Por que não fica de cama? Influencer está sob cuidados paliativos; entenda
De VivaBem*, em São Paulo
03/05/2024 10h42
No final de abril, Isabel Veloso, 17, publicou em suas redes sociais que teve uma ameaça de infarto. Devido a um câncer agressivo diagnosticado há dois anos, ela segue sob cuidados paliativos.
Nesta quinta-feira (2), ela participou de um bate-papo no Instagram em que internautas voltaram a duvidar do estado de saúde dela.
"Queria entender como que a pessoa sente dores, fica sem dormir e ainda tem energia pra dar entrevista na internet toda sorridente", comentou uma pessoa.
Diferente do que se imagina, ser encaminhada para cuidados paliativos não significa ficar de cama o tempo todo. A conduta oferece qualidade de vida e alívio do sofrimento, e a pessoa pode ter uma rotina ativa conforme as possibilidades.
Profissionais paliativistas atuam a partir da individualidade de cada pessoa atendida, colocando-a como protagonista do processo, com um olhar que vai além da doença.
Princípios dos cuidados paliativos
- Promover o alívio da dor e de outros sintomas;
- Não acelerar nem adiar a morte;
- Oferecer suporte para que o paciente viva tão ativamente quanto possível;
- Ser iniciado o quanto antes, junto de outras medidas para prolongar a vida;
- Afirmar a vida e considerar a morte como um processo natural;
- Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
- Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso de vida;
- Auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto.
No dia 22 de abril, Isabel realizou o sonho de se casar com Lucas Borbas em uma cerimônia ao ar livre, quase uma semana após formalizar a união no civil.
"Não é porque sou uma paciente terminal que preciso estar em uma cama o tempo todo", disse a jovem em entrevista a VivaBem. "Os cuidados paliativos envolvem trazer uma qualidade de vida melhor."
Uma equipe de cuidados paliativos promove intervenções específicas para aliviar o sofrimento físico e permitir que a vida siga seu curso natural. E, assim, a pessoa tenha uma "boa morte" (kalotanásia).
"Prolongar uma vida é maravilhoso, desde que seja com qualidade. Qualquer procedimento deve ser comprovado cientificamente e ter concordância do paciente e de seus familiares", diz o paliativista Douglas Crispim.
Quem é Isabel Veloso
A jovem de 17 anos foi diagnosticada com um câncer agressivo aos 15 anos, um linfoma de Hodgkin.
Depois de tentar diversos tipos de tratamentos —quimioterapia, transplante e medicações—, ela conversou com médicos e, juntos, seguiram para os cuidados paliativos.
No TikTok, ela encontrou um espaço para desabafar, "como uma fuga", e foi ganhando público.
Embora receba mensagens de pessoas que duvidam da condição ou acham que ela desistiu da vida, Isabel viu um retorno de gratidão de quem passou a enxergar a vida de outra maneira a partir dos relatos dela.
*Com informações de reportagem publicada em 01/04/2021.