ou mau odor, pode indicar contaminação por esgoto, lixo ou substâncias nocivas. A presença de bandeiras vermelhas ou placas também podem servir de alerta.
De simples alergia a risco de vida
Desconfie se após muito tempo na água, ainda mais por dias seguidos, surgirem sintomas como coceira, ardor, corrimento, dor, inflamação ou sangramento na região íntima, indícios de infecções. Genitais e ânus também podem sofrer com inchaço, vermelhidão, fissuras, secura e descamação, por assaduras e alergias.
Quando ocorre um desequilíbrio no microbioma íntimo, por excessos de calor e de umidade e queda de imunidade, o fungo Candida albicans pode se multiplicar rapidamente e causar candidíase, doença cujos sintomas incluem: coceira, corrimento branco ou esverdeado, feridas e ardor na vagina ou no pênis.
Outras doenças, transmitidas por fontes de água contaminadas, incluem hepatite A, micose, esquistossomose, febre tifoide, cólera, diarreias causadas por Escherichia coli e Salmonella, e leptospirose. "Essa última, uma doença infecciosa febril que ocorre após a exposição direta ou indireta à urina de ratos e pode matar", informa Moacir Jucá, infectologista da Rede D'Or, de Pernambuco.
"Vampiros" que penetram orifícios
Em relação a "ataques", peixes do tipo candiru, comuns da Amazônia, apresentam como comportamento característico a penetração de orifícios, como uretra, ânus e vagina. "Como são bem pequenos, de poucos centímetros, se entram no corpo, ficam presos, causam muita dor e só podem ser removidos por cirurgia", explica Alex Meller, urologista e professor na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Além do candiru, existem ainda parasitas de outras espécies que podem acessar os genitais e o ânus por meio da água. São exemplos alguns tipos de verminoses, como Enterobius vermicularis (oxiúros), que causa coceira anal intensa e nas mulheres inflamação da vulva (vulvovaginite), e Schistosoma, parasita que pode provocar diarreia, inchaço da barriga e migrar para órgãos como fígado e baço.
Fora sanguessugas e insetos aquáticos, que da uretra podem percorrer e se alojar na bexiga, causando fortes dores e complicações. Por isso, é importante tomar precauções ao nadar em rios ou em águas desconhecidas, evitar as que estejam contaminadas, manter a higiene pessoal e, com sintomas, consultar um médico.
Fora da água, tire logo a roupa de banho
Com sungas, maiôs e biquínis no corpo por muito tempo, os genitais e o ânus também ficam suscetíveis a problemas causados por microrganismos, sujeira, sal e produtos químicos. Portanto, retirá-los após sair da água ajuda a prevenir doenças e manter o conforto térmico e a higiene pessoal, lembra Solange Gomes, dermatologista da Clínica Ideal (SP).
Se não for possível trocar imediatamente as peças encharcadas por outras, vale tomar uma ducha prévia, ou se secar com uma toalha limpa, principalmente as áreas de dobras, até tomar um banho de verdade, acrescenta o urologista Alex Meller. Os trajes que foram utilizados devem ser lavados à mão com sabão de coco ou neutro, pois apenas a água corrente não é o suficiente para a limpeza.
Acessórios de se sentar como esteiras, cangas e cadeiras também não devem ser guardados sujos e, na falta deles, não é indicado se sentar diretamente sobre praias de rios ou mares. "Por conta do risco de se pegar bicho geográfico, que faz um caminho avermelhado linear na pele, causando muita coceira", adverte Gomes. As larvas do parasita podem penetrar pés, mãos, nádegas e até genitais.