Sono ruim por anos pode causar danos ao cérebro, como perda de memória?
Sim, o sono insuficiente de forma crônica pode atrapalhar o cérebro e o corpo de forma geral. Mas não é apenas a perda de memória a consequência de não dormir direito. Existem outros problemas que podem surgir, como:
falta de atenção e problemas no aprendizado;
aumento da impulsividade;
maior agressividade;
sonolência excessiva durante o dia;
enxaqueca, entre outros.
Além disso, a longo prazo, o sono ruim também pode levar ao maior risco de desenvolvimento de AVC (acidente vascular cerebral), diabetes, hipertensão e de demências como o Alzheimer.
Por isso, em caso de problemas de sono persistentes, é sempre válida a avaliação de um especialista. Os profissionais capacitados para cuidar de problemas do tipo são neurologista, psiquiatra e o próprio médico do sono.
Relação do sono com cérebro
O sono é parte do funcionamento normal do cérebro e há teorias de que seria o momento durante o qual "limpamos as toxinas" produzidas pelas células cerebrais durante o período que passamos acordados.
Sem um sono adequado, é possível que essas toxinas, ao longo de muitos anos, deflagrem processos que levam ao surgimento das doenças mencionadas.
Por outro lado, ao garantir noites de sono adequadas, o mais provável é que haja uma melhora nos sintomas de cansaço, sonolência diurna, falta de concentração e nos sinais de mau humor ou ansiedade. E quanto antes ajustarmos o sono, menor o risco de desenvolver demências e outras complicações no futuro.
Como melhorar sono
Além de buscar ajuda médica, existem algumas ações que podem ser feitas no dia a dia a fim de tentar melhorar a qualidade do sono. É a chamada higiene do sono, que envolve atitudes como:
manter o quarto com pouca ou nenhuma luminosidade;
deixar o local silencioso ou com ruídos neutros (som de ar-condicionado ou ventilador, som de chuva etc);
manter uma temperatura agradável no ambiente;
evitar o uso de celular e não assistir à TV no quarto;
não cochilar demais durante o dia;
evitar o consumo de café, chás com cafeína, refrigerantes ou energéticos após as 16 horas (às vezes até mais cedo, a depender da sensibilidade da pessoa);
praticar exercícios físicos regulares.
É importante ressaltar que, mesmo sabendo a importância de noites bem dormidas e realizando as orientações citadas, algumas pessoas ainda assim apresentam problemas para dormir (seja muito sono ou pouco sono). Isso pode decorrer de problemas de saúde ainda não diagnosticados, como apneia obstrutiva do sono, insônia crônica, depressão, transtorno de ansiedade, síndrome das pernas inquietas ou narcolepsia. Por isso é importante buscar ajuda de um especialista.
Fontes: Glauber Ferreira, médico neurologista do HGF (Hospital Geral de Fortaleza); Isadora Veloso Saraiva Ferraz, médica otorrinolaringologista e especialista em medicina do sono do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), vinculado a Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); João Gabriel Mansano, médico neurologista do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e no NuMA (Núcleo de Medicina Afetiva), em São Paulo; Mônica Andersen, diretora de ensino e pesquisa do Instituto do Sono, em São Paulo, ligado ao grupo AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa).
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