O que acontece no seu corpo quando você toma colágeno

Quem está atento às dicas de beleza certamente já ouviu falar do colágeno, a proteína mais abundante do nosso organismo e que se concentra em vários tecidos como pele, ossos, ligamentos, tendões e cartilagens.

Constituído por três aminoácidos —uma combinação de glicina, prolina e hidroxiprolina—, ele deve a sua fama aos potenciais efeitos estéticos, maior hidratação, elasticidade, firmeza, redução de linhas de expressão e rugas da pele, além de benefícios para as articulações.

Existem 28 tipos de colágeno: o 1 e o 3 são os mais abundantes na pele, dentes, ossos, tendões e ligamentos.

O mais buscado é o tipo 1, associado à estética.

O 2 representa 90% do colágeno das cartilagens e se relaciona à dor articular.

Já o 3 associa-se à cicatrização, compõe músculos e vasos sanguíneos.

Será que preciso suplementar?

Todo mundo precisa de colágeno para manter a saúde da pele, das articulações e a elasticidade da musculatura do intestino, por exemplo. Para garantir a produção dessa grande proteína, precisamos de "pedacinhos" dela, os aminoácidos animais e vegetais.

A adoção de regimes alimentares equilibrados garantem nossas necessidades. Assim, o ideal é que eles sejam obtidos por meio de fontes naturais, como a carne, frango, ovos, etc., bem como o grão-de-bico, a ervilha e lentilha, feijões, alimentos ricos em vitamina C e zinco (oleoginosas, como as castanhas), além de verduras folhosas.

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Para garantir o consumo suficiente de aminoácidos para a construção do colágeno, basta incluir proteínas animais ou vegetais em todas as suas refeições.

Caldos à base de ossos e o próprio tutano são ricas fontes de aminoácidos, mas não adianta consumi-los uma vez por semana.

Os especialistas consultados esclarecem que, caso você tenha interesse nesse tipo de suplementação, a consulta com um profissional da área da saúde pode avaliar seus objetivos e suas reais necessidades, esclarecer dúvidas e ainda garantir a supervisão do eventual consumo.

Esses profissionais podem ser médicos (dermatologista, ortopedista, reumatologista, etc.) ou nutricionistas.

Como o suplemento funciona

Quando ingerido pela via oral, não há produção de colágeno extracelular, isto é, a suplementação oferece nutrição para uma célula especializada na produção de colágeno.

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Como isso acontece? Cada célula funciona como uma pequena cidade, que possui uma fábrica de produção de ácido hialurônico, fibra de colágeno, etc., mas dentro da célula. Para que a fábrica funcione, o corpo tem de estar bem nutrido e saudável.

A célula fibroblasto, por exemplo, vai produzir colágeno específico para cada região do corpo (na pele, dentro da articulação, etc.).

Isso significa que, ao ser consumido, o suplemento não vai direto para a pele, articulações ou tendões. Ele é absorvido, cai na corrente sanguínea, os peptídeos chegam até as células que, enfim, poderão trabalhar com essa matéria-prima.

Efeitos no seu corpo

Muitas pesquisas científicas têm avaliado o potencial benefício da suplementação por via oral de colágeno para melhorar a força muscular e a saúde das articulações.

No entanto, as evidências hoje disponíveis são conflitantes. Algumas sugerem que a medida é benéfica, outras que ela é —possivelmente, ineficaz. O que explica esses resultados é que, no momento, faltam mais e maiores estudos.

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Isso não significa que ele não funcione, mas que ainda não há um consenso entre os especialistas e, assim, ele é visto como uma opção complementar.

Efeitos na sua pele

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Imagem: iStock

Como o colágeno colabora para melhorar a hidratação, a elasticidade e o viço da pele —especialmente entre pessoas maduras, este é considerado o seu mais promissor benefício. Mas atenção:

A medida pode até ajudar a reduzir as rugas, mas ainda não foi totalmente esclarecido se essa mudança é perceptível.

Ele não beneficia pessoas com peles flácidas e de contornos mal definidos. Essas características impedem que ocorra uma resposta ao estímulo de colágeno, provavelmente porque o problema é na estrutura da face.

