O.J. Simpson morre de câncer de próstata; doença costuma ser silenciosa
O ex-jogador de futebol americano e ex-ator O.J. Simpson morreu na quarta-feira (10) aos 76 anos. Desde fevereiro, ele travava um câncer de próstata.
O.J. Simpson é conhecido também por protagonizar o "julgamento do século" em 1994, após ser acusado de assassinar a ex-mulher, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ronald Goldman. Ele foi julgado e absolvido.
O ex-jogador de futebol americano foi diagnosticado com o câncer considerado o mais comum entre os homens.
De acordo com um novo estudo publicado pela revista The Lancet, desenvolvida com o apoio do Instituto de Pesquisa sobre Câncer do Reino Unido, os registros de novos casos da doença devem saltar de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões até 2040. No mesmo período, pesquisadores projetam alta de 85% das mortes pela doença, que vão se aproximar de 700 mil ocorrências por ano.
No Brasil, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que o país terá 71.730 novos casos da doença entre 2023 e 2025. O câncer de próstata é o terceiro mais incidente no país (perdendo apenas para o câncer de pele do tipo não melanoma e o câncer de mama).
Para que serve a próstata?
A próstata é uma glândula do corpo masculino que está localizada entre o reto e a bexiga e tem como principal função produzir o fluído prostático, que faz parte da composição do sêmen e ajuda a proteger os espermatozoides.
O principal fator de risco para a doença é a idade (acima dos 50 anos); no entanto, homens com histórico familiar da doença e indivíduos negros têm mais risco de desenvolver esse tipo de câncer.
Além de o início do câncer não dar sinais de existência na maioria dos casos, a falta de hábito e até o preconceito que homens têm em cuidar da própria saúde muitas vezes acabam prejudicando a prevenção da doença.
Além da resistência que muitos têm em se colocar numa posição vulnerável ao buscar ajuda médica, ainda há o estigma por trás de um dos exames clínicos feitos para detectar possíveis alterações na próstata: o toque retal, procedimento em que o médico insere o dedo indicador no ânus do paciente para apalpar a glândula e conseguir sentir eventuais nódulos.
Quais os sintomas do câncer de próstata?
Os sintomas iniciais do câncer de próstata não costumam ser perceptíveis.
No entanto, quando a doença já está em estágio mais avançado, aí sim, é possível notar alguns sintomas locais, já que a presença do câncer influencia no tamanho da glândula e causa problemas principalmente na hora de urinar.
Os sintomas mais comuns do câncer de próstata são:
Dificuldade para urinar (demorar para começar e terminar);
Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou a noite;
Diminuição ou alteração no jato de urina;
Dor ou ardor ao urinar;
Presença de sangue na urina ou no sêmen;
Dor ao ejacular;
Alteração nas fezes (pois o tumor pode pressionar o intestino)
Mas, vale ressaltar: próstata aumentada nem sempre é câncer. A partir dos 50 anos, é bastante comum que os homens tenham uma condição chamada de hiperplasia prostática benigna —um aumento da próstata que também pode dificultar a saída da urina.
Fatores de risco
Idade: tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam de forma significativa após os 50 anos. No Brasil, nove em cada dez pacientes diagnosticados têm mais de 55 anos;
História familiar: quando um indivíduo tem pai ou irmão que foi diagnosticado antes dos 60 anos, o risco é de três a dez vezes maior que na população geral;
Estilo de vida: há evidências de que homens com sobrepeso ou obesidade têm risco maior. Também há alguns indícios de que o excesso de alimentos gordurosos de origem animal, como carne vermelha e laticínios, possam interferir na propensão, o que ainda tem sido estudado;
Genes: o urologista Franz Campos diz que vários estudos têm sido feitos para identificar alterações genéticas hereditárias envolvidas no câncer de próstata, assim como acontece com o de mama. Mas essa causa seria pouco comum —a maior parte seria deflagrada por mutações adquiridas ao longo da vida;
Tabagismo: o hábito parece elevar o risco de morte por câncer de próstata;
Outros: existem diversos estudos em andamento para avaliar a influência de outros fatores, como a exposição à combustão tóxica, bem como inflamações e infecções sexualmente transmissíveis (IST), como gonorreia ou clamídia.
Como é feito o diagnóstico e a prevenção?
Os principais exames que indicam uma suspeita do câncer de próstata são o PSA (dosagem do antígeno prostático específico, em inglês), realizado a partir de uma amostra de sangue; e o toque retal, feito em consultório pelo urologista para detectar qualquer alteração ou nódulos na próstata.
Vale ressaltar que o exame de toque é um procedimento muito rápido (não dura um minuto), com o médico utilizando luva e lubrificante, e não causa dor nem complicações.
Se houver alguma alteração suspeita, aí então o especialista pode pedir a biópsia —retirada de uma amostra de tecido da glândula para análise em laboratório. Só a partir do resultado dessa análise é que o diagnóstico de câncer pode ser confirmado.
Nem sempre a biópsia será pedida, mas os outros exames devem ser feitos de forma periódica como forma de rastreio da doença.
De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), os homens devem começar a realizar exames de rastreio aos 50 anos. No entanto, homens com histórico da doença na família devem começar antes, aos 45 anos, pelo maior risco de desenvolver a doença.
Quais os tratamentos para o câncer de próstata?
Felizmente, as opções de tratamento para o câncer de próstata avançaram muito nos últimos anos — em especial as cirurgias, que agora são feitas com a ajuda de robôs; e as chamadas terapias-alvo, com medicamentos que combatem especificamente as células tumorais.
No entanto, para determinar o melhor tratamento, é preciso analisar a idade do paciente, seu estado geral de saúde, a extensão do tumor e se houve ou não metástase (o espalhamento da doença para outros órgãos).
Se isso não for possível, as opções passam pela remoção cirúrgica do tumor, aplicação de radioterapia e da hormonioterapia, com medicamentos orais para bloquear a produção de testosterona.
É possível, ainda, associar duas ou mais técnicas para aumentar as chances de sucesso do tratamento. Em último caso, quando o paciente não responde aos tratamentos ou está em metástase, é possível também usar a quimioterapia, sozinha ou combinada a outras terapias.
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