Congelou comida que sobrou? Veja em quanto tempo você deve consumir
Marcelo Testoni
Colaboração para o VivaBem
03/05/2024 04h00
Com a rotina agitada que enfrentamos, ter comida caseira já congelada proporciona praticidade e ganho de tempo. Além disso, é econômico e mais saudável, pois evita que você faça de última hora um pedido por delivery, ou recorra a alimentos industrializados prontos ou que são preparados em minutos.
Mas aí vem a pergunta: por quanto tempo dá para armazenar comida congelada?
"Em geral, comida caseira pode ser armazenada congelada por até três meses. Mas varia segundo o alimento e a maneira como ele foi preparado", informa Renata Branco, nutricionista pós-graduada pela Santa Casa de São Paulo e da Clínica HE (RJ).
Carne assada ou bifes crus, por exemplo, podem durar no freezer por seis meses. Vegetais refogados, até mais de oito a 12 meses sem perder sabor e textura.
O que congelar: massas (panqueca pronta, macarrão, pizza), sopas e caldos, purês, legumes cozidos ou escaldados (abobrinha, berinjela, chuchu, cenoura), ervas (cebolinha, salsinha, manjericão), arroz, leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha), carnes, peixes, frutas cruas (morango, maracujá, manga) e cozidas (maçã, abacaxi, pera), pães.
O que não congelar: molhos à base de farinha, amido, maionese (os ingredientes se separam e podem coagular e perder cremosidade), laticínios (iogurte, queijo minas e coalho soltam muita água), ovos (o cru racha, o cozido amolece), pudim (perde a estrutura depois), gelatina (vira gelo e, ao descongelar, líquido), frituras (perdem crocância), saladas (murcham).
Armazenagem correta evita problemas
Congelar e armazenar comida caseira corretamente é fundamental para manter a qualidade e a segurança dos alimentos e evitar desperdícios. Para não ter estragos e preservar os nutrientes, o congelador precisa estar a -18°C.
Nada de pote de sorvete. Apesar de reutilizar potes ser uma tradição na hora de congelar alimentos que sobraram, é preferível armazenar as sobras em recipientes de vidro ou sacos plásticos com fechamento hermético. Esse sistema de vedação impede que o ar entre e saia, mantendo os alimentos frescos.
É importante ainda utilizar nos recipientes etiquetas com identificação do que há dentro (se o conteúdo é arroz, feijão etc.) e sua data de congelação, para facilitar o controle. Além disso, comida recém-preparada, que ainda está quente, deve ser resfriada à temperatura ambiente, por curto período, antes de ir para o congelador.
"Do contrário, favorece a formação de muitos cristais de gelo, já que a umidade e o calor estão aumentados na comida, deixando-a com textura indesejável quando descongelada. O risco de contágio também aumenta, pois o processo para congelamento demora mais do que se estivesse frio", esclarece Andrea Ferrara, nutricionista pós-graduada pelo Hospital das Clínicas da USP e da Clínica Bottura.
Como descongelar?
Fora do congelador, o alimento deve ser mantido entre 0 e 10ºC, para que o gelo incrustado nele derreta gradualmente, em condições de refrigeração.
Ao retirá-lo do congelador, coloque-o na prateleira superior da geladeira, se for para consumo imediato. Vivian Silva do Nascimento, nutricionista do Hospital Aliança, da Rede D'Or, em Salvador
Outra saída, sobretudo quando se tem pressa, é levar a comida congelada para o micro-ondas, acrescenta Nascimento. Ela deve ser aquecida em potência baixa, com a função do tipo de alimento selecionada. Em alguns casos, pequenas porções podem ir direto para a panela, sem necessidade de um descongelamento prévio.
Não descongele na pia. O desgelo forma água, que, em temperatura ambiente, cria um ambiente favorável à proliferação microbiana. "Se essa água escorrer ou respingar em alimentos prontos ou utensílios em uso, ocorre ainda contaminação cruzada. É possível ter intoxicação, salmonelose, hepatite A, toxoplasmose", adverte Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista e professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Descongelado totalmente, o alimento não deve voltar ao congelador, porque perde suculência, muda de composição e pode já estar perto de vencer, passado, contaminado ou pouco nutritivo. Agora, se estiver dentro da validade e parcialmente descongelado, com muito mais presença de cristais de gelo nele, pode voltar para o freezer com segurança, afirma a nutricionista Andrea Ferrara.