Por que tomamos choque ao encostar em algumas pessoas de vez em quando?
Enquanto algumas descargas elétricas podem matar, outras são até inofensivas, mas podem surpreender, como quando tomamos ou damos choque apenas por encostar em alguma coisa ou em alguém.
Contudo, se você não for a Tempestade, ou o Thor, heróis do universo Marvel, lamentamos informar que não se trata de algum superpoder eletrizante.
"A sensação de choque ao tocar em outras pessoas ou objetos pode ocorrer devido ao acúmulo de eletricidade estática", esclarece Nicolly Machado, especialista em dermatologia pelo Cemepe (Centro de Medicina Especializada Ensino e Pesquisa), de Belo Horizonte.
Se você acumulou elétrons, ao tocar em alguém menos carregado, a energia pode saltar do seu corpo para o do outro.
Os elétrons transferidos permanecerão nesse indivíduo até que ele entre em contato com algum objeto ou corpo eletricamente neutro, sem carga. A energia então é liberada e o equilíbrio volta a ser restaurado.
Fenômeno é comum quando há secura
Com menos vapor d'água (umidade) no ar, não há condução eficiente da carga elétrica para longe do corpo. Ou seja, ficamos mais carregados, e quanto maior a carga, mais fácil é tomar ou dar um choque.
Além disso, quando a pele está seca, sua resistência à eletricidade diminui em comparação a quando ela está oleosa.
"Tecidos sintéticos, como náilon e poliéster, assim como lã, podem causar sensações de choque devido à fricção com a pele seca. São materiais isolantes, que contribuem para o acúmulo de eletricidade estática", explica Jader Sobral, dermatologista e professor do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa).
Como resultado do atrito com esses tecidos, é possível ter ainda efeitos como arrepios, estalos na pele e até soltar pequenas faíscas.
Nas pontas dos fios, o campo elétrico também é mais intenso e pode ser ativado com a fricção dos cabelos, por exemplo, contra travesseiros ou mesmo com o ato de escovar forte.
Como evitar acúmulos e desconfortos?
Metais como cobre, alumínio e ferro são excelentes condutores de eletricidade. Ao tocá-los, a carga elétrica acumulada flui rapidamente. Mas geralmente quem toca em torneira, corrimão ou maçaneta faz isso sem saber e se assusta com os elétrons passando do corpo em alta velocidade; dá para sentir seu movimento.
Esse choque é pequeno, de curta duração e não prejudicial. Porém, se você não quiser liberar energia estática, o jeito é tentar não a acumular.
A dermatologista Nicolly indica algumas medidas, como aumentar a umidade do corpo, beber água regularmente e usar umidificador nos ambientes secos, para manter a hidratação.
"Produtos (loções e cremes) com vitamina E, ceramidas e ácido hialurônico podem ajudar a diminuir o atrito e o acúmulo de eletricidade estática, pois protegem e reforçam a barreira cutânea. Evitar tecidos sintéticos e optar por roupas de algodão ou seda também", acrescenta a médica.
Já para os cabelos, Gustavo Martins, médico pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria-RS) e dermatologista atuante em tricologia, recomenda xampu e condicionador com pH neutro, sem sal, e aplicação de sérum para amaciá-los.
"Ressecados ficam mais propensos a ter condução eletrostática e frizz, arrepios".
Considere como recursos complementares:
Finalizar a lavagem do cabelo com jato de água fria, que reduz a eletricidade estática nos fios. Pentes ou escovas de metal também ajudam a dissipar a carga,
Evitar caminhar com solas de borracha sobre superfícies de tecido (tapetes e carpetes de lã e sintéticos), para não acumular e reter energia estática no corpo,
Quando você toca ou está usando um material isolante carregado, a carga elétrica não pode se dissipar facilmente. Se você tocar um objeto ou corpo condutor (como uma maçaneta de metal), essa carga acumulada no material isolante pode ser transferida subitamente, causando uma descarga perceptível, pouco dolorida.
Preferir calçados com sola de couro e que são melhores condutores,
Ter plantas em casa e em outros ambientes internos para elevar a umidade,
Aplicar sprays antiestáticos. Disponíveis no mercado, eles podem ser usados em tecidos e superfícies para minimizar a aderência de poeira e a secura, evitando choques em ambientes internos.
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