Como saber se a dor no peito é um ataque cardíaco, ansiedade ou pânico?
Do VivaBem, em São Paulo*
03/04/2024 04h00
Em um dia ruim, uma forte dor no peito e até nos braços pode aparecer e nos deixar em estado de alerta, tentando entender o que está acontecendo em nosso corpo. No susto, podemos cogitar um ataque cardíaco e correr para o pronto-socorro.
É sempre melhor prevenir, mas muitas vezes confundimos os sintomas e um ataque de pânico ou de ansiedade podem parecer um infarto.
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Segundo dados do Hospital do Coração, nos Estados Unidos, anualmente cinco milhões de pessoas vão ao pronto-socorro com queixas sugestivas de doenças no coração, mas só 500 mil delas realmente têm algo.
Para evitar confusões e tentar manter a calma, veja a seguir o que pode ser a dor no peito, as diferenças entre ataque de pânico e ataque cardíaco e os sintomas de ansiedade ou de um infarto.
Quais os sintomas de um ataque cardíaco?
Você sabe o que é um infarto? O ataque cardíaco acontece quando as artérias que irrigam o coração sofrem algum problema, como o entupimento, e são impedidas de levar sangue até o músculo, que começa a morrer.
O sintoma mais clássico? Dor opressiva na região do tórax. Você sente uma pressão muito forte no peito e é comum sentir os reflexos da dor nos ombros, nos braços, queixo e até no abdômen. Mas cuidado: entre as mulheres, o mais comum é sentir enjoo (leia mais aqui)
Quem infarta também pode suar frio e ter falta de ar.
É possível ter dores por cerca de 20 minutos, o que mostra que as artérias realmente estão com problemas e você está de fato tendo um ataque.
Porém, também é possível ter dores por quatro minutos, que evidenciam que as artérias não entupiram por completo, mas já estão dando sinais de falhas.
E fique esperto, nem sempre uma dor aguda é sinônimo de infarto. Médicos afirmam que muitas vezes órgãos que ficam entre o umbigo e o pescoço podem causar reações fortes e parecer um ataque cardíaco, como o estômago com gastrite forte, o esôfago com refluxo ou o pâncreas com pancreatite.
Pode existir confusão, mas só o ataque cardíaco é conhecido por trazer a sensação de pressão no peito, que pode chegar até as costas.
Afinal, qual a diferença entre ataque de pânico e ataque cardíaco?
Imagina estar trabalhando e de uma hora para a outra sentir palpitação, dor no peito, formigamento nos braços, boca e rosto, além de vontade de sair correndo. Claramente é assustador e podem ser sintoma de um ataque de pânico.
No ataque, os sintomas físicos aparecem subitamente e fazem com que a pessoa imagine desfechos catastróficos de outras doenças (como achar que estão infartando).
A crise pode durar meia hora, mas na maioria dos casos leva cinco minutos.
As dores são concentradas no peito, tórax e pescoço, e não trazem a pressão da dor do infarto, mas podem vir com outros sintomas como falta de ar, suor, tontura, ânsia de vômito e dor de cabeça.
Apesar da dor no peito, isso não quer dizer que o paciente tenha problemas no coração, muitas vezes o problema é por uma desregulação nos circuitos cerebrais que preparam o corpo para algo ruim (acelera o coração, por exemplo), mesmo que este "algo ruim" não seja algo que realmente esteja acontecendo.
E é bom deixar claro que ataque de pânico não é sinônimo de ataque de ansiedade.
O pânico vem sem dar aviso e é uma resposta corporal. Já a ansiedade, você sabe como é: aquela pulga atrás da orelha com um projeto do trabalho, uma briga mal resolvida com o parceiro, uma conta que não sabe como vai pagar.
Na ansiedade o pensamento vem antes dos sintomas físicos, mas se eles estiverem muito constantes na sua cabeça podem desencadear crises como falta de ar, palpitação e tremor do corpo.
Como diagnosticar um ataque cardíaco? E um ataque de pânico?
Vá ao médico. Se você estiver com dor forte no peito e nos braços vá ao pronto-socorro por garantia.
Leve em consideração a frequência e força da dor, além do quadro de saúde: sua idade, se é fumante, se tem alguém histórico familiar ou doenças como diabetes e hipertensão, que aumentam as chances de um problema no coração.
O médico deve pedir um eletrocardiograma para ver a saúde do coração e pode fazer exames de sangue que provam se as células do coração estão morrendo. Descartando problemas cardíacos, é importante investigar o quadro.
Ataques de pânico podem ser um efeito isolado de uma situação crítica, mas podem se tornar recorrentes e desencadear transtorno do pânico. A doença é tratada com remédios ou terapia, dependendo da gravidade.
Nos momentos de crise de pânico, uma dica valiosa é ter alguém por perto para ajudar a acalmar o paciente. Uma vez que a pessoa sabe que tem crises e não está infartando, você pode segurar a mão dela, pedir que respire fundo, dar água e gentilmente mostrar que os minutos estão passando e que a crise deve terminar em breve.
Com o apoio, consciência e foco, o paciente tende a baixar os níveis de adrenalina e recuperar o controle corporal.
Fontes: Antonio Pesaro, cardiologista do hospital Albert Einstein, em São Paulo;Diego Tavares, psiquiatra e pesquisador do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo); e Leopoldo Piegas, cardiologia do Hospital do Coração, em São Paulo
*Com matéria publicada em 07/07/2022