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O mesmo acontece quando há perda óssea, ou seja, alterações nas estruturas profundas do rosto, flacidez corporal, inclusive no abdome e nas nádegas.

Por dentro do suplemento

Ele é extraído de subprodutos de carnes, como ossos, cartilagens, couro de bovinos, porcos, galinhas, peixes, etc. Podem passar por processos de hidrólise [quebra de moléculas] para obtenção de peptídeos (pequenas partículas, o mesmo que aminoácidos) com efeitos bioativos, ou seja, elas são capazes de agir em nosso organismo.

O suplemento não é colágeno puro, mas é composto por aminoácidos que dão uma força para as células, no caso da pele, os fibroblastos, produzirem seu próprio colágeno.

A maioria dos produtos disponíveis é de origem animal, mas já existem opções vegetarianas à base de precursores de colágeno (leguminosas, oleoginosas, vitamina C, etc.).

Peptídeos de origem animal agem de forma mais eficaz, dadas as suas características.

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Eles podem ser encontrados em cápsulas ou pó, e em cosméticos para uso tópico.

O tipo de colágeno e a apresentação mais adequada dependerão das necessidades individuais, dos objetivos buscados e da dosagem necessária.

Hidrolisado, o mais consumido

Ele é também o mais estudado entre os cientistas e é considerado a melhor apresentação. Isso porque se trata de uma molécula menor e, portanto, tem maior poder de absorção.

Geralmente esse produto é associado à vitamina C.

A explicação para isso é que a produção do colágeno é dependente de adequado consumo dessa vitamina.

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Os especialistas sugerem que se for o caso de suplementar, que se dê preferência a produtos sem açúcar, sem corantes e sem sabor —porque são mais seguros para o uso.

Situações especiais

A literatura especializada esclarece que alguns indivíduos podem necessitar de complementação do consumo de aminoácidos quando estiverem presentes condições específicas que facilitam a perda do colágeno. Confira:

  • Deficiências nutricionais
  • Exposição excessiva ao sol
  • Radiação infravermelha
  • Poluição do ar
  • Atividade física intensa
  • Alterações naturais decorrentes ao envelhecimento

Contraindicações

De modo geral, a suplementação de colágeno é considerada segura quando é utilizada de forma adequada e após a avaliação de um profissional da saúde, e até agora não se conhecem efeitos colaterais.

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Entretanto, a suplementação não é para todos. Veja quem precisa ficar atento e deve evitar a autosuplementação:

  • Pessoas com enfermidades digestivas
  • Pacientes que sofreram cirurgias bariátricas
  • Indivíduos com doença renal crônica
  • Gestantes
  • Lactantes
  • Pessoas com tendência a alergias

Dicas para manter a pele saudável

Enquanto os cientistas seguem observando e avaliando os efeitos de se consumir colágeno para a saúde da pele, o conselho dos especialistas é investir nas seguintes práticas:

Mudanças positivas no estilo de vida podem melhorar a produção de colágeno.

Mantenha-se hidratado.

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Modere a exposição ao sol usando protetor solar, e prefira expor-se por 10 a 20 minutos no sol do meio dia, 3 a 4 vezes por semana.

Garanta dormir o sono da beleza (7 a 9 horas por noite).

Evite o tabaco. A cessação do tabagismo é mais importante que a suplementação.

Controle os níveis de estresse adotando técnicas de relaxamento. O cortisol afeta negativamente a produção do colágeno.

Fontes: Monique de Paula Sobrinho, nutricionista pediátrica com formação na Faculdade de Saúde Pública da USP, atua na Clínica Mãe Canguru (SP); Valeria Zanela Franzon, médica dermatologista e professora da Escola de Medicina e Ciências da Vida da PUC-PR; e Vitória Hana Müller Mottin, farmacêutica, professora e pesquisadora da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), no Rio Grande do Sul, dos cursos de graduação em farmácia, biomedicina e estética e cosmética; é ainda pesquisadora na área de nanotecnologia e cosmetologia. Revisão técnica: Valeria Zanela Franzon.

Referências: Wu M, Cronin K, Crane JS. Biochemistry, Collagen Synthesis. [Atual 2023 Sep 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507709/.

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